No âmbito da disciplina de Religião do Colégio Mira Rio, em Lisboa, várias alunas do 10º ano, escreveram comentários a diferentes frases que se encontram na conta do Instagram “Queima-te”: «Fizemos um post sobre o amor»; «Santos, não impecáveis», «Já não mudo. Não vale a pena», «Não há corações vazios», «Há muitas razões para não aceitar ajuda. Uma delas é o orgulho».
Aqui ficam alguns textos que queremos partilhar com os leitores do Jornal.
1 - ”Há muitas razões para não aceitar ajuda. Uma delas é o orgulho.”
Somos levados, desde sempre, a acreditar na nossa autossuficiência. Pretendemos que a nossa opinião prevaleça porque está certa, tomamos decisões porque sabemos o que é melhor para nós. Queremos mostrar uma armadura dura, resplandecente, sem falhas nem fendas por onde possa sair fragilidade. Escondemos as nossas incertezas e inseguranças por trás de uma fachada que erguemos para o nosso próprio bem. Se formos completamente independentes, podemos ter completa responsabilidade pelas nossas ações, ter todo o mérito pelo nosso sucesso, sentar-nos sozinhos no pedestal das nossas vitórias.
É-nos difícil admitir que não sabemos, ou que outros sabem mais do que nós. Pedir ajuda é aceitar descer alguns degraus, conformar-nos com a falibilidade e ignorância que nos caracteriza. Pedir ajuda é conceder ao outro mais poder. Aceitar o auxílio de um amigo numa sala em que estamos apenas nós os dois pode ser árduo, para muitos. Aceitar a ajuda de um professor em frente a toda a turma significa admitir perante todos que não sabemos, o que se torna mais difícil ainda. Pode parecer uma derrota conceder aos outros a noção de que eles sabem mais do que nós, e são por isso mais inteligentes, mais conhecedores, mais aptos para o sucesso na vida que se estende à sua frente. No entanto, ao deixar-nos silenciar pelo nosso orgulho, ficamos parados a observar o desenrolar da vida à nossa volta.
Pedir ajuda é aceitar perante nós próprios e os outros que não temos toda a sabedoria. E pedir ajuda a Deus também.
A presença de Deus na nossa vida implica aceitar que há “alguém” que sabe mais do que nós e é capaz de tudo. Alguns ateus argumentam que como não se pode ver nem falar diretamente com Deus, Ele não existe. Pode ser difícil aceitar como guia da nossa vida alguém que não vemos, e passar para as Suas mãos o poder de nos conduzir. É necessário deixar de lado o orgulho para aceitar a Sua ajuda e deixar que Deus pegue na nossa mão e nos guie pelo melhor caminho.
Podemos ser levados a pensar que conseguimos carregar o peso da nossa vida sozinhos, sem precisar de alguém que nos torne mais leves e melhores. Contudo, a nossa altivez apenas nos deixa mais sós e perdidos.
O orgulho é difícil de deixar de lado. Pode parecer que, quando a vida nos rebaixa, é o orgulho e a confiança que temos em nós próprios que nos traz de volta à superfície, dando-nos a força para acreditarmos nas nossas capacidades. No entanto, em vez de aceitarmos a mão incerta e fria do orgulho, podemos aceitar levar-nos pela mão amiga e forte de Deus, que nos leva aonde queremos chegar.
Maria Sykes, 10-A
2- ”Já não mudo. Não vale a pena.”
Mudar pode ser difícil, mas nunca é tarde demais para o fazer. E porque é que já não vale a pena? Quem te disse tal coisa? Só porque já ninguém te vê, desistes? Não deixes de ser tu mesmo só porque outros ficaram cegos. Não deixes de ser quem és e muda. Tem coragem para mudar. Muda para melhor, pois só assim encontrarás a felicidade. Vira-te para o que é bom. Vira-te para Deus e nunca te arrependerás, porque, para Ele, jamais será tarde e valerá sempre a pena mudar. Muda. Valerá sempre a pena.
3 - “Não há corações vazios.”
Todos nós acreditamos em alguma coisa, mesmo quando não conseguimos ver a luz do sol porque tudo são nuvens negras. Há sempre algo ou alguém que nos faz acreditar noutro algo ou alguém. Nunca deixamos de acreditar em, pelo menos, uma coisa. Por isso, não há corações vazios, pois existe sempre algo a preenchê-los. Deixa Deus preencher o teu coração para que este nunca fique vazio e preencherás o d´Ele.
Sofia Camões, 10-A
4 - “Fizemos um post sobre o amor”
O amor é o que faz com que fiquemos sensíveis aos sentimentos dos outros, com que tenhamos compaixão, empatia e sejamos recíprocos. Só o amor tem a capacidade/o dom de nos trazer a paz, de nos afastar da negatividade que nos diminui enquanto pessoas.
Mais do que a nossa satisfação, o “amor” que apenas e só nos traz felicidade a nós, “fácil”, é um “amor” egoísta. Não é amar de verdade uma pessoa é gostar da maneira como a pessoa nos faz sentir connosco mesmos, o que pode levar à instrumentalização.
“O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá.” (1 Coríntios, 13, 4-8)
Amor é algo que para além de nos fazer feliz é algo que custa, são necessários alguns sacrifícios e não é por isso que se desiste à primeira oportunidade. Amor é quando os dois fazem um todo.
Amor é como o que Deus tem por nós, o que Jesus fez por nós na cruz, o que os santos fizeram para chegarem ao céu.
“Deus amou de tal modo o mundo que entregou o Seu Filho único, para que todo o que nele crer não se perca, mas tenha a vida eterna.” (João 3,16)
Leonor Costa, 10-A
5 - “Santos, não impecáveis!”
Têm-se muito a ideia de que ser santo significa ser-se perfeito, não ter pecados, alguém imaculado. Na verdade, só existiu alguém na terra com tais características: Nossa Senhora! Portanto, se assim fosse não poderíamos nomear santos todos aqueles que atualmente são reconhecidos como tal.
O que significa ser santo? Se ser santo significar levar uma vida sem cometer nenhuma falta, sem matar uma mosca, sem ter preguiça de acordar de manhã, sem deixar os trabalhos de casa para o último minuto, se ser santo significar ser impecável, então todos os nossos esforços por alcançar a santidade são inúteis, porque pelo pecado original isso é humanamente impossível.
Se por outro lado, o nosso modelo de um santo for outro, as perspetivas são mais animadoras. Eu, que acordo rabugenta de manhã e bato com a porta ao sair de casa; que passo por uma amiga e finjo que não a conheço porque não me apetece falar; que não faço a cama de manhã; e que passo dias sem me lembrar de Jesus. Eu também posso ser santa, mesmo não sendo impecável!
Ao pensar em santidade devíamos lembrar-nos de São Pedro, o primeiro papa, que negou Jesus três vezes fingindo que não o conhecia; de Santo Agostinho que levou uma vida cheia de erros antes de deixar tudo para seguir Jesus; e também de São Mateus, cobrador de impostos, a quem Jesus chamou para Si. Estes e outros exemplos de pessoas que cometeram faltas mas que se arrependeram dá-nos a certeza de que também nós, com todas as nossas fraquezas, podemos, se quisermos, vir a ser santos.
Rita Aidos, 10-A
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