Páginas

sexta-feira, 7 de junho de 2013

O fundador de «Ginecólogos Católicos» conhece o outro lado: ele também foi doutor abortista

Antonio Oriente, o «Nathanson» de Itália

Antonio Oriente, fundador e vice-presidente da Associação Italiana de Ginecólogos e Obstetras Católicos, não o esconde: «Sou ginecólogo e até há poucos anos matava os filhos dos demais com as minhas próprias mãos», lamenta.

Actualizado 15 de Maio de 2013

Sabrina Pietrangeli Palazzi / L´Ottimista


No princípio foi Bernard Nathanson. Falamos do famoso ginecólogo estadunidense que durante a sua época de trabalho activo coleccionou mais de 75.000 abortos, até que se deu conta do que significava a «humanidade» do feto e realizou um autêntico caminho de conversão que o levou a escrever «A mão de Deus». Desde esse momento, o seu trabalho converteu-se numa luta por completo a favor da vida incipiente.

Mas «a mão de Deus» continua trabalhando em todos os continentes, e também Itália tem o seu próprio Nathanson: é o doutor Antonio Oriente. Também ele, como Nathanson, vivia a sua quotidianidade praticando abortos rotineiramente e hoje, sem dúvida, é fundador e vice-presidente da Associação Italiana de Ginecólogos e Obstetras Católicos. Uma mudança radical que ele explicou recentemente num congresso realizado pela associação.

Silêncio absoluto
«Chamo-me Antonio Oriente, sou ginecologista e, até há poucos anos, eu, com estas mãos, matava os filhos dos demais». Gelo. Silêncio absoluto. A frase pronunciada é seca, sem reflexo de dúvida, lúcida. A verdade sem falsas beatices, com a crueza lógica e a simplicidade de quem compreendeu e já pagou as consequências. A de quem teve tempo de pedir perdão.

Chamam a atenção duas coisas desta frase e são duas enormes verdades: a palavra «matava», que desvela o engano do termo interrupção voluntária, e a palavra «filhos». Não embriões, não agrupações de células, mas sim filhos. Simplesmente. E o doutor Oriente considerava que a sua prática quotidiana de abortos era uma forma de assistência às pessoas que tinham um «problema».

«Vinham ao meu estúdio – conta -, e diziam-me: “Doutor, tive uma aventura com uma mulher, eu não queria deixar a minha família, amo a minha esposa. Mas agora esta mulher está grávida, ajude-me...”. E eu ajudava-o. Ou ainda melhor chegava uma rapariga e dizia: “Doutor, era a primeira vez que me deitava com alguém, não é o rapaz com quem me quero casar, foi simplesmente algo ocasional. O meu pai matar-me-á se sabe... Ajude-me!”. E eu ajudava-a. Não pensava que me estava equivocando».

Anos de calvário
Mas a vida continuava fazendo-o pensar: ele, como ginecologista que era, também trazia crianças à vida. A sua mulher, como pediatra, assistia às crianças dos demais. Mas não conseguiam ter filhos próprios. Uma esterilidade insidiosa e sem motivo era a resposta à sua vida quotidiana.

«A minha mulher foi sempre uma mulher de Deus. Só graças a ela e à sua oração algo mudou. Para ela não ter filhos era um sofrimento imenso, enorme. Todas as noites que voltava a casa encontrava-a triste e deprimida. Não podia mais. Depois de anos de calvário, uma noite qualquer não tinha vontade de voltar a casa. Desesperado, apoiei a cabeça no meu escritório e comecei a chorar como uma criança».

E precisamente ali, nesse momento, a mão de Deus fez-se presente através de um casal que o doutor Oriente assistia desde há algum tempo. Viram a luz acesa tarde no seu estúdio, temeram que tivesse acontecido algo e subiram. Encontraram o doutor neste estado que ele define como «de ter compaixão» e, pela primeira vez, abre o seu coração a duas pessoas que eram somente pacientes, praticamente desconhecidos.

Disseram-lhe: «Doutor, nós não temos uma solução para o seu problema. Sem dúvida, podemos presentar-lhe uma pessoa que sim pode dar-lhe um sentido: Jesus Cristo». E convidaram-no para um encontro de oração de que ele se esquivou habilmente.

Passou o tempo e uma noite, sempre inseguro sobre se voltar a casa ou não, decidiu fazê-lo a pé e, ao passar junto a um edifício, sentiu-se atraído por uma música. Entrou e encontrou-se numa sala onde algumas pessoas (casualmente o grupo de oração do casal que o tinha convidado) estavam cantando.

Num momento encontrou-se de joelhos chorando e recebeu uma revelação sobre a sua própria vida: «Como posso pedir um filho ao Senhor quando eu mesmo mato os filhos dos demais?».

O «não fazer» converte-se num problema
Aprisionado por um fervor improvisado, apanha um papel e escreve o seu testamento espiritual:
«Nunca mais morte, até à morte». Depois chama o seu «Amigo» e entrega-lhe, advertindo-o para que vigie sobre a sua constância e a sua fé. Passam as semanas e o doutor Oriente começa a viver de outra maneira. Começa também a coleccionar problemas, sobretudo entre os colegas no seu ambiente de trabalho. Em certos casos o «não fazer» converte-se também num problema: profissional, económico, de imagem.

Uma noite volta a casa e encontra a sua mulher vomitando. Pensa em alguma indigestão, mas continua vomitando nos dias seguintes.

Então, propõe à sua mulher fazer um teste de gravidez, mas ela nega-se veementemente. Eram demasiados os meses nos quais ela, silenciosamente, os fazia, e recebia uma punhalada ao ver que sempre eram negativos... Mas depois de um mês com este mal-estar, ele obriga-a a fazer um exame de sangue que mostra a presença do BetaHCG: Estavam esperando um filho!

Passaram os anos. Os dois filhos que a família Oriente recebeu como um dom são hoje adolescentes.

A vida deste médico mudou totalmente. É menos rico, menos famoso, uma «mosca» num ambiente onde o aborto se considera ainda como uma «forma de ajuda» a quem, devido a uma vida pouco ordenada ou de um engano, o solicita.

Mas ele considera-se rico, profundamente rico. De alegria familiar, dos seus valores, do amor de Deus, dessa mão que o acaricia cada dia fazendo-o sentir digno de ser um «Filho seu».



in

Sem comentários:

Enviar um comentário