Mantras e «focalizar» em vez de oração
«Recebi a fá à base de equivocar-me», reconhece Pietro, um jovem modelo ítalo- espanhol
Actualizado 17 de Maio de 2013
María Martínez / Alfa y Omega
Pietro Ditano Vázquez, de pai italiano e mãe espanhola, percorreu um longo caminho espiritual para o que é habitual numa pessoa de 25 anos: fez uma fé à sua medida, aficcionou-se pela espiritualidade budista e pela Nova Era, aspirou a ser top model em Milão, esteve convivendo fora do matrimónio com a sua namorada...
E, à base de equivocar-se uma e outra vez, conseguiu ir encontrando o caminho de volta a Deus, que nunca o deixou só e inclusive enviou-lhe mensagens da forma mais insuspeita... Este sábado, Pietro receberá a Confirmação na explanada da Almudena.
A fé chegou-lhe nas equivocações
«Há gente que recebe a fé pelo caminho da obediência. Eu a recebi à base de desobedecer, de equivocar-me» e, desta forma, ir entendendo o que ensina a Igreja.
Assim resume a sua conversão Pietro Ditano Vázquez, modelo italiano e um dos 1.100 jovens que, este sábado, receberá a Confirmação numa grande celebração na explanada da catedral da Almudena, convocada com motivo do Ano da fé e Missão Madrid.
Missa de costume e basquetebol
Pietro - filho de pai italiano e mãe espanhola – tinha uma fé herdada dos seus pais e o costume de ir os domingos à Missa, mas não se tinha preparado para receber a confirmação.
«Estava bastante ocupado dedicando-me ao basquetebol, e nunca tinha sentido a importância que tinha». Além disso, rejeitava os temas mais contraditórios da doutrina católica, que chocam com a mentalidade actual.
Uma vida de Hollywood
Ao deixar Santiago de Compostela para estudar Comunicação Audiovisual em Madrid, «reanalisei a minha fé, e fiz uma fé há minha medida. Deixei de ir à Missa. Seguia com a minha procura, mas dava-me a liberdade de negar tudo o que fosse contra o que eu pensava. Nessa procura, comecei a ler sobre o budismo».
Foi então quando lhe propuseram dedicar-se ao mundo da moda como modelo e, atraído pela oportunidade do «êxito fácil e rápido», mudou-se para Milão: «Larguei a Universidade, não ouvi os conselhos da minha família, deixei os meus amigos...»
Mantras zen em Milão
Nessa cidade, começou a visitar um centro zen, «e substitui a oração da noite por mantras».
Também o afectou o livro O segredo, de Rhonda Byrne, uma das obras mais influentes da Nova Era.
Afirma que, «se te focalizas em algo, o vês e o dás por feito, se cumprirá. O apresentam como uma ponte com a oração. Assim, convenci-me de que podia ser um top model».
Pietro começou uma vida «como a de Hollywood, mas sem ser ninguém, sendo um fedelho. Um Mercedes recolhia-te no hotel e levava-te de um sítio a outro; nas festas estávamos na zona VIP... Vivi a vida que muita gente persegue e posso dizer que, quando sais, o passas bem; mas quando voltas e se apagam os ruídos, estás só e encontras-te com o vazio, que é a ferramenta que usa Deus para dizer-nos que algo vai mal».
O desfile de Armani que não fui
A experiência em Milão terminou sendo «um desastre. Tinham-me procurado a melhor agência, tinha estado em dieta e fazendo muitíssimo desporto».
Mas quando chegou a sua grande oportunidade, a possibilidade de fazer um desfile para Armani, «nem sequer me pré-seleccionaram. Caiu-me o mundo encima, não entendia nada. Dei-me conta de que tinha condenado toda a minha vida por um sonho que era uma mentira. Nesse momento lembrei-me de Deus e gritava ao céu porque me tinha deixado fazer isso. Entrou-me uma crise de fé e uma depressão muito forte».
Deixou um trabalho que todavia tinha, comprou um bilhete de avião, e voltou a casa. «Pouco a pouco voltei-me a aproximar da fé e, depois de um par de anos sem confessar-me, voltei a fazê-lo. Sentia que devia reconciliar-me porque me começavam a ir outra vez bem as coisas».
«Também comecei a ler a Bíblia, uma página ao azar, todos os dias. Não me deixava empapar de todo e seguia sem estar muito convencido sobre a Igreja, mas interessava-me. Comecei a conhecer Jesus pelo que via eu, não pelo que ouvia a outros. Mas todavia não sabia o que fazer com a minha vida».
O recado de um desconhecido
Nessa época, «conheci uma rapariga e começámos a sair. Ela era crente e rezávamos juntos, mas continuávamos tendo a fé à nossa medida. Mantínhamos relações, e parecia-me que era o normal porque havia amor».
