Foto: Festival Terras Sem Sombra |
Natureza e património fazem parte da trilogia do Festival de música sacra da Diocese de Beja
Almodôvar, Beja, 29 Fev 2016 (Ecclesia) – O Departamento do Património
Histórico e Artístico da Diocese de Beja promoveu uma acção de
biodiversidade no montado português, com o objectivo de «contribuir para a
sua valorização», na primeira acção do género do Festival Terras Sem
Sombra.
“Defender o montado é apostar num dos segmentos mais activos, mais
importantes, mais proeminentes do que é a nossa vida social e
económica”, assinalou o director-geral do festival de música sacra.
À Agência ECCLESIA, José António Falcão alertou que a tradicional acção
de biodiversidade, destacou o montado como uma das “grandes riquezas”
incentivando às “boas práticas de gestão” para “continuar a ser uma
riqueza nacional”.
Esta acção foi realizada em colaboração com o Instituto de Conservação
da Natureza e das Florestas que ensinou músicos, organização e
participantes a “podar as árvores”.
“Para obter uma copa bem formada, estivemos a sensibilizar e explicar a
técnica mais adequada para fazer esta intervenção”, explicou o
Guilherme Santos, que também ensinou a fazer medição.
“São jovens árvores que precisam de ter cuidados, nomeadamente, na sua
formação para serem boas produtoras de cortiça. Precisamos que essas
árvores tenham intervenções adequadas no sentido de obter boas pranchas
de cortiça”, desenvolveu o engenheiro do Instituto de Conservação da
Natureza e das Florestas.
O montado, contextualizou, é o “sistema cultural mais comum” do Baixo
Alentejo, um “repositório da biodiversidade e dos hotspots de
importância a nível mundial”, onde para além da árvore existe também “a
pastagem e a pastorícia”.
Para o grão-mestre da Confraria do Sobreiro e da Cortiça referiu os
anos de vida até estas árvores começarem a produzir e “terem
aproveitamento económico, cerca de 30 a 40 anos”, e, adiantou as suas
principais preocupações.
“É o mal como tem sido tratado, às vezes, até inconscientemente ao
julgarmos que a limpar a floresta estamos a favorece-la. Estamos a
prejudica-la quando não deixamos que ela se renove naturalmente”,
acrescentou Francisco Almeida Garrett.
O engenheiro agrónomo Eugénio Sequeira, que começou por citar a
encíclica do Papa Francisco dedicada à casa comum, ‘Laudato Sí’, disse
que a “maior riqueza” do montado “não é o dinheiro mas a protecção do
ecossistema”.
“O montado é uma forma de manter este ecossistema que fornece água, cortiça e dinheiro, mas o gado e a paisagem”, acrescentou.
O elemento que fez parte da Comissão da Seca 2004/2005 constatou que a
chuva “é cada vez menos e mais concentrada”: “Como vamos conservar para
depois termos água nos poços e furos?”
“O património artístico, o património religioso é símbolo do património
que está aqui fora. Se não conservarmos o que é a nossa cultura como
vamos conservar o montado que faz parte disso”, questionou Eugénio
Sequeira
O director-geral do Festival terras Sem Sombra destacou ainda que
optaram para os programas matinais de domingo pelos “tesouros da
biodiversidade” do Baixo Alentejo.
“A faixa costeira, este Alentejo Atlântico tem um peso enorme.
Naturalmente, as nossas serras, de forma cirúrgica os pequenos cursos
fluviais, e também a transumância, que do ponto de vista histórico era
algo que unia não só ao coração de Portugal”, desenvolveu José António
Falcão.
A 12.ª edição do FTSS,
do Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja
tem como tema «Torna-Viagem: o Brasil, a África e a Europa (Da Idade
Média ao Século XX)», e começou este sábado em Almodôvar.
CB
in
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