Nos tempos que estamos a viver, estas palavras têm o mesmo sentido para todos os povos que vivem sobre a terra: cuidado com o contágio por Covid-19 e suas novas estirpes. Aliás, noutros tempos, também há pessoas cuja proximidade pode representar um risco pessoal ou familiar. Sempre foi assim. Em todas as épocas, sempre surgiram momentos em que é necessário afastarmo-nos de alguém.
Senão vejamos: S. José viveu esta realidade e podemos seguir o seu exemplo ao longo deste ano a ele dedicado. Chamemos à nossa memória o episódio da fuga para o Egito. José foi avisado em sonhos da determinação de Herodes em matar Jesus. Caiu sobre os seus ombros a responsabilidade de proteger o Menino, sua mãe e ele próprio. Impunha-se fugir, afastarem-se todos daquele perigo. José apoiava-se em Deus, naquele Menino que parecia indefeso e era o Salvador, e na sua jovem esposa que sempre o apoiava nas suas decisões. O distanciamento parece, visto deste modo, ter uma consequência oposta que é a de levar à necessidade de uma maior aproximação de pessoas “seguras”, isto é, que além de não porem outros em risco, os animem e apoiem.
Há dias, falando com um primo acerca de outro parente, disse-lhe que não tinha sido muito boa pessoa. Logo ele me pediu que não continuasse a conversa pois esse familiar já tinha falecido. Dei-lhe razão e agradeci a correção, pois a minha não tinha sido uma atitude cristã. Para quê recordar queixas de uma pessoa que já não pode fazer mal? Para quê ouvir notícias tendenciosas? Para quê estudar assuntos por manuais que nos afastam da verdade? Para quê ler livros que põem em risco a fé em Deus e nos homens? Para quê procurar amizade com pessoas que nos podem induzir a pecar? Eis aqui alguns perigos que aconselham afastamento prudente.
Por outro lado, a mesma prudência aconselha uma aproximação livre (isto é, por escolha ou opção própria) de pessoas alegres com conversas construtivas; do descanso ao ar livre, da companhia e risos de crianças, de livros clássicos conhecidos pela sabedoria que transmitem, de Deus omnipresente mas materialmente escondido em todos os sacrários da terra, de um idoso solitário que nos faz sentir melhores, do marido ou da mulher já cansado e rezingão mas que ainda nos ama, da família e dos amigos com os quais podemos desabafar e encontrar o conforto da compreensão e bom conselho, de um sacerdote que tem o poder de limpar dos pecados confessados...
Se unirmos a vontade ao amor, eles farão mover-nos em direção ao enriquecimento próprio para o pôr ao serviço do bem comum. Assim, o confinamento a que o distanciamento social nos obriga levar-nos-á ao desejo de abrir as portas do nosso coração.
Isabel Vasco Costa
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