Nota da Comissão Nacional Justiça e Paz
De 31 de outubro a 13 de
novembro decorreu em Glasgow a COP 26. Foram dias intensos de reflexão onde se
voltaram a ouvir chamadas de atenção cada vez mais veementes e intensas acerca
da necessidade absoluta de mudança dos comportamentos e hábitos que têm
contribuído, de um modo evidente, para as crescentes alterações climáticas.
Apesar desta evidente
necessidade, já se esperava que os acordos não fossem alcançados de um modo
fácil, até porque já se sabia também que os líderes de alguns dos países que
mais têm contribuído para a situação atual não estariam presentes, nem se
fariam representar. Entre certezas, expetativas e esperanças, a Cimeira
decorreu, tendo sido assinados vários acordos e feitas várias declarações de
intenções na linha da urgência na redução de emissão de dióxido de carbono, do
metano, da desflorestação, do uso do carvão para a produção da eletricidade, da
eliminação progressiva da exploração e produção dos combustíveis fósseis. Ao
olhar para os passos dados, não podemos deixar de sublinhar o que de positivo
há nos acordos assinados e nos progressos feitos, mas, igualmente, não podemos
deixar de reconhecer que estes se revelaram tímidos e ficaram muito aquém
daquilo que é verdadeiramente necessário. Se ficarmos só com estas decisões,
poucas coisas se alterarão, as desigualdades
continuarão a aumentar e serão sempre os mais vulneráveis os que mais sofrerão.
O tempo que estamos a viver é
verdadeiramente o tempo que nos é dado para tomarmos as decisões que se impõem.
Como disse recentemente, a 17 de novembro, o papa Francisco aos participantes
no Encontro Mundial das Comissões Justiça e Paz das Conferências Episcopais: «Em
cada parte do mundo o desenvolvimento integral e, portanto, a justiça e a paz,
só se podem construir através destas duas vias: o cuidado da casa comum e a
fraternidade e a amizade social. Duas vias que têm a origem no Evangelho de
Cristo, mas com o qual podemos caminhar juntos com muitos homens e mulheres de
outras confissões, de outras religiões e mesmo sem nenhuma determinada pertença
religiosa».
Não podemos continuar a ignorar
os perigos e a adiar as decisões, não podemos também continuar a depender só da
decisão dos líderes das nações. É agora chegada a vez das comunidades e da
cidadania, é agora chegada a nossa vez. Neste sentido, a Comissão Nacional
Justiça e Paz, na linha do comunicado da delegação da Santa Sé na COP 26, apela para um genuíno
sentido de responsabilidade para com as gerações presentes e futuras, de modo a
incentivar e promover as mudanças de estilos de vida e de mentalidades que
favoreçam e acelerem o cuidado com a nossa casa comum, de modo a responder
verdadeiramente ao grito da terra e ao grito dos pobres.
A tarefa que temos pela frente
não é fácil, mas, como cristãos, sabemos que o Criador não nos abandona, nunca
recua no Seu projeto de amor, nem Se arrepende de nos ter criado. A humanidade
possui ainda a capacidade de colaborar na construção da nossa casa comum (cf.
LS nº 13).
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