Os serviços sociais retiraram dos cônjuges Bodnariu os cinco
filhos, incluindo uma criança de peito, pelo simples facto de serem
cristãos que acreditam em um Deus “que pune”. Mobilizações
internacionais para exigir a devolução das crianças
Protest in Targoviste (Ro) for Bodnariu Family - Facebook |
A sociedade
moderna entra no paradoxo: com uma mão vende as crianças, através de
métodos de inseminação heteróloga que dependem da exploração do corpo
feminino, para aqueles que reivindicam a posse como um direito; com a
outra mão retira os filhos das próprias famílias legítimas.
Este último caso
ocorreu recentemente à custa de uma família “acusada” pelas autoridades
de dar às crianças uma educação muito cristã. Aconteceu não em terras do
Oriente Médio ocupadas pelo Isis, nem em um daqueles países em que os
cristãos representam uma minoria religiosa perseguida. Mas, aconteceu na
Noruega, encantador e pacífico País localizado no extremo norte da
Europa, situado pela imaginação colectiva na elite da tolerância.
As vítimas deste
episódio são os cônjuges Bodnariu, el Romeno (Marius) e ela norueguesa
(Ruth), e os seus cinco filhos: Eliana (9 anos), Noemi (7), Mateus (5),
João (2) e Ezequiel (4 meses), que os serviços sociais retiraram a
custodia dos pais no dia 16 de Novembro do ano passado.
Os funcionários
do governo foram até a escola que frequentam as crianças maiores. Lá
pegaram eles e depois se dirigiram à casa Bodnariu, onde prenderam Ruth,
que depois de um interrogatório foi liberada. O mesmo aconteceu com
Marius, preso enquanto se encontrava no trabalho. Em um primeiro
momento, as autoridades não deram explicações aos dois cônjuges. Só
sucessivamente, como relata Tempi, por meio do seu advogado conseguiram
resolver o manto de mistério.
A intervenção dos
serviços sociais teria começado depois de uma denúncia da directora da
escola dos seus filhos, preocupada porque as duas crianças maiores
tinham falado de castigos dos pais. Na carta enviada aos serviços
sociais, a directora falou claramente que os dois cônjuges são “muito
cristãos”, assim como os tios e a avó paterna, o que os levaria a
acreditar em um Deus que “pune os pecados”. A directora, embora
convencida de que as crianças não tenham sofrido violência física, está
persuadida de que este clima religioso inibe os pequenos.
Na sequência das
investigações realizadas, verificou-se que as crianças muitas vezes
escondem o mal para evitar que os pais possam dar-lhes palmadas. Ao
mesmo tempo, as crianças disseram que não têm medo da mãe e do pai e que
não estão assustados com a ideia de voltar para casa. Como em um
romance kafkiano, os dois cônjuges foram obrigados a defender-se das
acusações durante os interrogatórios. Admitiram que brigaram e que às
vezes bateram nos próprios filhos, mas negaram com firmeza de terem
“abusado” dos seus filhos, ação que as autoridades insistentemente
pediram contas.
Além da
humilhação, os pais tiveram que sofrer também uma absurda acusação de
culpados, a ponto de levar as autoridades a retirar os seus cinco filhos
e distribuí-los em diferentes famílias. Segundo fontes citadas pelo
jornal Tempi, as crianças teriam escrito várias cartas aos pais, que,
porém, nunca foram entregues. Os serviços sociais negaram a existência
destas cartas e afirmaram que as crianças não estão sem os pais.
De acordo com os
avós dos pequenos não há nenhuma dúvida sobre o fato de que “a educação
cristã das crianças é a causa dessa acção das instituições norueguesas”.
Uma acção cruel: o bebé só é visto e mama o leite materno duas vezes na
semana, enquanto os outros dois só se encontram com a mãe uma vez por
semana. As duas filhas maiores, pelo contrário, não podem mais ver os
pais. Um gesto de clemência ocorreu no último dia 18 de Fevereiro quando
a família finalmente conseguiu encontrar-se por várias horas. No
entanto, iniciou-se o processo de adopção.
A sociedade civil
não ficou indiferente a este assédio. Cerca de 60 mil pessoas aderiram a
um abaixo-assinado para pedir ao governo norueguês intervir e pôr fim a
este pesadelo. No entanto, a ministra norueguesa da Juventude, Solveig
Horne, respondeu secamente: “O que acontece em família não é mais só uma
questão privada”. E acrescentou: “Ninguém pode dizer que segundo a
própria religião é permitido bater em uma criança. Pela lei norueguesa
isso não é permitido”.
Segundo a
ministra, portanto, alguns tapas devem levar inevitavelmente ao trauma
de ser arrancados dos próprios pais. Não pensam como ela uma multidão de
pessoas, no seu País, e também no resto da Europa. Mensagens de
solidariedade chegam constantemente à família Bodnariu. No próximo dia
16 de Abril milhares de pessoas sairão às ruas para pedir a libertação
das crianças em centenas de cidades romenas, nos Estados Unidos, na Áustria e nas várias capitais europeias. A liberdade religiosa está em
perigo também no Ocidente. E as pessoas começaram a se dar conta disso.
in
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