O pontífice fez a pé o caminho da procissão atrás da Custódia
Roma, 31 de Maio de 2013
A festividade e procissão do Corpus Christi também aconteceu
ontem em Roma. É a primeira do papa Francisco, que, depois da missa na
Basílica de São João encabeçou a procissão do Corpus Christi até a
Basílica de Santa Maria Maior. Ao contrário dos seus antecessores, que
estavam no veículo que levava o ostensório, o Papa Francisco fez o
percurso a pé, caminhando atrás da Custódia.
Os milhares de fieis reunidos na praça de São João de Latrão, na
frente da basílica que tem o mesmo nome, aguardavam o início da
celebração rezando o santo terço e cantaram o Salve Regina. A Eucaristia
foi do lado de fora da basílica, para permitir a presença da multidão.
A solenidade chamada de Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, é uma
das principais do ano litúrgico da Igreja católica e se celebra nove
dias depois de Pentecostes. Originou-se na Bélgica em 1247, para
reafirmar a presença de Cristo na Eucaristia por causa da tese
negacionista de Berengário de Tours, que dizia que a presença de Jesus
era meramente simbólica. Em 1264, o Papa Urbano IV estendeu a solenidade
para toda a cristandade com a bula Transiturus de hoc mundo. E com o papa Nicolau V, em 1447 começa a procissão pelas ruas de Roma.
São João de Latrão é a catedral de Roma e a sede do bispo desta
cidade, que é o Papa, e encabeça essa procissão enquanto é o bispo de
Roma.
"Esta noite - disse o Santo Padre, dirigindo-se aos fiéis presentes –
nós somos a multidão do evangelho, também nós procuramos seguir Jesus,
para escutá-lo, para entrar em comunhão com Ele na eucaristia, para
acompanhá-lo e para que nos acompanhe”.
"E diante da necessidade da multidão – lembrou o papa – a solução dos
discípulos era ‘cada um pense em si mesmo’ e dispersar a multidão”. E
lamentou: "Quantas vezes nós, cristãos, temos esta tentação! Não
cuidamos das necessidades dos outros e os dispensamos com um piedoso
‘Boa sorte’”. E pediu “para ser instrumentos de comunhão, para
compartilhar com Ele e com nosso próximo o que nós somos. Então –
concluiu o pontífice – nossa existência será verdadeiramente fecunda”.
Depois da missa, a procissão saiu de ‘São João de Latrão’ e foi pela
avenida Merulana, uma antiga avenida, até a basílica de ‘Santa Maria
Maior’. Durante o percurso de aproximadamente 1,3 Km vários grupos,
associações e confrarias acompanharam a procissão, com grande variedade
de bandeiras, símbolos e hábitos religiosos, dos Cavaleiros da Ordem de
Malta, aos escuteiros, passando pelos Arautos o Evangelho e um grupo da
Irmandade do Senhor dos Milagres do Peru.
Também participava da manifestação o numeroso público localizado nas
calçadas ao longo do caminho, atrás das barreiras de protecção, muitos
deles com velas acesas.
O papa Francisco acompanhou em oração o Santíssimo sacramento que
estava exposto num ostensório, seguido pelo cardeal vigário Agostino
Vallini, os cardeais, os bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas, e
os milhares de fieis que participaram.
Depois de chegar na Basílica de Santa Maria Maior, o santo padre deu a bênção eucarística concluindo assim a procissão do Corpus Christi.
A procissão teve períodos de ausência, como o período de 63 anos
desde a queda de Roma, na unificação italiana, até 1933, quando Pio XI a
recomeçou. Depois foi descontinuada e o papa João Paulo II, que devido
ao regime comunista na Polónia não a podia realizar, não aceitou a ideia
de que numa cidade como Roma se tivesse perdido a tradição e
revitalizou-a em 1979 apesar do cepticismo daqueles que consideravam que
já não era possível fazê-la. As primeiras foram com poucas pessoas, e
aos poucos foi aumentando até hoje, que já são milhares os que
participam.
O arcebispo emérito de Czestochowa, Stanislaw Nowak, lembrou em uma
entrevista concedida a ZENIT que, quando "o então cardeal Karol Wojtyla
foi eleito papa, renovando e celebrando a primeira procissão em Roma, ao
mesmo tempo as autoridades comunistas da Polónia concederam a
autorização para que a procissão do Corpus Domini voltasse à praça
principal de Cracóvia. E isso para nós foi uma grande alegria”. http://www.zenit.org/it/articles/giovanni-paolo-ii-e-il-corpus-domini
(Tradução do original espanhol por Thácio Siqueira)
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