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quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Instituto para as Obras de Religião publica as suas contas na internet

Nova iniciativa do IOR no caminho de transparência


Roma, 01 de Outubro de 2013


O Instituto para as Obras de Religião (IOR) publicou pela primeira vez na internet o seu relatório anual, acessível para qualquer pessoa que deseje conhecer o estado das contas do Vaticano.

No documento, o instituto erroneamente conhecido como “banco do Vaticano” apresenta os movimentos de 2012, ano em que obteve um resultado líquido de 86,6 milhões de euros, dos quais 54,7 milhões foram destinados ao orçamento da Santa Sé. O relatório anual não é nenhuma novidade. A novidade é a sua publicação aberta a todo o público.

A iniciativa é um novo passo no caminho de transparência das actividades do instituto, iniciadas com Bento XVI e continuadas pelo papa Francisco.

O presidente do IOR, Ernest Von Freybert, afirmou em entrevista à Rádio Vaticano “que é a primeira vez, em seus 125 anos de existência, que o IOR apresenta um documento desse tipo, contendo um resumo de 2012 e dos primeiros 8 meses de 2013, com declarações dos superintendentes de vigilância da Comissão de Cardeais”.

São “mais de 60 páginas de declarações financeiras detalhadas, com auditoria detalhada feita pela KPMG”, uma empresa de certificação financeira internacional.

O relatório pode ser entendido “sem que seja necessário ser um especialista”, disse Von Freybert. “Na introdução e na descrição do nosso trabalho em 2012 e 2013, é possível compreender bem o que é o IOR”.

No tocante ao resultado da auditoria da consultora KPMG, o presidente do instituto observa que não houve problemas, visto que as contas são bem controladas por respeitáveis sociedades internacionais de consultoria. “Isso não é novo para um instituto. A novidade é estar prontos para publicar tudo”.

Quanto às suspeitas a respeito do IOR provocadas por uma série de fatos ocorridos há cerca de 20 anos, o presidente considera que “a novidade agora está nos detalhes, em que não há nada de surpreendente”.

Ernest Von Freybert precisou que o instituto é gerido de maneira conservadora, com investimentos em títulos de estado e depósitos bancários. A instituição é altamente capitalizada, com um património líquido de 15% no final do ano passado, o que é muito superior ao de outras instituições financeiras.

Freyberg explica ainda que o IOR tem hoje uma estratégia de comunicação baseada em três pilares: o diálogo sistemático com os meios de comunicação, um website e a publicação do relatório anual.

O informe anual é publicado porque “existem aproximadamente um mil milhões de católicos no mundo inteiro que têm o direito de saber o que é feito por este sector da Santa Sé, além de entender como nós contribuímos com a manutenção da Igreja no mundo”. Há interesse também dos outros bancos, dos meios de comunicação, dos entes financeiros e do público em geral.

Sobre o perigo de lavagem de dinheiro no IOR, o director alemão esclarece que o Promontory-Groupe, dos Estados Unidos, “está fazendo investigações especiais. Nós reexaminamos junto com eles os nossos procedimentos para aceitar clientes e para lidar com eles, para garantir que não aconteçam atos de lavagem de dinheiro no instituto. Temos um novo manual, novos procedimentos e estamos prontos para uma inspecção de terceiros”.

Por que contratar uma agência como a Promontory? Primeiro, pelo seu conhecimento de vanguarda sobre esse tipo de processos, e, segundo, pela grande quantidade de trabalho, que exige, diariamente, uma equipe de 20 a 25 pessoas.

Ao encerrar a entrevista, Ernest Von Freybert afirmou que “tudo isso é mais um passo para a criação de um instituto transparente. O santo padre vai decidir, no máximo até o ano que vem, qual vai ser o rumo que o IOR deverá tomar”.


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