Francisco recorda episódios vividos durante Ano Santo da Misericórdia
Cidade do Vaticano, 20 nov 2016 (Ecclesia) - O Papa mostrou-se
impressionado com o “crime horrendo” do aborto, numa entrevista
divulgada hoje pelo canal televisivo católico ‘Tv2000’, num balanço do
Jubileu da Misericórdia (dezembro 2015-novembro 2016), concluído esta
manhã.
“Pensei no costume de mandar embora as crianças antes do seu
nascimento, este crime horrendo: mandam-se fora porque é melhor assim,
porque estás mais confortável; é uma responsabilidade grande – é um
pecado gravíssimo, não? -, é uma responsabilidade grande”, disse
Francisco.
Falando do “amor à vida, em qualquer situação”, a entrevista evoca um
episódio particular, quando o Papa visitou de surpresa um serviço de
neonatologia, no âmbito das chamadas ‘sextas-feiras da misericórdia’,
quando se encontrou com uma mãe de trigémeos, nascidos prematuramente,
que chorava pela morte de um dos seus filhos.
O pontífice argentino recordou também o encontro com uma vítima das
redes de prostituição, que deu à luz na rua, durante o inverno, sozinha,
perdendo a sua filha.
Francisco lamenta que os clientes não tenham noção de que, com o seu
dinheiro, estavam a “ajudar os exploradores” destas mulheres.
O Papa manifesta ainda a sua preocupação com o abandono dos idosos, as
guerras e os traficantes de armas, que descartam pessoas em função dos
seus interesses.
Francisco propõe uma “revolução de ternura” num mundo em que se vive a
“doença do descarte”, que fecha os corações, e disse que o Ano Santo
extraordinário, convocado por si, foi “uma bênção do Senhor”.
Questionado sobre a relação entre misericórdia e justiça, o pontífice
refere-se ao “problema da rigidez moral”, de quem se coloca no lugar de
“juiz”, realçando que “em Deus, justiça e misericórdia são uma única
coisa”, que não se podem separar.
Numa entrevista de cerca de 40 minutos, em que abordou a “idolatria” do
dinheiro, a atenção com os mais pobres ou a pena de morte, o pontífice
argentino responde ainda a questões pessoais e da vida quotidiana, como
os seus telefonemas a presos, confessando “alergia aos aduladores”.
Francisco apresenta o sono e a oração como os seus remédios contra o
stress e revela que reza sempre para manter o “sentido de humor”.
OC
in
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