Com o solstício do Inverno em que os dias começam a
crescer, celebramos a vitória da luz sobre as trevas.
As leituras que escutámos falam-nos da luz que
surpreendeu o povo que andava nas trevas. Falam-nos do fim do cativeiro de
Babilónia que permitiu ao Povo de Israel regressar a Jerusalém para reedificar
o templo e as muralhas da cidade. As trevas em que esse povo vivia mergulhado
eram a triste situação do cativeiro, eram as guerras e a morte, e também as
idolatrias que não lhe permitiam vislumbrar um futuro digno, um futuro de paz.
A luz, a grande Luz, que brilhou para esse povo está resumida num Menino
recém-nascido. Porque um Menino nasceu para nós, um Filho nos foi dado. Tem
o poder sobre os ombros e será chamado Conselheiro admirável, Deus forte, Pai
eterno, Príncipe da paz.
2 - A nós cristãos, este Menino, Príncipe da
Paz, foi revelado como sendo Jesus de Nazaré. Ele, no dizer da carta do
apóstolo S. Paulo a Tito, manifestou-nos a graça de Deus, fonte de salvação
para todos os homens e ensinou-nos a renunciar à impiedade e aos desejos mundanos
para vivermos, no tempo presente, com temperança, justiça e piedade, aguardando
a ditosa esperança da Sua segunda vinda. O Nascimento de Jesus
manifesta-nos a graça, quer dizer, o amor gratuito com que o Senhor nos ama.
Jesus Cristo Nosso Salvador entregou-Se por nós, para nos resgatar de toda a
iniquidade e preparar para Si mesmo um povo purificado, zeloso das boas obras.
Caríssimos irmãos: reconhecei-vos amados, gratuitamente, por
Deus. Na Sua misericórdia, no Seu amor que nós não merecemos, Ele resgatou-nos
do pecado, dá-nos o Seu Espírito e coloca-nos, como Seus filhos adotivos, a
viver na prática do bem.
3 - Os dois sinais que os anjos dão aos pastores
para poderem reconhecer o Salvador, foram estes: Um Menino recém-nascido envolto
em panos e deitado numa manjedoura. Estes sinais manifestam-nos a presença de
Jesus nascido nas nossas vidas. Envolvido em panos pode significar para nós a Sua
debilidade e a necessidade de obedecermos à Lei. Deitado numa manjedoura, como
num pequeno túmulo, Jesus apresenta-Se-nos como alimento espiritual. De facto,
Ele nos convida, desde o Seu Nascimento, a vermos o Seu corpo como o novo maná,
como o Pão vivo descido do céu, que todos precisamos de comer para termos a Vida
Eterna.
4- E que podem significar
para nós as palavras cantadas pelos anjos: Glória a Deus nas alturas e paz
na terra aos homens por Ele amados? Para que haja paz na terra é necessário
que os homens deem glória a Deus. Quando cada um busca a sua própria glória e
se coloca no lugar de Deus, fomenta a guerra. Dar glória a Deus, desistir cada
um de aparecer como deus e aceitar-se como ser humano com as suas limitações,
leva-nos, necessariamente, a ver os outros como irmãos e a viver com eles em
paz.
Como todas as festas do
Senhor que celebramos, também o Seu Natal nos situa corretamente na nossa vida.
Jesus nasce para nós, para nos dar a Vida verdadeira e nos ensinar a verdadeira
Sabedoria, para nos libertar da escravidão e das trevas do pecado e nos
iluminar com a prática do bem. Agradeçamos-Lhe, caros irmãos e irmãs, e
peçamos-Lhe a graça de sermos anunciadores do Seu Amor salvífico neste mundo.
Quantas vezes, ao longo destes dois mil anos, as palavras do Evangelho amaciaram
os corações endurecidos e lhes deram a Sabedoria que fez aparecer a Caridade
onde antes só existiam ódios. Peçamos ao Senhor o fim da guerra atualmente em
curso entre a Rússia e a Ucrânia. Para que a Sua Paz cresça e triunfe, demos a
Deus toda a honra e toda a glória.
5 – Entre nós, o Natal é a festa das famílias. É a festa em
que se encontram, às vezes vindos de longe, os familiares que vivem dispersos.
É a festa das prendas, a festa da Consoada em que revivemos alguns momentos
mais simpáticos da nossa infância. Queridos irmãos e irmãs: como estão
diferentes as famílias neste nosso tempo! Quantos casais divorciados, quantas
pessoas recasadas, quantas crianças não têm a alegria de viverem com o pai e
com a mãe, quantos idosos estão em lares, longe dos filhos e dos netos…Não lhes
falta nada, mas tantas vezes não têm o calor de um abraço dos seus familiares.
Rezemos por eles! Amemo-los lembrando-nos deles não apenas no tempo do Natal,
mas ao longo de todo o ano.
Rezemos, unamo-nos no
Senhor, no Seu amor. Essa prenda podemos dá-la tão facilmente, e oferecemo-la
tão pouco!
Dar glória a Deus é também
suplicar-Lhe pelos nossos irmãos e amigos.
Caros irmãos e irmãs que
viestes á Missa do Galo. Alegremo-nos no Senhor! E com o mesmo Espírito de
Jesus que sendo Deus Se fez homem próximo de nós, aproximemo-nos também nós
daqueles que mais precisam, levando-lhes a paz e a alegria do Senhor.
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