“Têm razão em apostar: verdadeiramente
vale a pena, verdadeiramente não é tempo perdido!” - Palavras encorajadoras do
Papa dirigindo-se aos jovens que quiseram participar, à sua maneira, na
preparação do Sínodo sobre a Juventude. Com a determinação entusiasta dos
jovens, eles responderam ao apelo do Papa e transmitiram à Igreja as suas ideias,
as propostas e os pedidos. E o Papa em uníssono com toda a Igreja responde: “Agradeço-lhes
por terem querido apostar que vale a pena sentir-se parte da Igreja ou entrar
em diálogo com ela; vale a pena ter a Igreja como mãe, como mestra, como casa,
como família... vale a pena nadar contracorrente e aderir a valores altos, como
a família, a fidelidade, o amor, a fé, o sacrifício, o serviço, a vida eterna.”
Sim, vale a pena ser santos! - este é, afinal, o desejo dos jovens e de toda a Igreja.
E é possível ser santo na juventude
vivendo cada dia com a coragem da normalidade. Em Abril de 2016 o Papa Francisco autorizou a promulgação do Decreto de
Virtudes Heróicas de Montse Grases uma jovem falecida aos 18 anos que “morreu
sem ter feito nada de extraordinário, limitando-se a fazer extraordinariamente
bem as coisas normais”. Através dos testemunhos dos pais e muitos amigos – que
se encontram numa biografia já publicada * - ficamos a conhecer a vida da jovem
Montse: “tinha um temperamento alegre, divertido, jovial, muito brincalhão... e
com algum geniozinho!” - recorda a mãe - “há quem espere encontrar nela algo de
extraordinário já em pequena... a Montse era uma menina com os mesmos gostos de
todas as outras meninas da sua idade. Não era "uma menina santa"
porque os santos não nascem, fazem-se...” e continua “procurámos transmitir-lhe
o sentido cristão da vida e aquilo em que acreditávamos e que procurávamos viver”.
“A Montse não era pessoa para se deixar pressionar por ninguém. Era uma
rapariga com ideias próprias... com os seus 15 anos tinha muita
personalidade... a Montse não era manipulável!- refere uma amiga. E continuam os
testemunhos cheios ternura e normalidade. Aos 18 anos, chegou o momento do
“grande salto interior – recorda o irmão Enrique - Até àquele momento, a sua
vida tinha sido, em grande parte, fruto da educação cristã que nos tinham dado
em casa. Mas foi nesse momento que se encontrou frente a frente com a
experiência forte da dor que se identificou com a agonia de Jesus na Cruz.
Descobriu que estava condenada - por assim dizer - a morrer dentro de pouco
tempo, e começou a ser heróica nas coisas pequenas e a levar à prática os
ensinamentos sobre o amor de Deus no meio do sofrimento, que todos ouvimos
tantas vezes mas que só podem ser vividos de verdade quando se experimenta essa
dor na própria carne.” E assim a recordam várias amigas - Montse tinha
conseguido algo mais do que dissimular a dor: tinha-a convertido em alegria, em
risos. “Era extraordinário, ela soube da gravidade da doença com muitos meses
de antecedência. Recordo que uma vez lhe perguntamos como estava e disse com
toda a simplicidade: - Bem... Disseram-me que não chegarei ao Natal.» E ao
vê-la reagir assim também nos parecia normal o facto de ir morrer dentro de
pouco tempo e estar alegre e feliz.
Montse seria heróica até ao fim. Sofreu todos os
passos da agonia final com as suas dores e medos. “ Mamã, tenho medo... tive
muito medo... duvidei da existência do Céu. E se nos enganámos...” Depois, voltou a alegria e a paz: “Estou
perfeitamente bem!” e serenamente partiu.
Desde 2016 a Igreja passou a
considerar a jovem Montse Grases venerável.
* Cejas, José Miguel, “Montse
Grases – Biografia breve”
Rosa Ventura |
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