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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Por uma cultura de vida

A vida é um dom precioso que não tem preço.
 
Por uma simples dor de cabeça vamos ao médico, porque queremos que nos aliviem a dor e não pedimos que nos tirem a vida, pois esta tem uma grande dignidade em qualquer idade e em qualquer circunstância.
 
Todos temos direito à vida, assim como o dever de a proteger.
 
Muito mais quando existem situações de doença ou incapacidade.
 
Acompanhei de perto um doente cujo diagnóstico era uma miopatia. Depois de várias consultas, entre elas uma no estrangeiro, o diagnóstico confirmou-se.
 
Iria perdendo forças progressivamente e ficaria numa cadeira de rodas.
 
Não foi fácil ouvir este prognóstico, mas o que é certo, é que a vida continuou o seu ritmo à medida que em determinadas épocas do ano, se acentuavam as perdas de força. Mas a vontade de viver e de comunicar que sempre o caracterizaram, continuavam a dar-lhe incentivo para vir à rua com uma bengala e depois duas.
 
Chegou o dia em que ficou restrito à cadeira de rodas.
 
Fazia o mesmo: saía com ela, queria dar pequenos passeios e parar a falar com os amigos. "As pessoas sabem que estou assim, não é para me esconder" frase pronunciada várias vezes enquanto podia sair de casa.

Tudo isto foi possível porquê? Pelo carinho, amor, afeto que toda a família lhe dedicou. Não foi "descartado" quando começou a usar as bengalas nem quando passou para a cadeira de rodas. Sentia isso. Nunca pediu a morte, apesar da sua total dependência.

Fazia-me lembrar o aparecimento em público de S. João Paulo ll, nos últimos anos de vida, muitas vezes criticado.

"Com esta doença foi o doente que tive com mais longevidade do que o normal, precisamente pelo apoio familiar" palavras do médico assistente.

Acho que isto nos leva a pensar na época individualista onde estamos inseridos que nos faz esquecer os deveres de cada um e da própria sociedade.







Adelaide Figuinha
Professora


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