Sacerdote relata experiência de completar triatlo de longas distâncias, na Dinamarca
Lisboa, 26 ago 2016 (Ecclesia) – O padre Ismael Teixeira, conhecido
como ‘ironpriest’ (padre de ferro), recordou com “grande emoção” a
passagem na meta da ‘Ironman’ de Copenhaga, a sua primeira prova de
triatlo de longas distâncias, onde cumpriu um “sonho” pessoal.
“Desatei a chorar, ajoelhei-me a rezar, beijei o chão dessa terra onde
fiz a primeira loucura desportiva, como forma de agradecer a Deus”,
recordou hoje à Agência ECCLESIA o primeiro sacerdote no mundo a
completar uma prova do género.
11 horas, 13 minutos e 49 segundos foi o tempo do padre Ismael Teixeira
na Dinamarca, tendo ficado em 910.º lugar da geral, entre 2848 atletas.
Foram 3800 metros a nadar, 180 quilómetros de bicicleta e uma maratona
(42,195 quilómetros), pelo que o padre Ismael Teixeira considera que
agora a alcunha ‘ironpriest’ (padre de ferro) lhe “assenta bem”.
“[Deus] Levou-me ao colo em várias partes da prova, senti isso mesmo.
Só isso explica ter superado todos os tempos que tinha proposto. Na
maratona sofri muito e várias vezes veio a vontade de andar em vez de
correr”, conta o sacerdote.
O vigário paroquial (coadjutor) da igreja de Santa Isabel, em Lisboa,
cruzou a meta, no último domingo, com “grande emoção” e a “sensação do
sonho cumprido”.
Para o sacerdote, que desde a sua infância em Trás-os-Montes praticou
vários desportos, o triatlo é o “mais completo” que um cristão, “alguém
que acredita no mistério da Santíssima Trindade” - Pai, Filho e Espírito
Santo -, pode praticar.
“Vejo uma prática que me ajuda a louvar este mistério de amor que é
este Deus Trindade, que nos ama infinitamente”, acrescentou o
entrevistado.
O ‘ironpriest’ português aproveita os treinos e as provas para contar
“orações, Ave-Marias, Pai-nossos”, até porque um “homem de fé” também
passa por dificuldades.
“A oração é o ‘doping’, sobretudo na parte da natação, em que tenho
mais medo, é a minha parte mais fraca. Claramente, é fundamental ser
homem orante, encontro forças para seguir sempre adiante”, disse o
sacerdote, assinalando que também reza pelos outros atletas.
Na última prova, teve mesmo vários pedidos de oração, um sinal “ótimo”
da presença da Igreja Católica no desporto, em campos onde “os homens
procuram alegria, vida saudável”.
Neste contexto, já sugeriu ao cardeal-patriarca de Lisboa a criação de um departamento dedicado ao desporto.
“Acho importante, porque tenho tido um feedback muito positivo das
pessoas que me conheceram no campo do desporto e voltam a olhar para a
Igreja como lugar de amor, de misericórdia”, desenvolveu o padre Ismael
Teixeira.
O sacerdote considera que “o desporto também é lugar de evangelização,
pastoral” e incentiva os párocos a associar-se às iniciativas que se
realizam nos seus territórios, dado que “muitos eventos estão associados
a causas de caridade”.
Para o também professor universitário, a preparação desportiva
sistemática ajudou a “organizar melhor” a agenda para tentar “conciliar
tudo, mas ainda assim às vezes falta aos treinos, porque o mais
importante na sua vida é “ser padre”.
Aos 41 anos de idade, o padre Ismael Teixeira cumpriu também o “sonho”
de tornar-se atleta do Sport Lisboa e Benfica, o seu “clube do coração”
desde criança, “uma parceria ideal” onde tem acesso a todos as
estruturas que estão disponíveis para os outros atletas.
CB/OC
in
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