Quando a moda da comiseração de algumas mulheres se baseia pelo que acham que estão a perder, sentem-se umas desgraçadas por serem mães, é preciso focar no mais importante e ajudar a recentrar a beleza escondida nas coisas pequenas da maternidade.
Não, ser
mãe não é um fardo, não é uma canseira, um extra que a vida nos impôs, ou
melhor é isso e muito mais. So What?
É a maravilha de sermos confrontadas com o mistério da vida humana a cada
momento que passa na vida dos nossos filhos e na nossa. Sou uma mulher muito
mais completa e feliz desde que fui mãe pela primeira vez, bem sei que explicar
isto a amigas, não é evidente, tendo eu tantos filhos, mas a vida muda-nos as
prioridades: não compro tantas coisas, invisto mais na educação, livros,
actividades desportivas, em vez de comprar playstations que seria o grito de
loucura para outros miúdos, muitos sem companhia familiar e sem imaginação para
brincar. Aliás defendo que tecnologia é o menos possível, não há nada como o convívio
familiar, uma boa história à mesa e muitos jogos para nos divertirmos. Pequenas
coisas fazem-nos mais felizes como brincar em casa, dar um passeio, ir ver o
mar. No entanto, não são bens materiais, antes experiências que ficam na
memória deles e nas nossas de família.
Sou mãe de
cinco filhos, trigémeos rapazes, mais um rapaz e rapariga, dos 5 aos 9 anos.
Trabalho não me falta, seja com o dia-a-dia dos filhos, seja com a conciliação
da vida familiar e trabalho profissional.
Desde a
gravidez que não tenho noites tranquilas, como muitos pais e mães sabem, filhos
criados trabalhos dobrados. Nos primeiros anos com os trigémeos foram noites
trocadas, a casa do avesso, roupa para arrumar sem fim, nem me quero lembrar,
mas passou tudo tão rápido. A vida é muito dinâmica e o desafio agora é
ensiná-los a estarem motivados para a escola, aprenderem a estudar, dar-lhes um
sentido no meio de tanta confusão do COVID-19.
Na pandemia
o que me deu mais alento foi a imensa responsabilidade de ter de pensar o
futuro dos meus filhos, dar-lhes expectativas de vida, ter por que lutar,
porque muita gente ficou sem trabalho, sem horizontes para viver. E isso é
muito educativo, aprenderem enquanto são pequenos que a vida não é fácil, é
importante saberem enfrentar problemas agora, mais tarde vai dar-lhes um grande
input quando forem mais crescidos, e
surgirem os problemas na adolescência e na vida adulta, o treino de agora não é
em vão.
A
maternidade veio dar sentido à minha vida, projectou-me para um futuro que não
sei qual é, mas que seguramente será muito importante para a vida dos meus
filhos. Essa imensa responsabilidade dá-me ânimo para me levantar todos os dias
e pensar: e agora como vai ser o nosso dia?
Depois de
os miúdos estarem na escola, é tempo de rever as prioridades do meu dia, como
organizar o trabalho, falar com as amigas e onde vou pôr a ginástica?! Os dias
não são todos iguais, por isso, é preciso ir gerindo dia-a-dia com a vida dos
filhos. Porque de repente tudo muda, com o desconfinamento e volta a confinar.
Quando as
jovens mães me falam dos medos de ter mais um filho, falo sempre de que a
família é sempre mais feliz com um novo bebé, aquilo que parecia um drama,
torna-se na maior alegria da casa. E sejamos sérios precisamos de famílias com
filhos, sob pena de um acréscimo demasiado acelerado da baixa natalidade para a
renovação das próximas gerações.
Com o
inverno demográfico a aumentar todos os anos em Portugal, em 2020 nasceram
menos 1.887 bebés do que no mesmo período do ano passado. Verificamos uma
queda superior a 30%, o que aponta a pandemia como o principal motivo, a perda
de rendimentos, o confinamento e o teletrabalho.
Mas se a
preocupação das famílias está na questão do trabalho há sempre a possibilidade
de mudar de vida, há autarquias que promovem a vida das famílias, especialmente
no interior, e posso assegurar-vos que há muito mais qualidade de vida no campo
do que nas grandes cidades: comunidades mais pequenas que se interajudam, os
miúdos podem ir a pé da escola para casa, com mais segurança e mais tempo para
a família. O teletrabalho foi a grande mais-valia da pandemia, a inclusão na
lei do trabalho, permitiu, uma grande mudança de vida: uma melhor conciliação
da vida familiar e trabalho.
Vale a pena rever as prioridades e explorar ao máximo as novas potencialidades do novo normal, para investir numa vida com filhos e num projeto familiar sustentável, que seja acima de tudo feliz!
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