Num encontro com padres
“Esperamos em breve poder regressar à comunhão e poder saudar o bispo de Roma como nosso irmão mais velho”, afirmou o Patriarca ortodoxo Bartolomeu perante os membros do Conselho Presbiteral do Patriarcado de Lisboa, ao final da manhã desta terça-feira, 14 de Maio.
Bartolomeu está em Portugal para participar nesta quarta-feira, no Fórum Global do Diálogo promovido pelo Kaiciid – Centro Internacional de Diálogo. Com o tema “Construir alianças para a paz”, a iniciativa junta, até quinta-feira, responsáveis muçulmanos, judeus e cristãos, além de políticos e diplomatas de organizações internacionais. Entre os participantes, como o 7MARGENS noticiou, estarão o imã da Grande Mesquita de Meca, Salih bin Abdullah al-Humaid, o grande mufti do Egipto, Shawki Ibrahim Abdel-Karim Allam, ou o rabi-chefe da Polónia, Michael Schudrich.
Na sua breve intervenção, de acordo com um comunicado do Patriarcado de Lisboa, o líder espiritual dos ortodoxos recordou a unidade que já existiu: “Amamo-vos! Amamos a Igreja Católica como uma bela irmã! Antes do cisma [de 1054], tínhamos a pentarquia que tinha Roma como a primeira, depois Constantinopla. Roma é sempre a primeira sede do cristianismo.”
Foi “um ambiente de grande simplicidade e fraternidade”, disse ao 7MARGENS o padre Peter Stilwell, responsável do diálogo ecuménico e inter-religioso do Patriarcado de Lisboa. “Foi um momento histórico para a Igreja em Lisboa e uma excelente oportunidade para o clero de Lisboa sentir e ouvir em primeira mão a dinâmica ecuménica que se tem vindo a desenvolver, ao mais alto nível, entre Roma e Constantinopla desde o encontro do Papa Paulo VI e o Patriarca Atenágoras”, acrescentou o responsável.
Ao mesmo tempo, Bartolomeu lembrou também os encontros que já teve com o Papa Francisco, com quem mantém uma relação de amizade pessoal: “Encontrámo-nos doze vezes em Roma, Constantinopla, Lesbos, Jerusalém.” Referiu-se também à preparação, que está já em marcha, da celebração dos 1700 anos do Concílio de Niceia, onde foi debatida a data da Páscoa.
O tema continua a dividir católicos e protestantes, de um lado, e ortodoxos, do outro. Mas com o Papa Francisco já houve “um debate fraterno sobre a forma de como poderemos celebrar a Páscoa sempre na mesma data”, acrescentou o Patriarca Ecuménico, falando em italiano.
Encontro com comunidade ortodoxa em Lisboa
Antes de falar perante os membros do Conselho Presbiteral, que estava reunido no Seminário dos Olivais, Bartolomeu teve um encontro privado com o patriarca de Lisboa, Rui Valério. Durante a sua saudação perante o clero, também em italiano, o líder católico português afirmou: “Lisboa é uma cidade com uma grandeza que é eco da história, sob o signo missionário. Sede de paz: a reconciliação é o caminho que devemos mostrar à sociedade de hoje, como forma de vencer a guerra. O sinal de Lisboa é uma barca: este mesmo sinal pode indicar que somos uma Igreja em caminho, em direcção ao abraço de irmãos.”
De acordo com a Ecclesia, o Patriarca ortodoxo considerou ainda que o interesse da Igreja Católica pela sinodalidade vai “ajudar muito ao diálogo e ao caminho para a unidade” dos cristãos, na reflexão sobre a relação entre o primado e o Sínodo.
Além da sua participação no Fórum do Kaiciid, onde estará todo o dia de quarta-feira, o Patriarca Ecuménico tem prevista uma celebração com o clero e os fiéis ortodoxos da capital, que decorrerá na manhã de quinta-feira na Igreja de Santa Maria da Vitória, localizada na Baixa de Lisboa.
Além das personalidade já referidas, o fórum do Kaiciid inclui ainda a participação de Matteo Renzi, antigo primeiro-ministro italiano, Graça Machel, antiga primeira dama de Moçambique, e Augusto Santos Silva, ex-Presidente da Assembleia da República, que promoveu a realização da exposição sobre Os Caminhos da Liberdade Religiosa em Portugal. Os antigos presidentes de França, François Hollande, e da Áustria, Heinz Fischer, enviarão mensagens para o encontro.
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