Páginas

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

São Francisco Xavier - 3 de dezembro

Este grande jesuíta é o paradigma de todo missionário. Ele deu seu último suspiro a poucos quilómetros da China: o país que sonhava evangelizar

Madrid, 03 de Dezembro de 2015 (ZENIT.org) Dra. Isabel Orellana Vilches

Na madrugada de 3 de dezembro de 1552 os olhos deste apóstolo inflamado se apagaram em uma humilde cabana de palha, na ilhota inóspita de Shangchuan, localizada a 14 km da costa da China, país que ansiava evangelizar. Com sua vida constantemente libada para Cristo em uma grande parte da Ásia, deixou escrito uma das páginas singularmente fecunda da história missionária da Igreja. Pouco podemos acrescentar neste artigo de ZENIT que já não tenha sido exposto.

Rios de tinta foram derramados em todos os cantos do mundo iluminando um dos caminhos apostólicos mais emocionantes que já existiu. Durante os séculos se acentuou o tamanho deste gigante jesuíta que sonhou, respirou, se alimentou e se consumiu levado exclusivamente por essa paixão por Cristo, que batia em seu imenso coração. Ele é o modelo e referência do apóstolo que pretende levar a fé a qualquer país. Só é possível evangelizar, amado a missão e o lugar para o qual se é enviado, assim como fez este o santo. Seus escritos e cartas são comoventes; exalam amor e paixão em abundância.

Ele nasceu no castelo de Javier, Navarra, Espanha, em 7 de abril de 1506. Era o caçula de cinco irmãos que vieram ao mundo em uma família nobre que prestava serviços ao rei. Seu pai, Juan de Jasso, era um ilustre jurista que ocupou cargos importantes no reino. Da família de sua mãe, Maria Azpilicueta, vieram vários reis. Ao contrário de seus dois irmãos, Francisco Javier não seguiu a carreira das armas, mas a eclesiástica. Sua juventude foi passada em meio a um conflito armado que afetou diretamente sua família.

Depois de estudar na Espanha, em 1525 ele foi para Paris, para a Universidade de Sorbonne. Lá, um camponês robusto, com uma profundidade espiritual que o santo nunca tinha visto antes, notou sua presença. Era o nobre Iñigo de Loyola (Inácio de Loyola), que percebeu que o jovem não era fácil, e esperava por ele frequentemente: "De que serve ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma". Francisco Javier frequentava lugares movimentados, e sem cair na vileza, perdia tempo com entretenimentos banais. Por fim, ele compreendeu e foi realizar junto com Iñigo os exercícios espirituais. Logo entrou para a Ordem dos Jesuítas, que estava nascendo, professou os votos em 15 de agosto de 1534, em Montmartre. Era o início de seu passaporte para a eternidade.

Ele viajou para a Itália com Iñigo para ver o Papa Paulo III, que os abençoou para que realizassem uma viagem à Terra Santa, mas a guerra os impediu. Francisco Javier foi ordenado sacerdote em Veneza em 1537 e evangelizou os arredores. De volta a Roma, foi nomeado pelo Papa para ser missionário no Oriente, embarcou para Lisboa em 1540. Foi a resposta do Papa ao pedido feito pelo Governo Português solicitando o envio de missionários para as colónias sob sua proteção. Em 1541, quando cumpriu 35 anos, o santo embarcou para Goa. Foi uma viagem cravejada de dificuldades e surpresas. Ele conviveu com pessoas socialmente problemáticas, enfrentou doenças físicas e todos os tipos de infortúnios que se possa imaginar. Neste cenário complexo, ele evangelizou a todos.

Quatro grandes viagens marcaram a vida deste apóstolo incansável, embora houvesse outros, até mesmo da mesma ordem, que mostraram o seu zelo missionário. Após o desembarque em Moçambique, ele foi para a Índia, para as Molucas, Japão e de volta para a Índia. Ele lutou vigorosamente contra a imoralidade dos governantes e as tropas, aprendeu as línguas destes lugares e traduziu textos evangélicos que repetia em todos os cantos. Ele abria caminho rapidamente tocando um sino: "Cristãos, amigos de Jesus Cristo, por amor a Deus, enviem seus filhos e escravos para serem doutrinados". Ele era um catequista excepcional; deixava as crianças encantadas quando encenava o evangelho e envolvia seu trabalho com canções e orações. Seu ardor apostólico inflamava o seu coração: "Se eu não encontrar um barco, irei nadando", dizia ele. Defendeu os direitos dos escravos e oprimidos, viveu exposto a inúmeros perigos, mas nunca desanimou. Converteu e batizou milhares de pessoas até à exaustão, sem baixar a guarda em qualquer momento. Entre os convertidos estão tribos como paravas, os makuas e até mesmo os samurais. Ele consolou os doentes e viveu como os mais pobres.

Ele sofreu a tragédia do assassinato de 600 cristãos, um momento delicado que o fez exclamar: “Eu estou tão enfadado de viver, que julgo ser melhor morrer por favorecer a nossa fé”. Em seu coração estava presenta a China, então, deixou o país em abril de 1552. A viagem foi repleta de contratempos; foi abandonado até pelos seus, com exceção do jovem intérprete chinês e amigo Antonio. Enquanto esperava para ser levado clandestinamente para a ilha Shangchuan, ele escreveu algumas cartas. A última foi em 13 de novembro 1552 a dois jesuítas: "Tende por certo e não duvideis que de modo algum quer o demónio que os da Companhia do nome de Jesus entrem na China [...]”.

E assim, dezenove dias depois, gravemente doente, ele morreu na solidão. Segundo a tradição, no castelo de Javier, o Cristo 'sorriso', diante do qual a sua família rezava sempre, chorou a sua morte. Seu corpo incorrupto é venerado em Goa. Ele foi agraciado com experiências místicas, dom de línguas e milagres. Gregório XV o canonizou em 12 de março de 1622. Bento XIV o proclamou patrono do Oriente em 1748. Em 1904 ele foi nomeado por Pio X patrono da Propagação da Fé e patrono universal das missões.

(03 de Dezembro de 2015) © Innovative Media Inc.
in


Sem comentários:

Enviar um comentário