O conteúdo religioso do yoga, situado dentro do Hinduísmo, não é compatível com a doutrina que o Cristianismo professa, pois a sua base é o panteísmo. Porém, seguindo as indicações do Concílio Vaticano II e do magistério do Papa Emérito Bento XVI, “podemos reconhecer, guardar e promover valores socioculturais antiquíssimos contidos no yoga, que nos podem ajudar a desenvolver melhor a espiritualidade cristã. As religiões não criam estes valores, mas afirmam a sua existência; e, ao fazê-lo, oferecem uma contribuição decisiva à causa da paz e do bom entendimento entre pessoas e povos”.
O yoga faz parte da tradição religiosa do Hinduísmo, uma crença milenar da Índia e incorpora os seus grandes princípios: dharma, karma e samsara. Em si, o yoga é uma disciplina física e psicológica que permite que a pessoa se encontre consigo mesma. Os asanas ou posturas do ioga, talvez o aspecto mais conhecido entre nós, permitem que a pessoa encontre um equilíbrio interior.
No Hinduísmo, o dharma constitui a realidade essencial do cosmos, da sociedade e do ser humano. É a ordem que reina entre os deuses, atribuindo a cada um sua própria função e intervenção. Na natureza, o dharma é o ciclo dos astros e das estações, que regula a chegada das colheitas e o brotar das plantas. É a ordem que regula a hierarquia das castas. E a ordem moral pela qual cada pessoa age segundo o seu dever, ou seja, respeitando as leis dos deuses, da natureza e da sociedade.
O karma, palavra indostani-sânscrita, significa “obra ou acção”. Mais concretamente, é a força “invisível” que emana de todos os actos humanos. Esta energia é a que cria a alma, prisioneira de um corpo, e a obriga a reencarnar. O karma é como o balanço dos nossos actos, das nossas boas e más ações e influencia profundamente a mentalidade hinduísta, pois é o fundamento da explicação do destino humano. A moksa ou libertação é alcançada quando a virtude, o conhecimento e o amor de deus eliminam o peso do karma, que exige que o eu volte a nascer.
O samsara ou “fluxo da existência” é uma palavra sânscrita que indica o ciclo composto de nascimento, morte e renascimento, e envolve tanto as pessoas como o universo inteiro.
O Hatha-Yoga é uma disciplina física e psicológica que combina aprendizagem e a prática do asana, pranayama e da meditação. O asana é uma palavra sânscrita que significa “permanecer numa determinada posição”. O termo refere-se a todas as posturas e exercícios do ioga que estimulam a flexibilidade e fortalecem o esqueleto, os sistemas muscular, glândular e nervoso. O pranayama faz referência à prática respiratória, na qual prana se refere ao ar ou energia vital, e yama é o controle dessa energia. Finalmente, existe a meditação que se vai fazendo progressivamente, até chegar à união da consciência individual com o absoluto.
O caminho do saber ou do conhecimento, o Raja-Yoga, é o mais antigo dos caminhos e o que goza de maior prestígio entre todos os caminhos de libertação na Índia. Os asanas ou posturas do ioga – talvez o seu aspecto mais conhecido – permitem que a pessoa encontre um equilíbrio interior. Cada asana tem um triplo efeito: físico, emocional e psíquico. O fim da meditação é alcançar este estado de paz profunda, no qual se experimenta uma alegria sem motivo, como a natureza essencial do ser humano.
O fundo espiritual do yoga é o panteísmo e, como tal, não é compatível com o cristianismo. Porém, como disciplina psicológica e física, e sempre que for separado do seu conteúdo religioso (???), pode ajudar com alguns benefícios físicos.
Maria d´Oliveira
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