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quarta-feira, 2 de março de 2016

Biodiversidade: Festival Terras Sem Sombra contribuiu para «valorização» do montado português

Foto: Festival Terras Sem Sombra
Natureza e património fazem parte da trilogia do Festival de música sacra da Diocese de Beja

Almodôvar, Beja, 29 Fev 2016 (Ecclesia) – O Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja promoveu uma acção de biodiversidade no montado português, com o objectivo de «contribuir para a sua valorização», na primeira acção do género do Festival Terras Sem Sombra.

“Defender o montado é apostar num dos segmentos mais activos, mais importantes, mais proeminentes do que é a nossa vida social e económica”, assinalou o director-geral do festival de música sacra.

À Agência ECCLESIA, José António Falcão alertou que a tradicional acção de biodiversidade, destacou o montado como uma das “grandes riquezas” incentivando às “boas práticas de gestão” para “continuar a ser uma riqueza nacional”.

Esta acção foi realizada em colaboração com o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas que ensinou músicos, organização e participantes a “podar as árvores”.

“Para obter uma copa bem formada, estivemos a sensibilizar e explicar a técnica mais adequada para fazer esta intervenção”, explicou o Guilherme Santos, que também ensinou a fazer medição.

“São jovens árvores que precisam de ter cuidados, nomeadamente, na sua formação para serem boas produtoras de cortiça. Precisamos que essas árvores tenham intervenções adequadas no sentido de obter boas pranchas de cortiça”, desenvolveu o engenheiro do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas.

O montado, contextualizou, é o “sistema cultural mais comum” do Baixo Alentejo, um “repositório da biodiversidade e dos hotspots de importância a nível mundial”, onde para além da árvore existe também “a pastagem e a pastorícia”.

Para o grão-mestre da Confraria do Sobreiro e da Cortiça referiu os anos de vida até estas árvores começarem a produzir e “terem aproveitamento económico, cerca de 30 a 40 anos”, e, adiantou as suas principais preocupações.

“É o mal como tem sido tratado, às vezes, até inconscientemente ao julgarmos que a limpar a floresta estamos a favorece-la. Estamos a prejudica-la quando não deixamos que ela se renove naturalmente”, acrescentou Francisco Almeida Garrett.

O engenheiro agrónomo Eugénio Sequeira, que começou por citar a encíclica do Papa Francisco dedicada à casa comum, ‘Laudato Sí’, disse que a “maior riqueza” do montado “não é o dinheiro mas a protecção do ecossistema”.

“O montado é uma forma de manter este ecossistema que fornece água, cortiça e dinheiro, mas o gado e a paisagem”, acrescentou.

O elemento que fez parte da Comissão da Seca 2004/2005 constatou que a chuva “é cada vez menos e mais concentrada”: “Como vamos conservar para depois termos água nos poços e furos?”

“O património artístico, o património religioso é símbolo do património que está aqui fora. Se não conservarmos o que é a nossa cultura como vamos conservar o montado que faz parte disso”, questionou Eugénio Sequeira

O director-geral do Festival terras Sem Sombra destacou ainda que optaram para os programas matinais de domingo pelos “tesouros da biodiversidade” do Baixo Alentejo.

“A faixa costeira, este Alentejo Atlântico tem um peso enorme. Naturalmente, as nossas serras, de forma cirúrgica os pequenos cursos fluviais, e também a transumância, que do ponto de vista histórico era algo que unia não só ao coração de Portugal”, desenvolveu José António Falcão.

A 12.ª edição do FTSS, do Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja tem como tema «Torna-Viagem: o Brasil, a África e a Europa (Da Idade Média ao Século XX)», e começou este sábado em Almodôvar.

CB


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