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sexta-feira, 5 de março de 2021

Ser pai

No dia 19 de Março costumamos festejar o Dia do Pai, por ser a festa de S. José. E este ano de 2021, por iniciativa do Papa, é dedicado a S. José (desde 8 de Dezembro de 2020 a 8 de Dezembro de 2021) e a Família (a partir de 19 de Março de 2021 até ao mesmo dia de 2022). É a altura ideal para tomarmos este santo como exemplo dos pais de família.

A paternidade de José começou pelo amor. S. Paulo aconselhava: “Maridos, amai vossas mulheres, e não sejais ásperos com elas.” (Col.3,18). O marido deve proteger a sua mulher. Portanto, é razoável supor que José tenha transportado a Virgem Maria, no seu “utilitário” burrinho, até casa de Santa Isabel e Zacarias para lhe poupar algum cansaço na viagem. Cuidar da mãe é já cuidar dos filhos.

Um dos primeiros cuidados paternais de S. José foi providenciar a circuncisão de Jesus oito dias após o seu nascimento. A circuncisão era um rito que recordava, e renovava, a Aliança que Deus fizera com o Povo eleito através de Abraão. Aquele sinal no corpo de cada varão, significava que cada casal se preocupava com a integração dos seus filhos no Povo eleito de Deus. Maria e José formavam um casal que dava um lugar importante à sua Fé. Anteriormente, os judeus eram servos de Deus. Depois, graças ao sacramento do Baptismo, os cristãos passaram a ser filhos de Deus. Estaremos nós conscientes desta realidade? Quanto tempo demoramos a baptizar os nossos filhos? Como cuidamos da sua formação cristã? Estaremos capazes de lhes ensinar os principais mistérios da nossa Fé? Lembramo-nos de que devem receber também o sacramento da Confirmação que lhes dará o valor necessário para vencer as tentações e respeitos humanos que os levarão a ser novos apóstolos?

Alguns meses depois, novos cuidados foram necessários. José organizou, com toda a urgência, uma viagem até ao Egipto para salvar a vida do Menino da ira e maldade de Herodes. Eis um exemplo que tantos pais e governantes querem não ver. Em vez de protegerem a vida, defendem o aborto, a eutanásia... e  desleixam aqueles – doentes e idosos - que sofrem dores, incapacidades, incompreensões, troças e falta de cuidados.

Pelos doze anos, Jesus já estava preparado, física e espiritualmente, para ir a pé de Nazaré a Jerusalém. Para lá foi, por ocasião da Páscoa, na companhia de um grupo de judeus fiéis e dos seus pais. Nota-se que devia estar fisicamente bem, pois se aventurou a ficar na cidade sem os pais. Também estava seguro do que devia fazer– era o próprio Deus – a ponto de conseguir dialogar no Templo com os doutores da Lei. E os nossos filhos e netos, estarão já com uma personalidade bem formada ao chegarem à adolescência? Terão a fortaleza necessária para se levantarem mais cedo e participar na Missa dominical, antes de ir para a praia? Serão adolescentes, rijos ou preguiçosos?

Nossa Senhora diz a Jesus “Teu pai e eu andávamos à tua procura, cheios de aflição” (Lc. 2, 48). É deste modo que cuidamos dos nossos filhos? Pensamos na sua segurança física e espiritual? Conhecemos os pais dos seus amigos e os seus professores, e falamos com eles regularmente? Sabemos qual o conteúdo dos seus livros escolares e o que se passa nas aulas?

Depois deste momento difícil, não voltamos a ouvir falar de José, mas sabemos que o seu Filho “...era-lhes submisso” (Lc.2, 51). Provavelmente, Jesus ajudava a Mãe a transportar água para casa e S. José na sua oficina de artesão. Nas bodas de Caná, José não é mencionado em nenhum dos quatro evangelhos, levando-nos a pensar que já teria morrido.

O Papa Francisco conta com a proteção de S. José para inspirar o comportamento dos pais do séc. XXI.

Isabel Vasco Costa



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