O dia da Europa ou dia da União Europeia é uma data comemorativa celebrada anualmente na Europa no dia 9 de Maio. A data escolhida reflete o dia 9 de Maio de 1950, em que o estadista francês Robert Schuman avançou com a proposta de uma entidade europeia supranacional.
Recordemos, então, a base da fundação da Europa e a sua personalidade única na história da Humanidade.
“A cultura da Europa nasceu do encontro entre
Jerusalém, Atenas e Roma, do encontro entre a fé no Deus de Israel, a razão
filosófica dos Gregos e o pensamento jurídico de Roma. Este tríplice encontro
forma a identidade íntima da Europa. Na consciência da responsabilidade do
homem diante de Deus e no reconhecimento da dignidade inviolável do homem, de
cada homem, este encontro fixou critérios do direito, cuja defesa é nossa
tarefa neste momento histórico.” (Bento XIV – Discurso no Parlamento
Alemão, 2011)
Percorrer
com lucidez a trajectória da nossa civilização, compendiando as conquistas
intelectuais, morais e espirituais das quais somos partícipes, servir-nos-á de
escudo protector contra os discursos dissolventes que grassam no interior da
nossa própria cultura, a debilitam, menorizam e induzem ao vazio moral e
espiritual, que se abateu sobre nós - o niilismo.
É
importante recordar a nossa História para fazer face às teorias enganadoras
daqueles cuja miragem é a destruição do Ocidente. O materialismo histórico, o
marxismo e suas variantes, reflectem a sua debilidade, na carência de uma
religiosidade autêntica e de uma espiritualização sincera por meio da qual
qualquer indivíduo poderá dar-se por capaz de sustentar em si a moralidade.
Werner
Jaeger na introdução do seu livro - Paideia: a formação do homem grego
– afirma que “a nossa história – na sua mais profunda unidade – ‘começa’
com a aparição dos Gregos.” Há uma unidade de sentido entre todos os povos
ocidentais e a Antiguidade Clássica, uma história “que se fundamenta numa união
espiritual viva e activa e na comunidade de um destino […] uma comunidade de
ideais e de formas sociais e espirituais que se desenvolvem e crescem
independentes das múltiplas interrupções e mudanças.”
Paideia é
uma palavra grega que não encontra noutra língua um termo equivalente que o
esgote, podendo, entretanto, na sua abrangência, aproximar-se de termos como
educação, civilização, cultura, literatura, tradição.
Educadores,
artistas, poetas, legisladores e filósofos gregos aspiravam a essa formação
humana. Mas o ideal grego de homem era dinâmico e não estático, tendo sido
capaz de acolher progressivamente as transformações enriquecedoras do seu
desenvolvimento histórico.
Não se resume
a oferecer uma cultura superior para a formação do estadista, mas de ensinar ao
indivíduo um antídoto contra a ignorância de si mesmo e da verdadeira
finalidade da vida, que é melhorar a alma, tornando-a mais Bela e apta para o
conhecimento do Bem. Essa nova ordenação de valores, pregada e vivida por
Sócrates, será sistematizada ou fundamentada metafisicamente nas obras de
Platão, por cujo ideal se dará a assimilação da filosofia grega por parte da
religião cristã.
Pressupondo
uma espécie de plano pedagógico da providência divina, passa-se a considerar
ter havido em Sócrates uma antecipação do Logos que
encarnara em Cristo. É de fundamental importância para a história do
Cristianismo a fusão conceitual entre a noção grega de Logos e o Filho de Deus.
Neste
contexto em que nos inserimos, surgiu um indivíduo que foi um ponto de ruptura
na modelagem da história, Jesus Cristo. A Sua mensagem dividiu a mentalidade
secular traduzindo assim a exponencial curva que se verifica a partir d´Ele em
termos de moralidade e dignidade do ser humano. O significado histórico do
advento do Cristo veio resgatar a nossa própria imagem perante nós mesmos, o
que em nada diminuiria o significado eterno da Sua palavra. Daí a importância
da relação explicitada por Jaeger na Paideia nos seguintes termos:
“O
início da história grega surge como princípio de uma valoração nova do Homem, a
qual não se afasta muito das ideias difundidas pelo Cristianismo sobre o valor
infinito de cada alma humana nem do ideal de autonomia espiritual. É
historicamente indiscutível que foi a partir do momento em que os gregos
situaram o problema da individualidade no desenvolvimento filosófico que
principiou a história da personalidade europeia. Roma e o cristianismo agiram
sobre ela”. Esse valor, essa dignidade e essa humanidade ideal estão presentes
nos pressupostos jurídicos do Ocidente.
Se o
mais específico do homem é sua alma imortal, então é no cuidado dessa alma que
a Paideia socrática encontrará o seu fundamento. E
essa Paideia é a exigência de uma vida superior, uma vida cuja
condição é posta em questão sob a perspectiva de sua adequação ou não aos bens
supremos da vida. Não se trata de oferecer uma cultura superior para a formação
do estadista, mas de oferecer ao indivíduo um remédio contra a ignorância de si
mesmo e da verdadeira finalidade da vida, que é melhorar a Alma, tornando-a
mais Bela e apta para o conhecimento do Bem.
É
historicamente indiscutível que foi a partir do momento em que os gregos
situaram o problema da individualidade no seu desenvolvimento filosófico que
principiou a “história da personalidade europeia”.
Roma e
o cristianismo agiram sobre ela.
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