Voltou para Madrid para retomar os estudos, e trouxe a Bíblia com ele. Assim passou ano e meio, até que um desconhecido mudou totalmente os seus planos: «Ia pela rua, e um senhor passou ao longe, fumando um cigarro. Antes de entrar no Metro, voltou-se, veio até mim, parou a um palmo da minha cara, olhou-me nos olhos e disse-me, com autoridade mas com muita doçura: Mas, como podes estar tão cego? Fecha os olhos, olha com o coração, e entenderás tudo. Eu estava assustadíssimo, mas algo dentro de mim moveu-se».
Como um matrimónio, sem sê-lo: problemas
«Em pouco tempo – continua - entendi que a minha namorada não era a mulher para mim. Por aquele tempo, estávamos vivendo quase como um casal, os seus pais deixavam-me dormir na sua casa. A queria muitíssimo, tínhamos falado já de casar-nos e formar uma família. Deixá-la foi uma prova enorme, porque ela era quem me tinha ajudado a sair da depressão, era a minha vida. Mas tínhamos deixado num segundo plano a minha família e amigos, e estávamos encerrados na nossa bolha».
«Entendi que Deus estava-me pedindo que deixasse a pessoa que tinha posto no centro do meu coração. A ela causei-lhe um problema gigantesco, e comecei a ver o dano que se pode fazer quando, nas relações, se dá um passo que não se devia dar. Entendi que as relações sexuais são algo que se deve preservar para a pessoa que é para ti», para sempre.
No centro, só Deus
Esta experiência tão dura «levou-me a aproximar-me mais de Deus. Ao deixá-la a ela do centro do meu coração, decidi que, a partir de então, aí só poderia estar Deus. Não conhecia todavia o caminho correcto, mas tinha claro que já não queria equivocar-me mais. E comecei a reconstruir a relação com Ele», com a ajuda da oração e a escuta.
«Tive dois episódios bonitos de notar a presença de Deus, mas também outros momentos de turbulências, que ainda que não me levassem a equivocar-me, faziam-me sofrer. Vários sacerdotes com os quais falei disto recomendaram-me aumentar a frequência com a qual recebia os sacramentos».
Missa matutina e confirmação
Com essa intenção na mente, em Setembro passado, começou um novo curso na Universidade. «Vi que na Faculdade havia Missa na primeira hora da manhã, e comecei a ir. Um dia, anunciaram que ali te podias preparar para receber a Confirmação, e entendi que, dentro da minha procura», já com 24 anos, «era o momento adequado para mim. Desde então, temos tido uma reunião semanal, e vou à Missa sempre que posso. Estou disfrutando da Graça, dia a dia descubro que os sacramentos me ajudam no meu caminho até Deus. A Eucaristia diária, em particular, me fortalece muitíssimo».
«Recebi a fá à base de equivocar-me», reconhece Pietro, um jovem modelo ítalo- espanhol
Actualizado 17 de Maio de 2013
María Martínez / Alfa y Omega
Pietro Ditano Vázquez, de pai italiano e mãe espanhola, percorreu um longo caminho espiritual para o que é habitual numa pessoa de 25 anos: fez uma fé à sua medida, aficcionou-se pela espiritualidade budista e pela Nova Era, aspirou a ser top model em Milão, esteve convivendo fora do matrimónio com a sua namorada...
E, à base de equivocar-se uma e outra vez, conseguiu ir encontrando o caminho de volta a Deus, que nunca o deixou só e inclusive enviou-lhe mensagens da forma mais insuspeita... Este sábado, Pietro receberá a Confirmação na explanada da Almudena.
A fé chegou-lhe nas equivocações
«Há gente que recebe a fé pelo caminho da obediência. Eu a recebi à base de desobedecer, de equivocar-me» e, desta forma, ir entendendo o que ensina a Igreja.
Assim resume a sua conversão Pietro Ditano Vázquez, modelo italiano e um dos 1.100 jovens que, este sábado, receberá a Confirmação numa grande celebração na explanada da catedral da Almudena, convocada com motivo do Ano da fé e Missão Madrid.
Missa de costume e basquetebol
Pietro - filho de pai italiano e mãe espanhola – tinha uma fé herdada dos seus pais e o costume de ir os domingos à Missa, mas não se tinha preparado para receber a confirmação.
«Estava bastante ocupado dedicando-me ao basquetebol, e nunca tinha sentido a importância que tinha». Além disso, rejeitava os temas mais contraditórios da doutrina católica, que chocam com a mentalidade actual.
Uma vida de Hollywood
Ao deixar Santiago de Compostela para estudar Comunicação Audiovisual em Madrid, «reanalisei a minha fé, e fiz uma fé há minha medida. Deixei de ir à Missa. Seguia com a minha procura, mas dava-me a liberdade de negar tudo o que fosse contra o que eu pensava. Nessa procura, comecei a ler sobre o budismo».
Foi então quando lhe propuseram dedicar-se ao mundo da moda como modelo e, atraído pela oportunidade do «êxito fácil e rápido», mudou-se para Milão: «Larguei a Universidade, não ouvi os conselhos da minha família, deixei os meus amigos...»
Mantras zen em Milão
Nessa cidade, começou a visitar um centro zen, «e substitui a oração da noite por mantras».
