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domingo, 10 de dezembro de 2023

Nadege Ilick, vítima de tráfico humano, conta a sua história para que outras histórias não se repitam

Será dentro de algumas horas que vai ser inaugurado mais uma edição do presépio ao vivo de Priscos, que este ano convida a olhar para a realidade do tráfico de pessoas humanas. Há 17 anos que a comunidade de Priscos acolhe, durante 12 meses do ano, reclusos que querem a sua reinserção social efetivada; durante um desses meses, a comunidade é também convidada a olhar as vítimas desses crimes.

Nadege Ilick aceitou contar a sua história para que mais histórias como a sua não se repitam. É uma jovem camaronesa de 29 anos, foi vítima de tráfico humano e hoje assume “ser uma mulher com palavra e opinião”, capaz de contar a sua história para que outros “não tenham vergonha”.

“Ao falar, podemos ter alguém que nos aconselhe. Eu por exemplo, ao falar, encontrei alguém que me levantou o moral e que me fez compreender que sou uma mulher. A minha palavra conta, a minha opinião conta, e a tristeza e as coisas más que me aconteceram no passado já passaram. Estou orgulhosa de quem sou e estou orgulhosa do que estou a viver, neste país”.

Dada em casamento, o seu primeiro marido morreu, tendo sido passada para o seu irmão; quando este faleceu, a família queria que Nadege Ilick fosse dada a outro familiar, mas a jovem recusou e fugiu para poder ser livre. No trajeto de fuga, que passou pela Argélia, Líbia e Lampedusa, antes de chegar a Portugal, a jovem esteve cativa, enganada e mantida numa casa de prostituição; teve um filho no chão de uma prisão, foi queimada pelos guardas em várias partes do sue corpo com cigarros, e atravessou o Mediterrâneo num barco de borracha lotado com o filho, na altura com seis meses, nos braços, prestes a ser abalroado e com água acima das suas cabeças.

Em Portugal foi acolhida por Helena Pina-Vaz que explica que a ajuda que presta é uma forma de “protesto pelo que acontece de mal aos outros”.

“O que é que eu posso fazer melhor do meu tempo? É muito indigno que nós estejamos a ver isto acontecendo. E isto acontece à mão dos seres humanos. E nós não podemos permitir isto. Eu não faço só para ajudar. Faço as coisas como protesto pelo mal que eu vejo acontecer, que não pode ser”.

Conheça melhor o projeto de Priscos pela voz do seu mentor, o padre João Torres, com quem conversamos.

A atualidade religiosa fica ainda marcada pelo fórum «Rise up» que juntou lideres juvenis do patriarcado de Lisboa para sonhar novos caminhos de renovação na Igreja na capital, também pela ordenação de novos diáconos, quer em Évora como em Aveiro, e pela inauguração do presépio e da árvore de Natal no Vaticano, com o Papa Francisco a convidar a atitudes de «silêncio» e «oração» e lembrou o drama das crianças na Terra Santa.

Há mais para ler, ver e ouvir em agencia.ecclesia.pt

Encontramo-nos lá?

Tenha um excelente domingo!

Lígia Silveira

 


www.agencia.ecclesia.pt

      



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