Arcebispo italiano de Campobasso-Bojano identifica uma ligação
entre o declínio da população, causado pela falta de confiança no
futuro, e a revolução antropológica em andamento
Mais uma vez, dom
Bregantini se mostra um dos bispos mais sensíveis ao debate sobre a
revolução antropológica em andamento no Ocidente. O problema básico, de
acordo com o arcebispo italiano de Campobasso-Bojano, é “o inverno
demográfico” e seu “factor velhice”.
Se poucos têm
filhos é porque “a família não é muito atractiva”, lamenta o prelado,
acrescentando que o “fenómeno é complexo” e “tem impacto negativo sobre o
futuro”.
Tentando resumir
as causas da baixa taxa de natalidade na Itália, dom Bregantini dá
prioridade à “crise de valores”, que, juntamente com a “económico e do
trabalho”, minou “a pessoa por dentro, em todos estes anos de trabalho
árduo e de luta; minou a sua segurança, as suas aspirações”.
Reina hoje uma
“sensação de medo” que “afecta cada olhar para o futuro”; assim, “antes
de ter um filho, de colocá-lo no mundo, o casal é forçado a avaliar de
muito perto os riscos e, pior ainda, as possíveis ‘vantagens’, como se
se tratasse de ‘produzi-los’ em vez de concebê-los”.
Este
comportamento social, de acordo com o arcebispo de Campobasso, é “o
fruto amargo do capitalismo desenfreado, o que deixou até mesmo as
relações afectivas precárias e consumistas”, como resultado da “falta de
confiança na vida, nas instituições, no futuro. O olhar se tornou cada
vez mais curto!”, ressalta Bregantini.
Uma série de
factores sócio-culturais e económicas, assim, produzem uma espécie de
“teia de aranha diante dos nossos olhos”. Prova disso é a recente
aprovação, na Itália, da lei sobre as uniões civis, que “é muito
ambígua” e poderia ter sido feita de modo “muito, muito melhor”, com
“mais sabedoria e serenidade”, sendo “bem examinada em comissão”.
Ter colocado a
confiança em uma lei que era “de consciência” e que “exigia uma rigorosa
avaliação pessoal, antes de política”, é algo que gera o risco de se
transformar em uma “grande confusão educacional no coração dos nossos
jovens”.
“Se um jovem que
participa da cerimónia de união civil de dois coetâneos, dois homens,
ouve repetirem-se ali as mesmas fórmulas que se ouvem na igreja entre um
noivo e uma noiva, ele vai se perguntar qual é o sentido de ter uma
família, com todas as suas dificuldades actuais e dificuldades futuras.
Ou seja, não estamos tornando a família mais atractiva. Ela não é mais
mostrada como bela”.
Voltando ao
“factor velhice”, o arcebispo denuncia que a crise demográfica está
afectando dramaticamente grandes sectores da sua diocese e de toda a
região italiana de Molise, ameaçando a sensação de segurança da pessoa,
que, cada vez mais, sente a precariedade da própria existência.
Monsenhor
Bregantini abordou ainda o valor da maternidade, verdadeiro baluarte
contra as crises do nosso tempo. “A questão da vida – disse – é como a
música, dormente entre os muitos ruídos do mundo indiferente, mas
esperando para germinar assim que lhe prestarmos a nossa escuta mais
íntima”.
O arcebispo de
Campobasso pediu “a proclamação do aluguel de útero como crime
universal”, além de “uma legislação inovadora e séria sobre a complexa
questão das adopções”.
A fim de se
criarem as condições para um renascimento da família, “a de verdade, a
que tem filhos”, há necessidade, concluiu ele, de um “pacote real e
concreto de ajuda específica”, porque “a única maneira de o nosso país
voltar a sorrir; a se alegrar, sob a lua, com uma gota de orvalho sobre
uma flor”.
in
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