Deram-me conhecimento de um
evento subordinado ao tema “Como Potenciar um Perfil de Liderança” promovido
pelo Instituto “Virtuous Leadership”
que teria lugar no dia 26 de Outubro de 2018, no Auditório da Caixa Económica
do Montepio Geral. Achei o tema interessante. Já que o aprender não ocupa
lugar, logo esta formação constituiria certamente um enriquecimento pessoal.
Convidei uma amiga para me
acompanhar que aceitou de bom grado em virtude do interesse que tinha no tema a
abordar. No dia da conferência, encontrámo-nos um pouco mais cedo com o
objetivo de dar uma volta pela zona. Entrámos na Igreja de S. Nicolau. Recordei
que há muitos anos atrás quando vinha visitar a minha avó, naquela zona, era
usual participar com a minha avó na missa nesta Igreja. Vieram-me ao pensamento
estas estadias na sua enorme casa. Tudo me parecia muito grande na cidade de
Lisboa. Ficava fascinada com os elétricos, o movimento, as montras, os cheiros…
Recordo que a avó me levava a lanchar na pastelaria Suíça. A avó olhava para
mim recomendando que não me sujasse, que não colocasse os cotovelas em cima da
mesa, que não cruzasse as pernas. Um dia fomos tomar chá a casa de uma amiga.
Tinha netos. Fomos para o jardim da casa brincar. Resolvi andar num carro de
criança. Infelizmente o vestido ficou sujo com óleo. Uma vergonha. Estas vindas
a Lisboa ficavam sempre cheias de memórias. Depois havia uns tios já com alguma
idade, muito austeros, indo às vezes almoçar a sua casa. Era um cerimonial.
Tinham umas caras muito sérias. Eram almoços infindáveis, com prato de peixe e
de carne. Pouco se falava. Um silêncio quebrado pelo barulho dos talheres e da
empregada a servir. Sabia que o tio era um comerciante abastado. Até tinha uma
loja de brinquedos! Ousei durante o almoço pedir-lhe que me trouxesse uma
boneca. A avó mudou de cor. Pediu desculpa. Percebi que tinha cometido uma
gaffe. O tio olhou-me por detrás dos seus óculos com um olhar algo severo que,
se fosse possível, saía da mesa. Afinal era só uma boneca! Claro que nunca tive
a boneca. As tias já com alguma idade levaram-me para uma sala, talvez
condoídas, tendo resolvido emprestar-me algumas bonecas suas para brincar com
uma recomendação. Que não as estragasse. Eram muito bonitas, de louça, os olhos
abriam e fechavam. E eram assim as vindas de férias a Lisboa repletas de
episódios, de regras e de normas. Apesar de tudo gostava. Ainda conservo em meu
poder o primeiro missal que a avó ofereceu. Só há algum tempo me apercebi que
era em língua francesa. Devia ser da sua mãe que era de origem francesa. Como
os tempos mudam em todos os aspetos. A cidade está diferente. A educação
também. Fui partilhando com a minha amiga estas memórias.
Entretanto, chegámos ao local da
conferência de que ouso fazer um pequeno resumo que, de modo algum, reflete a
riqueza da comunicação. O orador, Alexander
Harvard, abordou questões sobre o desenvolvimento da personalidade
pretendendo promover uma liderança virtuosa. Dou ênfase a uma frase do
conferencista, mencionando François Michelin
que referiu: “É preciso partir a pedra, para descobrir o diamante que está
dentro”. Obter a grandeza, conduzindo à luz a grandeza dos outros, com uma
visão elevada do ser humano, trazendo à superfície o seu talento. Certamente,
todos nós teremos presente alguém que deu sentido à nossa vida, fazendo
desabrochar o nosso potencial tendo como pano de fundo as quatro virtudes
cardeais as quais constituem a base da nossa vida: a justiça, a fortaleza, a prudência
e a temperança. O orador referiu ainda a magnanimidade e a humildade enquanto
virtudes de grandeza e de serviço. Aristóteles escreveu: “Um homem magnânimo, é
um homem que se considera digno de grandes coisas”. Saber sonhar, pensando em
coisas boas e grandes, tentando tornar esses sonhos em ações concretas. Para
isso importa, em primeiro lugar, conquistarmo-nos a nós próprios, termos uma
visão concreta das nossas capacidades e defeitos, ou seja, o desafio de nos
focarmos no nosso ponto negativo para o ultrapassar, o que exige uma vontade
forte, um intelecto brilhante e um coração enorme, colocando sempre as pessoas
em primeiro lugar. Uma pessoa magnânima tem sentido da sua dignidade pessoal.
Não se importa com o que os outros dizem de si próprio. Constitui o
prolongamento da contemplação da vida interior, saindo de si próprio. Alexander Harvard, que já editou alguns
livros sobre os temas abordados, realçou ainda que cada um de nós tem de
procurar conhecer o seu temperamento. Esse desafio trará grandeza à nossa vida.
Importa, pois, sonhar connosco próprios de modo a contribuirmos para uma
sociedade mais justa humana e solidária.
Fiquei feliz com a riqueza do
tema da conferência. A formação é muito importante. O saber não ocupa lugar e
enriquece-nos. Foi uma tarde excelente e em boa companhia. Deus permita que cada
um coloque em prática os conhecimentos adquiridos.
Maria Helena Paes |
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