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quinta-feira, 5 de março de 2015

Pio XII: o Schindler do Vaticano

Apresentada a pré-estreia mundial de "Shades of Thruth", filme-investigativo que fala a verdade sobre o Papa Pacelli


Roma, 05 de Março de 2015 (Zenit.org) Gianluca Badii


A pré-estreia do filme "Shades of Truth" foi apresentada neste dia 2 de Março no Vaticano. Um filme sobre a figura de Pio XII, escrito e dirigido por Liana Marabini. Da troca de frases no filme, emerge toda a força do seu propósito: revelar a verdade sobre o papa Pacelli e ter a honestidade intelectual para defende-la, embora não coincida com o que tem se falado e acredito durante décadas. De facto, o filme apoia a seguinte tese: Pio XII não era o “Papa de Hitler”, mas, pelo contrário, foi “o Shindler do Vaticano”.

A história é protagonizada por David, um jornalista de origem judeu, interpretado por David Wall. A sua tarefa é preparar um dossier sobre o Papa, já que nesses dias um filantropo judeu concedeu uma entrevista afirmando que o Papa Pacelli salvou 800 mil judeus. Desde o começo, porém, surge um problema: o próprio jornalista está cheio de preconceitos contra o Papa, segundo ele, é culpável de não ter condenado publicamente os crimes nazistas e, especialmente, por não ter feito nada pelas vítimas judaicas da perseguição e tê-las entregue a Hitler.

A posição do jornalista choca com as declarações do filantropo, e até mesmo com as ideias de sua namorada Sarah, interpretada por Jennifer Mischiati; o casal entrará em crise por causa do egoísmo dele. Uma luz surge em David que entende que talvez tenha que questionar suas crenças. Parte então para Roma, onde conhecerá o cardeal Salvemini (Christopher Lambert), que trabalha na causa de beatificação do Papa. Graças a este encontro poderá consultar os documentos do Arquivo Secreto do Vaticano e ficar em contacto com as pessoas que irão ajudá-lo em sua busca. Movendo-se entre Telavive, Berlim e Lisboa, David lentamente vai desmoronar suas crenças, em uma série de histórias emocionantes que culminarão em um final surpreendente.

Neste filme, a verdade histórica se confunde e se funde com a verdade pessoal de uma única pessoa; as convicções de David, que acredita nas mentiras que foram contadas sobre o Papa Pacelli, e não existe tarefa mais difícil do que lutar contra si próprio e as próprias ideias. Mas, a verdade deve sobressair.

Deve vir à tona para fazer justiça à figura do Papa, à Igreja Católica no seu todo e não só. Limpar a imagem de Pio XII de todas estas calúnias ditas até hoje, significa fazer justiça a todos aqueles que foram salvos por ele e que foram feridos por essas calúnias.

Deste conceito partem os passos do filme de Marabini, que não é produto da imaginação ou da invenção, mas do estudo de cem mil páginas de documentos e testemunhos pouco conhecidos ou inéditos, de judeus que sobreviveram ao Holocausto.

‘Shades of Truth' conta o que aconteceu naqueles anos, e como o Papa escondeu inúmeras famílias no Vaticano e em Castel Gandolfo. Além de ter fabricado 34 placas com o escudo do Vaticano para colocar nas portas de residências para enganar os soldados alemães de que eram propriedade da Santa Sé para que não fossem controladas, e poder esconder ali famílias e crianças judias.

O Papa Pacelli convenceu, entre outros, um funcionário da embaixada de Portugal para que desse visa para milhares de judeus, permitindo-lhes a expatriação.
 
Quando David encontra Madre Maria Angélica (Marie-Christine Barrault), ex-hippie que se tornou uma freira de clausura descobre que Pio XII enviou cartas para todas as nunciaturas do mundo pedindo protecção para os judeus e respeito pelas suas crenças religiosas e costumes.

David ansioso para saber por que o Papa fez esses gestos e não condenou publicamente o nazismo, recebe da freira uma resposta: “O Papa, com a sua diplomacia conseguiu salvar muitíssimas vidas, o que não teria podido fazer se tivesse condenado publicamente o nazismo”.

David, no regresso da sua viagem mudou, e a verdade sobre o Papa Pacelli mudou suas convicções. Encontra a sua serenidade com Sarah, que herda uma caixa de uma tia falecida, na qual descobre que os seus pais foram salvos pelo papa Pio XII durante a Segunda Guerra Mundial.

O filme será apresentado no Festival de Cannes e nos Estados Unidos, durante o encontro das Famílias que acontecerá em Setembro na Filadélfia, com a presença do Papa Francisco.

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