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segunda-feira, 4 de julho de 2022

Palavras que nos ajudam a viver melhor

Nos dias de hoje, a sociedade oferece entretenimento sem interrupções. Basta pensar nas plataformas digitais e na quantidade enorme de conteúdos que temos disponíveis a qualquer hora do dia.

No entanto, não parece que isso nos tenha feito mais felizes.

Há uma sensação de vazio em muitas pessoas, e não é por falta de entretenimento: parece que é por excesso.

O mundo digital está a transformar tudo à nossa volta e, se não estivermos atentos, também pode transformar cada um de nós a partir de dentro.

Penso que um caminho (não o único, nem o mais importante) para pôr remédio a esta situação está relacionado com a revalorização da literatura e da poesia.

A literatura, se o é de verdade, é sempre um convite a parar e a contemplar a vida com olhos novos. Neste ambiente que nos circunda, penso que não é exagerado dizer que a palavra escrita, a poesia simples, possui maravilhosas propriedades terapêuticas.

É um verdadeiro remédio sem data de caducidade.

As palavras ajudam-nos a viver melhor, de um modo mais sereno, a procurar entender a condição humana e as suas diversas contradições existenciais. A literatura transforma a partir de dentro o ser do leitor.

Como alguém dizia, muitas vezes “é a palavra que nos faz ver, não os olhos”. Quando alguém nos explica o sentido de uma obra de arte, conseguimos vê-la com olhos novos. Antes era possível olhar para a obra de arte, agora conseguimos contemplá-la.

A contemplação da beleza faz-nos melhores. Se não, não é beleza.

A nossa vida é semelhante a uma obra de arte, e a boa literatura ajuda-nos a contemplá-la de um modo novo. A descobrir facetas que nos estavam ocultas pelo trabalho rotineiro do dia-a-dia e pela procura de entretenimento fácil no mundo digital.

Pe. Rodrigo Lynce de Faria


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