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sexta-feira, 3 de julho de 2015

"Judeus e cristãos: não mais estranhos, mas amigos e irmãos"

Francisco recebe em audiência os participantes da conferência internacional que celebra os 50 anos da Nostra Aetate

Cidade do Vaticano, 30 de Junho de 2015 (ZENIT.org)

O 50º aniversário da declaração Nostra Aetate oferece uma nova oportunidade para um balanço das relações entre judeus e cristãos, que, especialmente em Roma, já duram dois mil anos, embora "não tenham faltado tensões no curso da história".

O papa Francisco fez essas observações ao receber em audiência cerca de 250 participantes da conferência internacional realizada em Roma pelo Conselho Internacional de Cristãos e Judeus, de 28 de junho a 1º de julho, abordando “Passado, Presente e Futuro das Relações entre Cristãos e Judeus”.


Foi a partir do Concílio Vaticano II, em particular com a Nostra Aetate, que a Igreja disse um "sim" definitivo às raízes judaicas do cristianismo e enfatizou o "não" ao anti-semitismo. Neste 50º aniversário, nós podemos "olhar para os seus ricos frutos e fazer com gratidão um balanço do diálogo católico-judaico", disse o papa, destacando que devemos "expressar o nosso agradecimento a Deus por todo o bem que foi alcançado em termos de amizade e de compreensão mútua nestes últimos 50 anos".


"A nossa fragmentação humana, a nossa desconfiança e o nosso orgulho foram superados graças ao Espírito de Deus Todo-Poderoso, para que entre nós crescesse mais e mais a confiança e a fraternidade. Não somos mais estranhos, mas sim amigos e irmãos, porque confessamos, ainda que com perspectivas diferentes, o mesmo Deus, Criador do universo e Senhor da história. E Ele, na sua infinita bondade e sabedoria, sempre abençoa o nosso compromisso com o diálogo".


Além disso, "todos os cristãos têm raízes judaicas", lembrou Francisco. Por isso, "desde a sua criação, o Conselho Internacional de Cristãos e Judeus acolheu as diversas confissões cristãs", que "encontram a sua unidade em Cristo. O judaísmo encontra a sua unidade na Torá. Os cristãos crêem que Jesus Cristo é o Verbo de Deus feito carne no mundo; para os judeus, a Palavra de Deus está presente principalmente na Torá. Ambas as tradições de fé têm base no Único Deus, o Deus da Aliança, que se revela aos homens por meio da Sua Palavra".


"Na busca de uma atitude justa para com Deus, os cristãos se voltam a Cristo como a fonte de uma nova vida; os judeus, ao ensinamento da Torá", sublinhou o Santo Padre, apontando que esse tipo de reflexão teológica sobre a relação entre judaísmo e cristianismo tem um grande marco na Nostra Aetate, "que mudou para sempre a face do diálogo entre a Igreja e o mundo judaico".


É nesta "base sólida" que pode e deve ser desenvolvida ainda mais esta reflexão, que, durante o Concílio Vaticano II, disse o papa, levou em conta as dez teses elaboradas em Seelisberg, na Suíça, e ligadas à fundação do Conselho Internacional de Cristãos e Judeus.


"Era, em essência, uma primeira ideia da cooperação entre a sua organização e a Igreja católica", oficializada depois do concílio e, especialmente, após a criação da "Comissão para as Relações Religiosas com o Judaísmo", em 1974. "Esta Comissão da Santa Sé segue sempre com grande interesse as atividades da sua organização", assegurou o papa; em particular, as conferências internacionais anuais, que "dão uma contribuição vital para o diálogo judaico-cristão".



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