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segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Vaticano organiza encontro inter-religioso para pressionar cimeira sobre o clima

Em Outubro

Vaticano organiza encontro inter-religioso para pressionar cimeira sobre o clima

 | 18 Jun 21

Vaticano quer reforçar as ideias defendidas pelo Papa Francisco na sua encíclica Laudato Si’. Foto: Direitos reservados.

 

O Vaticano e as embaixadas do Reino Unido e da Itália na Santa Sé promovem, a 4 de Outubro próximo, o encontro Fé e Ciência: Rumo à COP26, que reunirá cerca de 40 líderes das principais religiões do mundo e dez cientistas de “renome internacional”. No final do encontro, será lançado um apelo conjunto, de forma a pressionar a Conferência das Partes, que decorrerá entre 1 e 12 de Novembro, em Glasgow (Escócia)

A iniciativa, apresentada em conferência de imprensa nesta sexta-feira, no Vaticano, pretende ser “representativa das principais crenças e denominações religiosas de todas as partes do mundo”, como afirmou a embaixadora do Reino Unido na Santa Sé, Jane Axworthy, citada na Ecclesia. 

O encontro será realizado em lugares diferentes do Vaticano e Roma, e tratará a questão da emergência climática e a necessidade de um compromisso global para cuidar da criação.

Citada pela mesma fonte, Axworthy realçou a “convergência de pontos de vista” de vários responsáveis religiosos na defesa do ambiente e os mais afectados pela crise climática, “em particular os povos indígenas, pequenos Estados insulares e países menos desenvolvidos”. “Estamos a ficar sem tempo”, acrescentou.

A ideia de realizar este encontro já tinha sido referida no dia 25 de Maio pelo cardeal Peter Turkson, prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral (DSDHI), durante a conferência de imprensa de apresentação da Plataforma de Acção Laudato Si’, na manhã desta terça-feira, 25, no Vaticano. 

O documento que resultará desta antecipação da 26.ª Conferência das Partes (COP26) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas pretende também reforçar as ideias defendidas pelo Papa Francisco na sua encíclica Laudato Si’, há seis anos – que, na altura, serviu para pressionar no sentido de se chegar ao Acordo de Paris.  

“Renegociar as nossas relações com a natureza”

Na conferência de imprensa desta sexta-feira, o secretário do Vaticano para as relações com os Estados, o bispo Paul Richard Gallagher, afirmou que “se não soubermos como enfrentar o desafio das alterações climáticas, não seremos capazes de responder a nenhuma pergunta urgente hoje em dia”. 

Gallagher acrescentou que o encontro de 4 de Outubro, festa litúrgica de São Francisco de Assis, no calendário católico, pode ser uma “grande oportunidade” para trabalhar juntos pelo “multilateralismo”.

“Temos de renegociar as nossas relações com a natureza”, contra uma “cultura da indiferença e do desperdício que caracteriza a maior parte da humanidade”, acrescentou. E a COP26 deve também ajudar a “repensar estilos de vida” e fazer “escolhas difíceis” para decidir como será a vida no planeta nas próximas décadas, num “momento-chave da história da humanidade”.

O bispo Gallagher afirmou ainda “altamente provável” que o Papa participe no encontro, uma vez que está “muito comprometido” na defesa do ambiente. 

Pietro Sebastiani, embaixador da Itália na Santa Sé, anunciou entretanto que Milão acolherá, entre 30 de Setembro e 2 de Outubro, a pré-COP, ou seja, a reunião preparatória de ministros, que decorre normalmente um mês antes da Conferência do Clima. Na mesma cidade, realiza-se ainda, de 28 a 30 de Setembro, um encontro de 400 jovens e jovens adultos entre os entre os 15 e 29 anos, oriundos de 197 países, para formular propostas concretas sobre as questões ligadas à emergência climática.

Em estudo, conforme foi dito em Maio pelos responsáveis do Vaticano, está ainda a possibilidade de o Papa Francisco e o Patriarca Ecuménico Bartolomeu, primaz da Igreja Ortodoxa, poderem ir à COP como factor adicional de pressão política. 

Na mesma ocasião, o cardeal Turkson acrescentou que é “fundamental limitar o aumento da temperatura média global dentro do limite crucial de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, pois excedê-la seria catastrófico”.


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