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quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

Na despedida pública a Bento XVI



Para alguns não será um adeus definitivo, porque será sempre possível revistar o seu pensamento e visitar o local onde ficarão os restos mortais, mas de uma forma pública, as últimas homenagens acontecem hoje, ao iniciar a manhã, na Praça de São Pedro, local onde o Papa emérito Bento XVI tantas vezes falou e saudou os fiéis.

Mais de 160 mil pessoas, desde segunda-feira, atravessaram a nave da Basílica para durante pouco mais do que cinco segundos prestarem homenagem – o relato é do vaticanista da Agência Ecclesia, Octávio Carmo, que fala da comoção e do silêncio na despedida a Bento XVI.

Hoje cerca de 100 mil pessoas são esperadas nas cerimónias de carater inédito, que ficarão na história. O futuro dirá quão inédita será a cerimónia…

Se o passar dos dias vai trazendo a serenidade e o distanciamento sobre a notícia da morte do Papa emérito, diferentes vozes ajudam a vincar o legado e ajudam a construir a História.

O padre Federico Lombardi, presidente da Fundação Joseph Ratzinger-Bento XVI, disse hoje à Agência ECCLESIA que o falecido Papa esteve sempre “do lado da solução” na crise dos abusos sexuais de menores, por membros do clero.

“Para mim, seria uma gravíssima injustiça acusá-lo, nesta matéria”, referiu o sacerdote, antigo porta-voz do Vaticano, salientando que Bento XVI foi “aquele que enfrentou a crise, durante muito tempo, e fez a sua parte, segundo as respetivas competências”.

Também o padre Manuel Morujão, o antigo porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa e secretário da CEP, em 2010, aquando da visita de Bento XVI a Portugal, disse à Agência ECCLESIA que a cidade e o mundo se despedem de Bento XVI como “alguém da família”.

“As pessoas mostravam saudades de alguém da família. Mais do que o intelectual, do professor, do chefe de Estado, era o familiar próximo, que fica no coração, e isso é muito belo”, sublinhou, indicando o “avó comum, santo, sábio e carinhoso”.

Na audiência desta quarta-feira o Papa Francisco recordava “o grande mestre da catequese” e valorizava o seu “pensamento perspicaz” e “não autorreferencial, mas eclesial”.

“Nestes dias experimentamos de modo particular quanto a comunidade de fé é universal e não termina, nem com a morte”, lembrou, convidando quem o acompanhava na Sala Paulo VI a unir-se em homenagem ao Papa emérito Bento XVI.

O arcebispo alemão Georg Gaenswein, secretário particular de Bento XVI, relatou os últimos momentos de vida do Papa emérito, até ao “último suspiro”. Para D. Georg Gaenswein, a força do falecido Papa estava no seu lema episcopal, “colaborador da verdade”, vivendo a fé que proclamava.

“Ele sempre dizia: ‘A fé deve ser uma fé simples, não simplista, mas simples. Porque todas as grandes teorias, todas as grandes teologias são baseadas no fundamento da fé’”, acrescentou.

Não conheci, não privei, nunca cruzei o meu olhar com Bento XVI, mas recordo bem o momento em que ouvi o seu nome pela primeira vez, em abril de 2005, quando dava os primeiros passos no jornalismo, desconhecendo que em 2010 acompanharia a sua visita a Portugal. Nasci no mês e ano em que o mundo conheceu João Paulo II, mas radico no pontificado de Bento XVI a vontade de dar razões da, e, à minha, fé. E este é um caminho sem fim.

Tenha um excelente dia!

Lígia Silveira

 


www.agencia.ecclesia.pt

      



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