Foto: Lusa |
«Para falar de esperança a quem está desesperado, é preciso partilhar o seu desespero», disse
Cidade do Vaticano, 04 jan 2017 (Ecclesia) - O Papa Francisco pediu
hoje no Vaticano que se aborde com “delicadeza” o sofrimento alheio e
recordou em particular as mães que choram “perdas irreparáveis” como a
morte dos filhos.
“Para falar de esperança a quem está desesperado, é preciso partilhar o
seu desespero; para enxugar uma lágrima do rosto de quem sofre, é
preciso unir-se ao seu pranto”, disse, na primeira audiência pública
semanal, que decorreu na sala Paulo VI.
Segundo o Papa, só assim é possível que as palavras possam oferecer “um pouco de esperança” a quem sofre.
A intervenção partiu da figura bíblica de Raquel, do livro do Génesis,
apresentada simbolicamente como a mãe que chora a perda dos seus filhos,
no exílio do povo de Israel, e recusa qualquer consolação.
“Diante da tragédia da perda dos filhos, uma mãe não pode aceitar
palavras ou gestos de consolação, que são sempre desadequados, nunca
capazes de atenuar a dor”, precisou.
O Papa falou de uma “dor proporcional ao amor”, visível nas mães que
choram, que “não se resignam perante a perda de um filho, inconsoláveis
diante de uma morte impossível de aceitar”.
“Se não se podem dizer as palavras através do choro, da dor, é melhor o
silêncio. A carícia, o gesto, nada de palavras”, recomendou.
A intervenção referiu que muitas vezes as “lágrimas semeiam esperança”
na vida das pessoas, e voltou a sublinhar a falta de respostas perante
questões como a do sofrimento das crianças.
“Apenas vendo o amor de Deus, que dá o seu Filho, o qual oferece a sua
vida por nós, se podem indicar alguns caminhos de consolação”, concluiu.
OC
in
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