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quinta-feira, 6 de junho de 2013

Finanças do Vaticano: um modo de servir a Igreja

Esclarecimentos de Ernst von Freyberg, Presidente do Instituto para as Obras de Religião


Roma, 03 de Junho de 2013


Trabalhar pelas finanças do Vaticano é “um modo de servir a Igreja”, disse Ernst von Freyberg, ressaltando a finalidade de “transparência” para que a luz do “Evangelho” triunfe sobre as “sombras”, inclusive as das transacções financeiras.

O advogado financeiro e empresário alemão, Ernst von Freyberg, foi nomeado Presidente do “Instituto para as Obras de Religião” (IOR) em Fevereiro (Cf. Zenit, de 15 de Fevereiro de 2013). Ele falou da missão do Instituto, em uma entrevista publicada no L'Osservatore Romano de 1º de Junho de 2013.

Sem fins lucrativos
O IOR, explica Ernst von Freyberg, está “a serviço da Igreja no mundo”, e garante “uma protecção para os fundos das instituições da Igreja, do clero e dos funcionários do Vaticano”, mas, também, apoia financeiramente o Vaticano “pelo excedente gerado”, se houver.

O Instituto possui 19 mil clientes e cerca de 7 mil milhões de euros sob sua gestão, sublinhou o Presidente, ressaltando que esses clientes têm “liberdade de escolha” e optaram pelo IOR porque se sentem “seguros” e “muito satisfeitos”. Na verdade, o IOR não é um “empreendimento destinado ao lucro”, e tem por missão “servir a seus clientes nos bons e maus momentos”.

Muitas ordens religiosas e dioceses que depositam seus fundos no IOR os utilizam integralmente “ao serviço da Igreja no mundo” nos “hospitais, clínicas, missões, escolas [...]”. Eles realizam “um trabalho formidável a serviço dos pobres”, e o IOR “os ajuda nesta missão”, avalia o Presidente.

Ernst von Freyberg insistiu: “Não fazemos isto pelo ganho económico, mas, exclusivamente, pelo interesse de servir a Igreja. Tudo o que ganhamos serve a missão da Igreja. Vai levar muito tempo para que esta mensagem seja compreendida. Começaremos lentamente, mas em dois ou três anos, a percepção do IOR mudará.”
Em resumo, “o IOR oferece um serviço extraordinário para a Igreja Católica e por tudo o que ela faz no mundo.” Contudo, ele deve “prestar os seus serviços de modo a não obscurecer a mensagem da Igreja”, a saber, que “a sombra seja extinta” e que "brilhe o evangelho.”

Um modo de servir a Igreja
As metas do presidente reportam-se a três domínios: de um lado, os sistemas internos do IOR devem ser perfeitos, com “uma tolerância zero pela actividade ilegal.” De outro, acrescenta ele, é necessária “uma melhor comunicação” na “transparência”, tanto com “a Cúria”, quanto com os “clientes” e “com o mundo em geral”. Neste contexto, o IOR já se comprometeu a publicar o seu relatório anual e a criar um site (Cf. Zenit, de 16 de maio de 2013). Finalmente, “ao término do verão”, a equipe pretende “criar os fundamentos para o futuro do IOR”, melhorando os procedimentos e ajustando as estruturas.

Referindo-se ao seu posto de trabalho, Ernst von Freyberg enfatiza que não se candidatou ao cargo: ele foi “chamado” provavelmente "a sua experiência e a sua fidelidade à Igreja", e ele aceitou a oferta como "uma excelente maneira de servir ao Papa e à Igreja."

O Presidente participa, ocasionalmente, da missa matinal com o Papa, na capela da Casa Santa Marta, e se diz profundamente marcado por suas homilias “muito inspiradoras”, particularmente uma delas em que o Papa exortou a “distinguir os fantasmas e a realidade”. No IOR, observou Ernst von Freyber, “há tantos fantasmas” do passado que o maior risco é que caçamos fantasmas e não nos concentrarmos na realidade.”

Após a missa, o papa apertou a mão de cada um dos colaboradores do IOR: “este sinal de afecto é um forte lembrete de nossa responsabilidade enquanto instituto vinculado a Igreja", sublinha o Presidente.

Enquanto a Autoridade de Informação Financeira (AIF) relatou seis casos de transacções suspeitas durante o ano de 2012, sete já foram notificados em 2013: “Esta é uma boa notícia”, disse Ernst von Freyberg, constatando o sucesso do sistema de combate à lavagem de dinheiro. Além disso, diz ele, “são, apenas, transacções suspeitas. Pode não haver nada de ilícito por detrás delas.” No entanto, o Presidente decidiu “estar absolutamente seguro de que temos contas e transacções bancárias limpas”.

(Tradutor da língua francesa para a língua portuguesa: Cristian José Oliveira Santos)



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