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segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Vale a pena ser santo!

“Têm razão em apostar: verdadeiramente vale a pena, verdadeiramente não é tempo perdido!” - Palavras encorajadoras do Papa dirigindo-se aos jovens que quiseram participar, à sua maneira, na preparação do Sínodo sobre a Juventude. Com a determinação entusiasta dos jovens, eles responderam ao apelo do Papa e transmitiram à Igreja as suas ideias, as propostas e os pedidos. E o Papa em uníssono com toda a Igreja responde: “Agradeço-lhes por terem querido apostar que vale a pena sentir-se parte da Igreja ou entrar em diálogo com ela; vale a pena ter a Igreja como mãe, como mestra, como casa, como família... vale a pena nadar contracorrente e aderir a valores altos, como a família, a fidelidade, o amor, a fé, o sacrifício, o serviço, a vida eterna.” Sim, vale a pena ser santos! - este é, afinal, o desejo dos jovens e de toda a Igreja.

E é possível ser santo na juventude vivendo cada dia com a coragem da normalidade. Em Abril de 2016 o Papa Francisco autorizou a promulgação do Decreto de Virtudes Heróicas de Montse Grases uma jovem falecida aos 18 anos que “morreu sem ter feito nada de extraordinário, limitando-se a fazer extraordinariamente bem as coisas normais”. Através dos testemunhos dos pais e muitos amigos – que se encontram numa biografia já publicada * - ficamos a conhecer a vida da jovem Montse: “tinha um temperamento alegre, divertido, jovial, muito brincalhão... e com algum geniozinho!” - recorda a mãe - “há quem espere encontrar nela algo de extraordinário já em pequena... a Montse era uma menina com os mesmos gostos de todas as outras meninas da sua idade. Não era "uma menina santa" porque os santos não nascem, fazem-se...” e continua “procurá­mos transmitir-lhe o sentido cristão da vida e aquilo em que acreditávamos e que procurávamos viver”. “A Montse não era pessoa para se deixar pressionar por ninguém. Era uma rapariga com ideias próprias... com os seus 15 anos tinha muita personalidade... a Montse não era manipulável!- refere uma amiga. E continuam os testemunhos cheios ternura e normalidade. Aos 18 anos, chegou o momento do “grande salto interior – recorda o irmão Enrique - Até àquele momento, a sua vida tinha sido, em grande parte, fruto da educação cristã que nos tinham dado em casa. Mas foi nesse momento que se encontrou frente a frente com a experiência forte da dor que se identificou com a agonia de Jesus na Cruz. Descobriu que estava condenada - por assim dizer - a morrer dentro de pouco tempo, e começou a ser heróica nas coisas pequenas e a levar à prática os ensinamentos sobre o amor de Deus no meio do sofrimento, que todos ouvimos tantas vezes mas que só podem ser vividos de verdade quando se experimenta essa dor na própria carne.” E assim a recordam várias amigas - Montse tinha conseguido algo mais do que dissimular a dor: tinha-a convertido em alegria, em risos. “Era extraordinário, ela soube da gravidade da doença com muitos meses de antecedência. Recordo que uma vez lhe perguntamos como estava e disse com toda a simplicidade: - Bem... Disseram-me que não chegarei ao Natal.» E ao vê-la reagir assim também nos parecia normal o facto de ir morrer dentro de pouco tempo e estar alegre e feliz.

Montse seria heróica até ao fim. Sofreu todos os passos da agonia final com as suas dores e medos. “ Mamã, tenho medo... tive muito medo... duvidei da existência do Céu. E se nos enganámos...”  Depois, voltou a alegria e a paz: “Estou perfeitamente bem!” e serenamente partiu.

Desde 2016 a Igreja passou a considerar a jovem Montse Grases venerável.

* Cejas, José Miguel, “Montse Grases – Biografia breve”

Rosa Ventura



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