Em Portugal, o Dia da Criança é festejado no dia 1 de junho. Esta efeméride assinalou-se pela primeira vez em 1950 por iniciativa das Nações Unidas, com o objetivo de chamar a atenção para os problemas que as crianças então enfrentavam. Também agora, nos tempos em que vivemos, urge ter presente que todas as crianças, independentemente da raça, cor, religião, origem social ou país de origem, têm direito a muito afecto, amor, sensibilidade e compreensão, alimentação adequada, cuidados médicos, educação, proteção contra todas as formas de exploração para crescerem num clima de paz, harmonia, fraternidade, discrição e delicadeza, que possam contribuir para o seu pleno desenvolvimento integral.
“Discrição é… delicadeza. – Não sentes certa inquietação, um mal-estar íntimo, quando os assuntos – nobres ou correntes – da tua família, saem do calor do lar para a indiferença ou para a curiosidade da praça pública?” N. 642, do Caminho de São Josemaria Escrivá.
Quando comecei a receber formação espiritual no Opus Dei em 2014, pensava eu que já sabia o que era a santidade. Já tinha estudado teologia, já tinha feito imenso apostolado juvenil, já tinha frequentado congressos e campos de férias noutros países. Pensava que a santidade, fazer o bem, amar as pessoas, tudo consistia em usar t-shirts com mensagens positivas, ser muito simpático e sorridente para todos, e haver muitas pessoas a dizer bem de ti.
Tive duas surpresas quando comecei a frequentar os meios de formação do Opus Dei e a conviver com outros membros. A primeira, que não era tão santa como pensava. Até pelo contrário, com o passar do tempo, cada vez descobri mais aspetos em mim para melhorar.
A segunda era que fazer o bem e amar as pessoas (também conhecido como santidade) era algo muito mais subtil, escondido e até menosprezado do que eu imaginava.
Lembro-me da atitude de uma professora, quando uma aluna adulta lhe disse que estava enganada. Nunca tinha ouvido uma resposta dada com tanta calma, humildade e dignidade ao mesmo tempo. Ela não se defendeu, ouviu sem se ofender, mas também não se rebaixou nem ficou insegura.
Lembro-me do testemunho da minha médica, também membro do Opus Dei, que é altamente competente em termos técnicos e humanos, que nos ajudou de uma forma incrível e personalizada, embora isso não conste do seu currículo. Por vezes, as secretárias criticavam-na, que se atrasava nas consultas ou não chegava a tempo. Mas ela entrava e saía com a maior discrição e, sim, delicadeza, respondendo amavelmente a todos, mesmo que fossem altivos com ela.
Lembro-me de tantos exemplos de não responder ao mal com o mal, mesmo que seja só por palavras. Atos de coragem que nos fazem arriscar a vida, como ter filhos em condições difíceis, superar uma doença ou viver a morte de entes queridos com um olhar sobrenatural.
Nunca tinha conhecido pessoas que faziam coisas tão boas, tão competentes e generosas, mas sem as ostentar nem sequer as revelar. “Quando, pois, deres esmola, não permitas que toquem trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, a fim de serem louvados pelos homens. Em verdade vos digo: Já receberam a sua recompensa” (Mateus 6,2). Só tinha conhecido (como eu era) o género de pessoas que se gabavam a si próprias, que falavam mal dos outros e de todos os que faziam mal no mundo, mas deles próprios só havia coisas boas a dizer.
“Como é fecundo o silêncio! – Todas as energias que perdes, com as tuas faltas de discrição, são energias que subtrais à eficácia do teu trabalho.
- Sê discreto.” N. 645 do Caminho de São Josemaria Escrivá
Julie Machado |
Sem comentários:
Enviar um comentário