Também o afectou o livro O segredo, de Rhonda Byrne, uma das obras mais influentes da Nova Era.
O Segredo
de Rhonda Byrne, um clássico New Age, proclama que se te focalizas em algo o consegues... Na realidade, distrai da oração, joga com o desejo e deixa feridos aqueles que não o conseguem |
Pietro começou uma vida «como a de Hollywood, mas sem ser ninguém, sendo um fedelho. Um Mercedes recolhia-te no hotel e levava-te de um sítio a outro; nas festas estávamos na zona VIP... Vivi a vida que muita gente persegue e posso dizer que, quando sais, o passas bem; mas quando voltas e se apagam os ruídos, estás só e encontras-te com o vazio, que é a ferramenta que usa Deus para dizer-nos que algo vai mal».
O desfile de Armani que não fui
A experiência em Milão terminou sendo «um desastre. Tinham-me procurado a melhor agência, tinha estado em dieta e fazendo muitíssimo desporto».
Mas quando chegou a sua grande oportunidade, a possibilidade de fazer um desfile para Armani, «nem sequer me pré-seleccionaram. Caiu-me o mundo encima, não entendia nada. Dei-me conta de que tinha condenado toda a minha vida por um sonho que era uma mentira. Nesse momento lembrei-me de Deus e gritava ao céu porque me tinha deixado fazer isso. Entrou-me uma crise de fé e uma depressão muito forte».
Deixou um trabalho que todavia tinha, comprou um bilhete de avião, e voltou a casa. «Pouco a pouco voltei-me a aproximar da fé e, depois de um par de anos sem confessar-me, voltei a fazê-lo. Sentia que devia reconciliar-me porque me começavam a ir outra vez bem as coisas».
«Também comecei a ler a Bíblia, uma página ao azar, todos os dias. Não me deixava empapar de todo e seguia sem estar muito convencido sobre a Igreja, mas interessava-me. Comecei a conhecer Jesus pelo que via eu, não pelo que ouvia a outros. Mas todavia não sabia o que fazer com a minha vida».
O recado de um desconhecido
Nessa época, «conheci uma rapariga e começámos a sair. Ela era crente e rezávamos juntos, mas continuávamos tendo a fé à nossa medida. Mantínhamos relações, e parecia-me que era o normal porque havia amor».
Voltou para Madrid para retomar os estudos, e trouxe a Bíblia com ele. Assim passou ano e meio, até que um desconhecido mudou totalmente os seus planos: «Ia pela rua, e um senhor passou ao longe, fumando um cigarro. Antes de entrar no Metro, voltou-se, veio até mim, parou a um palmo da minha cara, olhou-me nos olhos e disse-me, com autoridade mas com muita doçura: Mas, como podes estar tão cego? Fecha os olhos, olha com o coração, e entenderás tudo. Eu estava assustadíssimo, mas algo dentro de mim moveu-se».
Como um matrimónio, sem sê-lo: problemas
«Em pouco tempo – continua - entendi que a minha namorada não era a mulher para mim. Por aquele tempo, estávamos vivendo quase como um casal, os seus pais deixavam-me dormir na sua casa. A queria muitíssimo, tínhamos falado já de casar-nos e formar uma família. Deixá-la foi uma prova enorme, porque ela era quem me tinha ajudado a sair da depressão, era a minha vida. Mas tínhamos deixado num segundo plano a minha família e amigos, e estávamos encerrados na nossa bolha».
«Entendi que Deus estava-me pedindo que deixasse a pessoa que tinha posto no centro do meu coração. A ela causei-lhe um problema gigantesco, e comecei a ver o dano que se pode fazer quando, nas relações, se dá um passo que não se devia dar. Entendi que as relações sexuais são algo que se deve preservar para a pessoa que é para ti», para sempre.
No centro, só Deus
Esta experiência tão dura «levou-me a aproximar-me mais de Deus. Ao deixá-la a ela do centro do meu coração, decidi que, a partir de então, aí só poderia estar Deus. Não conhecia todavia o caminho correcto, mas tinha claro que já não queria equivocar-me mais. E comecei a reconstruir a relação com Ele», com a ajuda da oração e a escuta.
«Tive dois episódios bonitos de notar a presença de Deus, mas também outros momentos de turbulências, que ainda que não me levassem a equivocar-me, faziam-me sofrer. Vários sacerdotes com os quais falei disto recomendaram-me aumentar a frequência com a qual recebia os sacramentos».
Missa matutina e confirmação
Com essa intenção na mente, em Setembro passado, começou um novo curso na Universidade. «Vi que na Faculdade havia Missa na primeira hora da manhã, e comecei a ir. Um dia, anunciaram que ali te podias preparar para receber a Confirmação, e entendi que, dentro da minha procura», já com 24 anos, «era o momento adequado para mim. Desde então, temos tido uma reunião semanal, e vou à Missa sempre que posso. Estou disfrutando da Graça, dia a dia descubro que os sacramentos me ajudam no meu caminho até Deus. A Eucaristia diária, em particular, me fortalece muitíssimo».
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