Pedro Castro (esquerda), junto ao padre Brian Kolodiejchuk (centro) |
Pedro Castro fala da «intervenção» da religiosa no processo que o levou à cura da Hepatite C
Lisboa, 31 ago 2016 (Ecclesia) - O português Pedro Castro vai
acompanhar este domingo a cerimónia de canonização de Madre Teresa de
Calcutá, no Vaticano, com uma intenção especial, agradecer a
“intervenção” da nova santa no processo que o levou à cura da Hepatite
C.
Em declarações à ECCLESIA, Pedro Castro recorda o momento em que a
futura santa entrou na sua vida, através do padre Brian Kolodiejchuk,
postulador da causa de canonização da ‘mãe dos pobres’.
“Eu conheci-o por acaso no Algarve numa altura em que estava doente,
com uma doença gravíssima, com uma hepatite C, que estava num estágio já
avançadíssimo de deterioração do fígado. E os médicos tinham-me dito
que eu precisava absolutamente de tomar um medicamento muito caro, que
tinha acabado de sair”, relata, numa entrevista que vai integrar a
próxima edição do programa ‘70x7’, este domingo, na RTP2.
O caso remonta a 2015, quando surgiu um medicamento que tinha 97 por
cento de eficácia na cura da hepatite C - mas ainda não comparticipado
pelo Serviço Nacional de Saúde, pelo que o tratamento custava na altura
cerca de 46 mil euros.
“A única hipótese era vender a minha casa”, frisa Pedro Castro, cuja
história ganhou um novo rumo após o encontro com o padre Brian.
O sacerdote incentivou-o a esperar e a ter confiança na Madre Teresa,
entrou em contacto com Calcutá e a sua intenção foi colocada junto da
campa da religiosa, onde todos os dias é celebrada Missa por essas
intenções.
“A seguir, o que aconteceu foi um conjunto de acontecimentos enormes
que levou a que Portugal fosse o país do mundo que mais depressa passou a
custear esse tratamento para a Hepatite C”, conta Pedro Castro, que
desde então passou a olhar para a vida com uma perspetiva diferente.
O católico português diz não ter dúvidas de que houve “uma intervenção da Madre Teresa” para ajudar a resolver a situação.
“A certa altura, aquilo que eu senti, e isso foi muito bonito, foi que
não era uma história minha que se estava ali a viver, porque eu tinha
uma casa para vender. Com certeza que era chato, mas podia ter a minha
vida assegurada, a minha cura assegurada. Mas havia 90 e não sei quantas
mil pessoas em Portugal que não tinham e todos os dias morriam
pessoas”, recorda.
Este evento levou Pedro Castro a conhecer mais a fundo a história de
Madre Teresa, que considera uma mulher “extraordinária” e “um presente
que ganhou na sua vida”.
“Faz-me lembrar a toda a hora de que o importante não sou eu e que
existe um Deus que é bom e que a nossa vida foi feita para os outros
(…). Ela só se preocupava com os outros, não tinha tempo sequer para ser
feliz, na cabeça dela esse não era o problema, o caminho dela”, realça.
A canonização de Madre Teresa de Calcutá está marcada para este
domingo, na Praça de São Pedro, a partir das 10h30 (menos uma em
Lisboa).
A futura santa, vencedora do prémio Nobel da Paz, faleceu em 1997 e foi beatificada por João Paulo II em 2003.
Para Pedro Castro, a cerimónia será “uma festa” e “um dia de céu, em
que vai ser reconhecida a beleza, a grandeza e a nobreza de uma mulher
como a Madre Teresa”.
“Estou muito contente, vou com a minha mulher, estou felicíssimo, não
posso estar mais feliz, sei que vêm pessoas do mundo inteiro que são
devotos da Madre Teresa e que querem estar e viver este dia com
alegria”, conclui.
A canonização, ato reservado ao Papa desde o século XIII, é a
confirmação, por parte da Igreja Católica, que um fiel católico é digno
de culto público universal (os beatos têm culto local) e de ser
apresentado aos fiéis como intercessor e modelo de santidade.
HM/JCP
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