Durante o encontro com as crianças deficientes no Instituto Seráfico, o Papa deixa de lado seu discurso preparado e fala espontaneamente. Pela manhã, cerca de 150.000 peregrinos já enchiam as ruas da cidade.
Assis, 04 de Outubro de 2013
Assis despertou por volta das 07h15 (hora local) com o som
do helicóptero que transportava o Papa Francisco. Mas, a cidade estava
animada desde a primeira luz do amanhecer. A região da Úmbria que foi o
berço do santo padroeiro da Itália, de quem hoje a Igreja celebra a
memória, estava literalmente povoada pelos peregrinos: jornalistas,
voluntários, freiras, religiosos, famílias.
Cerca de 150 mil pessoas já estavam reunidas para participar desta
visita histórica do Papa ao seu homónimo, 50.000 a mais do que o
esperado no dia anterior, estavam espalhadas entre o sagrado da Basílica
de Santa Maria degli Angeli, onde o Papa se reuniu com os jovens no
período da tarde, e a praça em frente a Basílica Inferior de São
Francisco, onde o Papa celebrou a Santa Missa às 11 horas.
Enquanto Monsenhor Marini dava as últimas orientações para a
preparação do palco, onde estava uma cópia gigante do Crucifixo de São
Damião, mais alto, diante da Basílica superior, uma multidão de
guarda-chuvas coloridos se posicionavam em frente ao telão que
transmitia as imagens mais significativas dos 7 meses do pontificado de
Bergoglio: desde a sua eleição em 13 de Março até a Jornada Mundial da
Juventude no Rio de Janeiro.
O dia estava nublado e chuviscava, mas isso não afectou de forma alguma
os grupos de peregrinos posicionados em pontos estratégicos por onde
passaria o Papa Francisco. Assis é pequena, as ruas são estreitas, as
praças comportam no máximo de 8.000 pessoas. Então, todo mundo se
alegrava apenas em pensar que conseguiria tocar e apertar a mão do
pontífice. Ou, pelo menos, vê-lo de perto e respirar este carisma
explosivo que está abalando a Igreja e o mundo.
A descrição foi confirmada a ZENIT, no domingo, por uma senhora idosa
da província de Lecce que, juntamente ao seu grupo, viajou das 20hrs de
ontem para chegar esta manhã às 6:30, e garantir a primeira fila por
trás dos muitos obstáculos colocados em todos os cantos da cidade (cerca
de 10 km no total). Um belo “sacrifício", especialmente para uma
senhora de certa idade, mas "vale a pena" - disse Mimina - porque "o
desejo de ver o Papa é muito forte”. “Desde que foi eleito - acrescenta –
tenho em meu coração o desejo de conhecê-lo e agradecê-lo, porque este
Papa inspira confiança, amor, este Papa é tudo”.
Da mesma opinião, um grupo de mulheres que vieram sozinhas de
Nápoles, e estava no mesmo lugar desde as 4 da manhã, garantindo o
espaço. “Este Papa é um “grande” e estamos esperando para vê-lo e ouvir
ao vivo o que ele vai dizer”.
De acordo com um dos agentes de segurança, muitas pessoas estavam ali
por devoção a São Francisco: seja o Santo ou o Papa, mas muitos –
observa-se um leve traço de humor – estão aqui "por folclore", atraídos
pelo status do evento.
Pode ser verdade, mas é difícil acreditar que tantas pessoas,
provenientes da Itália e do exterior, estivessem ali apenas para ser
capaz de dizer "eu estava lá". De qualquer forma, isso também é útil:
atraídos por um gesto do Santo Padre ou pela curiosidade de ver ao vivo,
e então encontrar-se no abraço da Igreja, ouvindo as palavras deste
Pontífice que, no entanto, nunca deixa ninguém indiferente.
Como aconteceu no Instituto Seráfico, onde Francisco, acompanhado por
"meu irmão Domenico”, Bispo Sorrentino, encontrou as crianças que
sofrem de deficiências graves, cuidados pela instituição fundada em 1871
pelo Beato Ludovico de Casoria. Impressionado com as palavras de
apresentação da Presidente Francesca Di Maolo, o Papa inesperadamente
deixou de lado o discurso planeado e exortou a escutar as chagas do
mundo: “todos nós, aqui, temos a necessidade de dizer: “estas chagas
precisam ser ouvidas!”. Mas há uma outra coisa que nos dá esperança.
Jesus está presente na Eucaristia, aqui é a Carne de Jesus; Jesus está
presente entre vocês, é a Carne de Jesus: são as chagas de Jesus nestas
pessoas”.
O apelo: “Precisam ser escutados!” Talvez não tanto nos jornais, como
notícias – destacou o Papa - isso é uma escuta que dura um, dois, três
dias, depois vem um outro, um outro… Devem ser ouvidos por aqueles que
se dizem cristãos”.
A mensagem forte que todos esperavam do Santo Padre nesta memorável
visita a Assis, portanto, já havia chegado, pronunciada em voz baixa, e
comovida, no que parecia ser apenas o primeiro encontro da manhã. Logo
depois, o Papa dirigiu-se para a Sala de Vestimenta do Bispado de Assis
para ouvir os pobres da Caritas diocesana.
in
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