De acordo com o arcebispo maronita de Damasco, o compromisso de Francisco para a paz no Oriente Médio é louvável
Roma, 05 de Março de 2015 (Zenit.org) Luca Marcolivio
A cidade de Damasco está nas mãos do governo Assad, os
subúrbios estão nas mãos dos rebeldes, enquanto a situação em Aleppo é
decididamente desequilibrada a favor das forças jihadistas. Este é o
cenário descrito pelo arcebispo Nassar Samir, arcebispo de Damasco dos
Maronitas, que falou ontem, 4, numa conferência de imprensa na Casa Bonus
Pastor, poucas horas depois de ter participado na audiência dos bispos
amigos dos Focolares com o Papa Francisco.
“O dia 15 de Março é o quarto aniversário da guerra e nós não
esperamos nada além da paz", disse o prelado sírio, referindo também a
incapacidade dos sírios residentes de apoiar economicamente os seus
familiares, devido ao bloqueio das contas bancárias no país, enquanto
que “quem quer deixar o país não encontra mais um consulado ou uma
embaixada”.
À margem da conferência de imprensa, monsenhor Samir respondeu a algumas
perguntas de ZENIT, destacando principalmente a própria gratidão pela
ajuda demonstrada pela Santa Sé e pelo Pontífice.
ZENIT: Excelência, no mundo católico, tanto no Ocidente
quanto no Oriente, são numerosos aqueles que argumentam que o Papa
Francisco e o Vaticano não estão suficientemente comprometidos com a paz
na Síria e no Iraque e que estejam basicamente calando sobre a
perseguição dos cristãos. O que você acha?
Dom Nassar Samir: A Igreja Católica, desde o pontificado de Bento
XVI, está fazendo muito pela paz. Cinco anos atrás, houve o Sínodo
extraordinário para o Oriente Médio e a Exortação Apostólica pós-sinodal
Ecclesia in Medio Oriente se coloca como base para a paz nos nossos territórios.
Quanto ao Papa Francisco, eu acho que é benéfico lembrar que, já em Setembro de 2013 conseguiu parar o bombardeio na Síria. O Papa, então,
está fazendo muito, através de Cor Unum e da Caritas Internationalis,
para ajudar os refugiados na Síria e no Iraque.
O tema do nosso congresso em Castelgandolfo é Eucaristia, mistério de
comunhão. O Papa falou-nos esta manhã justamente nesta comunhão e na
paz. O que as igrejas na Síria estão se esforçando para fazer é criar
essa comunhão e estabelecer as bases para a paz.
Até a Itália está fazendo muito pelo nosso país: todas as escavações
arqueológicas na Síria estão nas mãos dos grupos de pesquisa das
universidades italianas.
ZENIT: Você acredita que a estratégia de terror que Isis está
semeando, poderia, a longo prazo, sair pela culatra e que a população
poderia se rebelar?
Dom Nassar Samir: Até o momento, as pessoas se limitam a fugir e não
têm a possibilidade de opor muita resistência. Os cristãos do oriente
médio são pessoas pacíficas, contrárias à guerra e qualquer tipo de
violência. O Isis ainda está distante de Damasco, portanto, não tenho um
conhecimento directo da situação, porém, no geral, as pessoas não querem
combater os terroristas, querem, pelo contrário, evitar a violência.
Alguns escolheram resistir e pegaram em armas, outros preferiram sair e
fugir. Aguardam a protecção da Organização das Nações Unidas e das
potências mundiais, mas ainda não chega.
ZENIT: Em um cenário tão apocalíptico, como é que é possível para os cristãos não serem dominado pelo medo?
Dom Nassar Samir: Falta medicamentos, médicos, água, electricidade e,
há quatro anos, não há nenhuma possibilidade de emprego ou salário e o
valor da moeda local entrou em colapso. Os cristãos mais ricos foram
embora, os outros vivem com pouquíssimos meios, por sorte há um pouco de
solidariedade que chega e a Igreja está ajudando as famílias a
sobreviver: é tudo o que podemos fazer!
(05 de Março de 2015) © Innovative Media Inc.
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