Enquanto voluntária da Via Vitae -
Associação Portuguesa de Apoio à População Sénior, solicitaram-me que
participasse na entrega do Prémio Envelhecimento Ativo Dra. Maria Raquel
Ribeiro, promovido pela APP - Associação Portuguesa de Psicogerontologia, que
conta com o apoio da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e da Fundação
Montepio. Face ao meu interesse por esta área aceitei de bom grado estar
presente no evento que teve lugar na sede da Associação Mutualista Montepio no
passado dia 2 de Outubro de 2018. Na verdade viria a constituir um excelente
momento em virtude de este evento ser ocasião de promover uma imagem positiva,
participativa, um reconhecimento público do contributo dos mais velhos que
dedicaram a sua vida a um trabalho de serviço à sociedade portuguesa. Reconhece-se
assim não só o seu valor social bem como proporcionar aos galardoados uma voz
ativa enquanto exemplo de vida de pessoas de idade superior aos 80 anos que se
destacaram nas seguintes áreas: Intervenção Social; Arte e Espetáculo; Ciência
e Investigação; Política e Cidadania; Ética e Saúde; Família e Comunidade.
Este Prémio possui ainda a
virtude de promover as relações intergeracionais, uma vez que contribui para
que as gerações mais jovens sintam orgulho nos mais velhos e os respeitem, não
os esquecendo e não os marginalizando. Pretende ainda chamar a atenção para uma
visão mais humana, abrangente, vendo em cada idoso a sua história de vida pessoal
a três níveis: passado, presente e futuro. São João Paulo II ensinou-nos:
“Olhar o passado com gratidão, o presente com paixão e o futuro com confiança”.
Na impossibilidade de reproduzir num artigo o discurso meritório de todos os
envolvidos (promotores e galardoados) recorro a algumas frases da brochura que
me foi entregue bem como de outras que tomei nota.
“O melhor que me aconteceu foi
ser franciscano. A Terra e todo o Universo é uma casa comum que temos obrigação
de preservar”. Vítor Melícias -“Intervenção Social”.
“Foi um pedaço de barro destinado
às figuras do presépio que me inspirou e fiquei escultor”. João Cutileiro
-“Arte e Espetáculo”.
“O que fazemos na vida é em
última análise a implementação do conceito que temos de nós próprios”. Helena
Rebelo Pinto –“Ciência e Investigação”.
“Sendo-nos concedida a graça da
longevidade e da saúde, não temos senão que corresponder a esse dom, fazendo-o
frutificar a favor dos irmãos”. Alberto dos Santos Ramalheira – “Política e
Cidadania”.
“O médico tem de se pautar por
normas éticas, técnicas e científicas exigentes no desenvolver da mais bela,
mas a mais difícil de todas as profissões”. Carlos Soares Ribeiro – “Ética e
Saúde”.
“Aos vinte anos, achava que sabia
tudo. Aos cinquenta, achava que sabia alguma coisa. Aos oitenta reconhecia,
finalmente, que pouco ou nada sabia”. José Manuel Carvalho Antelo – “Família e
Comunidade”.
A vida traz e leva pessoas que
dão sentido ao nosso futuro. Valores que norteiam a vida. Antena de curiosidade
orientada para aquilo que se torna necessário aprofundar. A carreira é uma
constatação da vida.
-Quando morre um idoso, arde uma
biblioteca.
- A longevidade tem sido muito
maltratada, colocando até desafios no campo financeiro. Constitui, no entanto, um
benefício, uma alteração do paradigma da visão sobre a vida: a alegria da
longevidade.
Recordo que a OMS-Organização
Mundial da Saúde, referindo-se à longevidade, realça a necessidade de assegurar
que os anos extra agora adquiridos e vividos, sejam saudáveis, significativos e
com dignidade.
Antes da entrega do Prémio Envelhecimento
Ativo, Maria João Quintela da APP, deu ênfase a que a pequena peça que o
materializa representa o nascer do Sol, da esperança, o respeito pela pessoa
humana, a necessidade de projetos de vida, a criatividade e curiosidade
próprias do ser humano e o apelo à atividade e alegria participativas durante
toda a vida, simbolizados pelo facto de, para se conhecer tudo o que está
escrito na peça artística, ser necessário fazer movimentos, rodando e
procurando descobrir o seu conteúdo.
Felizmente, já existem hoje em dia
inúmeras iniciativas que pretendem mudar o olhar sobre os idosos dando um valor
justo aos seus conhecimentos e experiência adquirida ao longo da vida e que
continuam a manter alguma atividade. Como refere Maria Raquel Ribeiro que dá o
nome ao Prémio do Envelhecimento Ativo, reconhecida pelo meritório trabalho que
desenvolveu ao longo dos anos em diferentes cargos que exerceu e ainda exerce:
“Desejo que o Hoje da minha vida seja poder estar ao serviço do que é desejável
manter, as energias ou sinergias mais úteis à família de sangue e alargada, à
sociedade, a organizações e entidades com que me fui relacionando e de que
tanto aproveitei”.
Termino recordando uma frase de
um provérbio português que fundamenta um projeto denominado “Memória de Uma
Cidade” promovido pela Via Vitae, que tem como objetivo valorizar os mais
velhos; Promover uma atividade intergeracional que seja o motor de um novo
olhar sobre a identidade e o valor dos idosos; Sensibilizar os jovens para a
problemática demográfica, social e de vivência dos mais velhos, a qual refere:
“Se o velho pudesse e o novo quisesse, não havia nada que não se fizesse”.
Maria Helena Paes |
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