Mais de mil participantes
7MARGENS | 17 Nov 2024

Mais de mil participantes de todas as dioceses italianas participaram na primeira assembleia, realizada na basílica romana de S. Paulo Fora-de-Muros, em Roma. Foto retirada do site do Caminho Sinodal italiano.
“Esta assembleia que se encerra no Dia dos Pobres, dá-nos indicações muito claras sobre aquele que deve ser o nosso rumo”, afirmou o arcebispo de Bolonha e presidente da Conferência dos Bispos de Itália, o cardeal Matteo Zuppi, na sessão de encerramento da primeira assembleia sinodal da Igreja Católica daquele país.
Com mais de um milhar de participantes vindos de todas as dioceses italianas, esta primeira assembleia, realizada na basílica romana de S. Paulo Fora-de-Muros, em Roma, foi o culminar de três anos de “caminho sinodal”, ao nível local, em parte articulados com o processo sinodal lançado pelo Papa Francisco para toda a Igreja. Nesse percurso em três etapas, foram já percorridas duas: a primeira (2021-2023), designada fase narrativa, teve como preocupação suscitar encontros para escutar histórias de pessoas, nas mais diferentes circunstâncias da sua vida — eclesial, familiar, profissional, politica, etc.; a segunda (2023-2024), chamada sapiencial, foi de realizaram uma leitura das narrativas surgidas nos dois anos anteriores, procurando discernir “o que o Espírito diz às Igrejas através do sentido de fé do Povo de Deus”.
Com a assembleia que decorreu de sexta a domingo (15 a 17 de novembro), abriu-se a etapa profética, que serviu para apreciar um texto com as Lineamenta (orientações), que resultou das sínteses das fases anteriores, entretanto aprovado pelo Conselho Episcopal Permanente, e prepara o Instrumentum Laboris (documento de trabalho) que inclui os temas emergentes da fase profética, “indicando também princípios e critérios para o desenvolvimento de propostas concretas”.
Este documento vai regressar às igrejas locais ao longo dos próximos meses e o resultado dessa consulta irá dar origem a um documento de Propositiones (propostas e indicações concretas, tanto sob a forma de exortações e orientações, como determinações e resoluções) que serão elaboradas na segunda assembleia sinodal, a realizar de 31 de março a 4 de abril de 2025. Essa versão terá ainda de ser aprovada na assembleia da Conferência Episcopal de maio seguinte, após o que assumirá a forma final.
Recorde-se que foi o Papa, também enquanto bispo de Roma, que começou por lançar o desafio de um acontecimento marcante, na sequência de um outro ocorrido em 1976, num discurso na V Convenção Eclesial em Florença (2015), ao afirmar: “Cabe a vocês decidir: povo e pastores juntos”. O assunto não foi pacífico entre os bispos, havendo claras resistências de um setor importante do episcopado. Foram precisos vários anos e pressões de diversos lados, para se criarem as condições para o Sínodo avançar.
Na mensagem que enviou a esta primeira assembleia, Francisco tomou a metáfora do pão para falar deste “caminho sinodal”: “Jesus contemplou as multidões e pôde compreender os seus sofrimentos e expectativas, a necessidade do pão para o corpo e para a alma. Assim, somos chamados a olhar para a sociedade em que vivemos com um olhar de compaixão para nos prepararmos para o futuro, superando atitudes não evangélicas, como a falta de esperança, a vitimização, o medo, os fechamentos”.
“O horizonte, finalizou o Papa, abre-se diante de vocês: continuem a semear na terra a semente da Palavra para que dê fruto”.
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