O bispo de Malta, Charles Scicluna, convidou todos, incluindo bispos a assistir a este filme
![]() |
Propaganda do filme Spotlight |
O filme “Spotlight”, vencedor do Oscar de Melhor Filme, que aborda a
questão da pedofilia na Igreja, foi definido pelo jornal do Vaticano,
L’Osservatore Romano, “não como um filme anti-católico”, mas positivo,
porque tem confiança de que o Papa Francisco derrotará este flagelo.
Assim indicou a editorialista do jornal da Santa Sé, Lucetta
Scaraffia, em um artigo na edição de hoje, comentando o Óscar de
Hollywood e o pedido feito ao Papa Francisco por Michael Sugar, produtor
do filme. Ao receber o prémio, Sugar disse: “Papa Francisco, é hora de
proteger as crianças e restaurar a nossa fé”.
Entre outras vozes destacou-se a do bispo de Malta, Charles Scicluna,
que “convidou a todos, também os bispos, a verem este filme”. Enquanto
que da Comissão Pontifícia de protecção aos menores chegou o “apreço por
este filme, e claramente pela mensagem que transmite”.
“Spotlight” fala do que aconteceu em 2002 no jornal The Boston Globe
ao revelar os casos de pederastia na Igreja católica, e o encobrimento
sistemático dos abusos sexuais cometidos por quase uma centena de padres
nos Estados Unidos. O facto de que as acusações se tornaram públicas
levou muitas pessoas a falar permitindo assim que se conhecesse a
magnitude do fenómeno e a entender que não se tratava somente de casos
isolados.
“O facto de que na cerimónia dos Óscar tenha-se feito um chamamento ao
papa Francisco para que combata este flagelo deve ser visto como um
sinal positivo”, destacou a editorialista do L’Osservatore Romano,
embora reconhecendo que “dentro da Igreja há muitas pessoas que estão
mais preocupadas pela imagem da instituição do que pela gravidade do
acto”.
Em vez disso, acrescentou, “nada pode justificar a grave falta
cometida pela pessoa que representa a Deus e que usa a sua autoridade
para abusar de um inocente. Tudo isso está bem contado no filme”.
Motivos pelos quais não é possível dizer que se trate “de um filme
anti-católico”, disse.
“Há confiança em um Papa que continua a limpeza iniciada por seu
antecessor desde que era cardeal”, disse Scaraffia. Embora também
lamentou que não se mencione no filme “a longa e difícil luta” realizada
pelo cardeal Joseph Ratzinger quando era prefeito da Congregação para a
Doutrina da Fé, e, como Bento XVI.
O Papa Francisco exigiu e colocou em funcionamento medidas para que
este flagelo seja erradicado da Igreja. No voo de volta do México, o
Santo Padre reiterou: “A pedofilia é uma monstruosidade porque um
sacerdote foi consagrado para levar uma criança a Deus e depois a come
em um sacrifício diabólico. A destrói”. E disse que “um bispo que muda
um sacerdote de paróquia quando detecta uma pederastia é um inconsciente
e o melhor que pode fazer é apresentar a renúncia”.
O sacerdote jesuíta Hans Zollner, membro da Pontifícia Comissão para a
protecção dos menores, disse à Rádio Vaticano que a mensagem é uma
chamada “para que a Igreja faça o que desde 2002 começou a fazer. Porque
desde o final dos anos 90 o cardeal Ratzinger, prefeito da Congregação
da Doutrina da Fé, destacou que a Igreja não poderia mais tolerar estes
abusos, nem os bispos cobri-los”. E depois como Bento XVI “deu grandes
passos para tornar a Igreja uma instituição transparente comprometida na
luta contra os abusos”. E em seguida o Papa Francisco instituiu a
Pontifícia Comissão para a guarda dos menores.
O padre Zollner também lembrou que o bispo de Malta, Charles
Scicluna, na primeira fila na perseguição destes crimes, alguns dias
atrás, “convidou a todos, também os bispos, para ver este filme”. Há,
portanto, “muito apreço por este filme e claramente pela mensagem que
transmite”.
in
Sem comentários:
Enviar um comentário