Em 1985 em visita à Terra Santa o grupo visitou o Cairo. No local onde a Sagrada Família, por tradição, foi acolhida; e logo alguns rapazes, contentes, mostraram a cruz que traziam ao peito. Eram cristãos e reconheciam-nos como cristãos. A cruz, Cristo, eles e nós em coerência com o evento fundacional do cristianismo. O pai natal é coerente com o Natal se associado a S. Nicolau, (Klaus), o Bispo de Mira, (Turquia), séc. III-IV, celebrado a 6 de dezembro. Ajudava os pobres; foi perseguido por acreditar em Jesus Cristo, Deus-homem encarnado, celebrado no Natal. Este sentido real é hoje muitas vezes apagado pela lenda nórdica e enganadora sem relação a Cristo e à sua Igreja. Esvazia o sentido cristão por um dia-bolismo (de separação) ao contrário do simbolismo (ligação) com o Natal de Jesus.
A secularização repaganizada do Natal, de há séculos para cá, rouba a coerência e promove o cancelamento do sentido de conteúdos e sinais de cultura e fé cristãs. Subentenderá este diabolismo intenções diabolizadas?
O missionário enfermeiro, o Pe. Manuel Nogueira, falecido em 2003, foi duas vezes preso em Nampula, terceira vez em Naamacha e quarta a domicílio por fazer da sombra dos cajueiros capelas de cristianização. Na prisão soube que a capela da clínica de S. Rafael tinha sido dessimbolizada (profanada) da sua verdade cristã e transformada em sala de mobilização revolucionária marxista-leninista ateia. Quando libertado viu nela cartazes a apregoar: «viva o marxismo-leninismo», e anotou que da purificação (sic) dos vestígios cristãos, só escapou a cruz, no alto do telhado, a proclamar Cristo a oferecer a sua vida ao Pai, por todos.
Não faltam secularistas extremistas com raiva à cruz e aos que a veneram por ser inseparável de Jesus, da oferta da sua vida e da fundação da Igreja, que continuam a odiar os cristãos. Em cerca de uns trinta países sem liberdade religiosa continuaram em 2022 a destruir igrejas, cruzes e presépios e imagens de anjos do Menino Jesus e a tirar a vida a muitos cristãos, padres e religiosas (60 na RDC, República Democrática do Congo), como já Herodes quis matar o Menino Jesus, à nascença, e matou os Inocentes de Belém.
Na Europa o uso de “saudações de estação” em vez de votos de Natal tem a mesma finalidade: apagar a Igreja. Nem faltam episódios de culto satânico para cancelar o cristianismo. Outra tática é o recurso a maiorias aparentes para silenciar as autênticas. Muitos cristãos, por timidez e medo, deixam-se apagar.
É certo que os cristãos não têm que usar os mesmos métodos dos canceladores. São, porém, convidados por Cristo a confessar e dar testemunho da sua fé como «a alma do mundo», no dizer da Carta a Diogneto do século II. As táticas de cancelamento paradoxais e incoerentes pretendem apagar Cristo: uns exigindo o direito de construir mesquitas nos países de cultura cristã; outros mantendo violências de negar liberdade religiosa nesses países muçulmanos e noutros marxistas ateus.
Muitos literatos da cultura helenista, inseparável da Bíblia e do cristianismo nascente, no Egipto, Síria, Arménia, Ásia Menor (Turquia), Grécia, Roma, tendem a ignorar a cultura e os autores cristãos dos primeiros séculos. Será que Paulo, Lucas, Filão, Inácio, Justino, Irineu e dezenas doutros têm de ser cancelados apesar de serem helenistas cristãos?
E a Igreja atual, fundada por Cristo deverá ser cancelada a pretexto dos abusos sexuais lastimosos e vergonhosos? Pelo facto de ser pecadora a Igreja atual não perde a ligação ao seu fundador, Jesus Cristo do Natal e doutras festas cristãs. Não anunciou Ele com sinais, parábolas, ações; e na paixão, morte e ressurreição que a sua Igreja seria de santos e pecadores, de trigo e de joio, até ao julgamento final? E que teria de se converter, arrepender e ser perdoada, vezes sem conta. Quem estiver sem pecado, atire a primeira pedra… (cf. Jo 8 1-11).
A ligação da Igreja ao Menino do Natal, à Missa, Lava-pés e Ressurreição é de ontem, hoje e amanhã, a mesma. Eu estarei convosco até ao fim dos tempos (Mt 28,20).
Sem Jesus Cristo e a Igreja que restaria para salvar a humanidade? Ele tem palavras de vida eterna (cf. Jo 6, 68).
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