A magnanimidade é a
virtude dos líderes e liderar é ajudar os outros a crescer, é educar, é trazer
à superfície a grandeza de que eles são portadores, as grandes qualidades da
Pessoa, não é
implantar modelos pré-concebidos em pequenos cérebros.
Não se trata de ensinar
técnicas de liderança, de como manipular as pessoas, de como ser bem-sucedido,
mas antes de lhes mostrar o que é a liderança virtuosa, tendo por base a
virtude, o carácter, a magnanimidade e a humildade. Magnanimidade enquanto
grandeza e humildade enquanto serviço. A ideia será demonstrar que a liderança
tem como objectivo alcançar a magnanimidade que há dentro de nós, não tem a ver
com sucesso, dá relevo às pessoas e não as coisifica, nem as usa como peças
duma engrenagem para atingir lucro ou prestígio.
Para se ser um líder, é
fundamental que se seja também um bom ser humano e que se compreenda o
significado de humanidade, tal como é preciso amar as pessoas e ter o desejo de
as servir.
A virtude da magnanimidade
consiste na luta do coração, do espírito e da vontade para alcançar grandes
feitos, mas é a virtude da humildade, que o ajudará a ser um servidor dos outros.
Os gestores são pessoas que fazem as coisas acontecer: gerir é saber como fazer
as coisas e como levá-las para a frente. Um líder é alguém que se interessa, em
primeiro lugar, pelos seres humanos e por os conduzir o mais longe possível.
Desta forma, um bom gestor sabe que se, a longo prazo, quiser ser um bom líder,
terá de cuidar das suas pessoas, porque só assim é possível atingir bons re sultados.
Uma pessoa pode ter muitos conhecimentos, conhecer
muitas culturas, mas continuar “pequena” se não for magnânimo, se não sonhar,
se não procurar transformar o outro, se só pensar em ganhar dinheiro.
A única grandiosidade
verdadeira traduz-se no crescimento espiritual das pessoas e não em termos
materiais. Assim, a única grandiosidade possível é a pessoal e é isso que os
líderes fazem: educam as suas pessoas, ajudam-nas a crescer, a serem magnânimas
e a encontrar sentido para as suas vidas.
“O pensamento é: “Eu
tenho de ser aquele que vai mudar a humanidade, agora!” Temos talentos e temos
que estar a par dos nossos talentos. Temos de agradecer a Deus pelos nossos
talentos, pelo que devemos utilizá-los. Tem a ver com a dignidade e a
criatividade de cada um. Ensino aos meus alunos como desenvolver as virtudes da
grandeza e da humildade. Tem sido uma enorme descoberta para mim e para muitas
pessoas. Fomos criados para a grandeza, não para a mediocridade. Muitas pessoas
são exemplo de grandeza, devemos aprender com elas. O mundo nunca mudará se
tivermos uma visão fraca da humildade, se tivermos uma mente pequena. A
humildade deve estar ligada à magnanimidade.”
Todas as virtudes, como a
prudência, coragem, auto-controle e justiça estão relacionadas entre si, são
como os dedos de uma mão que crescem em conjunto. O que significa que não é
possível alcançar a magnanimidade, que é a virtude da excelência, se não se trabalhar
todas as outras. Assim, poderemos dizer que o ser humano é intelecto, vontade e
coração. Ou seja, existem virtudes que estão enraizadas no intelecto, como a
virtude da prudência. Ou as que estão enraizadas na vontade, que são a coragem,
o autocontrolo e a justiça. E depois existem virtudes específicas como a
magnificência e a humildade que não estão enraizadas no intelecto – e que
servem a pessoa na sua plenitude – mas sim no coração e de uma forma muito
profunda e ao mesmo tempo estética.
Hoje o termo
magnânimo parece ter caído em desuso, talvez por isso existam pessoas “pequenas”
porque misturam o Individualismo com o Socialismo. “O Socialismo diz-nos que
não somos ninguém. O todo é alguma coisa, mas nós, enquanto seres únicos, não
somos nada. O Socialismo fala da Sociedade, não há lugar para o indivíduo. O
Individualismo diz-nos precisamente o contrário: não precisamos de servir os
outros, somos grandes, não precisamos da Sociedade. “Eu, eu e só eu”. No
Individualismo não há substância – eu como Deus, sem sentido de dignidade
pessoal.”
A magnanimidade é a virtude
da grandeza, não basta apenas cumprir as quatro virtudes cardeais. Ora, a
liderança deve ser um sonho na nossa vida, um sentido de missão, um desejo de
multiplicarmos os nossos talentos e de actuarmos almejando atingir as virtudes supremas – a magnanimidade e a humildade.
Viver
de forma virtuosa num mundo fragmentado, dividido e com uma ausência
assustadora de ética em muitos dos seus domínios não é tarefa fácil, mas se
recorrermos a grandes exemplos, ter bons modelos, criar pontos de referência e
um ambiente em que se fomente a magnanimidade, quer a nível profissional, familiar
ou social, onde nos devemos também situar com desígnios de dignidade, de
orgulho na tradição, valorando os afectos, poderemos transformar a realidade,
acrescentando-lhe um sentido pessoal de grandeza, de continuidade, e de missão
a cumprir em prol duma liderança inteligente activa e dignificante, que se
projecte numa melhoria do todo comum, pessoal, familiar e profissional.
*Inspirado
no livro “Liderança Virtuosa” de Alexandre Havard, fundador do Virtuous Leadership Institute
Maria Susana Mexia
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