Páginas

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Beato Carlos Steeb - 15 de dezembro

De origem luterana, ao converter-se foi repudiado por sua família. Cofundador do Instituto das Irmãs de Misericórdia


Ele nasceu em Tübingen, Alemanha, em 18 dezembro de 1773 em uma casa de prósperos comerciantes de lã. Sua família era luterana de grande influência e reconhecimento social porque seu pai era encarregado da administração dos bens do duque de Württemberg. Além disso, seu avô paterno tinha ocupado cargos importantes na cidade. Sua infância foi marcada pelas sucessivas mortes de seus irmãos, seis deles não sobreviveram aos primeiros anos de vida, restando apenas uma irmã. Seu pai ficou profundamente afetado por essas perdas. Mas para Carlos, o infortúnio da família lhe ensinou o valor da paciência e da generosidade; fizeram dele uma pessoa de perdão e compreensão. Sua mãe, uma mulher forte, influenciou sua formação.

Ele recebeu uma boa educação humanista em sua cidade natal e aos 16 anos foi enviado para estudar em Paris, mas a situação política que culminou na Revolução o obrigou a deixar o país em 1791 e voltou para casa. No ano seguinte, ele se mudou para Verona com a mesma ideia que guiou a sua viagem anterior: consolidar a aprendizagem de línguas e entrar no mundo dos negócios têxteis, aproveitando as excelentes relações de seu pai. Sua mãe, Luterana, temia a influência que os católicos poderiam ter sobre ele. E ela estava certa. A Providência guiou os passos de Carlos, porque foi ali onde seu contato habitual nos fóruns onde havia uma forte presença eclesial o atraiu ao catolicismo.

Até então, ele tinha sido um fiel Luterano como toda a sua família, mas se encontrou com muitos questionamentos sobre a fé católica e a protestante. Ele leu, ponderou, e depois de confiar a Maria e aceitar a ruptura dolorosa imposta por sua família, que rejeitou a sua decisão e fechou as portas da casa completamente, em setembro de 1792, ele se converteu. Foi deixado sem recursos financeiros, desamparado em um país distante do seu. Mas sua convicção espiritual era mais forte e não faltou a ajuda de amigos religiosos que apreciavam suas virtudes.

Ele ingressou no Oratório de São Felipe Neri e foi ordenado sacerdote em 8 de setembro de 1796. Verona foi invadida e saqueada pelas tropas de Napoleão. Carlos, aos 24 anos, influenciado pelo testemunho do Padre Pietro Leonardi, autor de "Fraternidade evangélica de sacerdotes e leigos hospitaleiros" se envolveu em ações de caridade para ajudar e confortar os doentes, feridos de guerra, mutilados e moribundos, independentemente de suas ideologias. Além disso, ele cuidou dos "sem-teto", abandonados e desempregados.


Sua habilidade linguística lhe permitiu ser um tradutor de emoções e necessidades. Homens, mulheres, idosos, crianças, órfãos, todos sentiam o calor do seu carinho e a generosidade que brotava dele. Seu contato próximo com os doentes o levou a contrair tifo e pensando em seu fim, redigiu seu testamento. Ele estava pronto para morrer. Mas o padre Bertolini, seu diretor espiritual, previu: "Não chegou a sua hora, o Senhor espera algo grande de você."

Foi professor de Teologia no Seminário de Verona e também em escolas na Alemanha e na França, mas sua vocação para aliviar as carências humanas, que causa tanto sofrimento, alimentavam seus apelos à Santíssima Trindade. Por volta de 1835 ele compartilhava o sonho que tinha de criar uma fundação para ajudar aqueles que sofriam com uma veronesa que dirigia espiritualmente:  a beata Vincenza Luigia Poloni. "Minha filha, o Senhor quer você como fundadora de um Instituto de Irmãs da Misericórdia, nenhuma dificuldade a assuste ou a detenha, para Deus nada é impossível", disse ele. Como aconteceu com Carlos, ela havia perdido nove dos doze irmãos que nasceram em casa, uma família de farmacêuticos. Quando conheceu o beato em 1821 já pensava em ser religiosa. Então, encorajada por ele e mostrando total disponibilidade, se uniu a algumas mulheres dispostas a dar a vida aos que sofriam, àqueles que refletiam o rosto de Jesus Cristo, e em 1840 fundaram o Instituto.

Com a morte de sua irmã, o Padre Steeb herdou os bens familiares e ajudou a fundação financeiramente, mas teve que enfrentar muitos contratempos e críticas. Em seguida, fisicamente exausto, ficou doente. Seguia enchendo sua vida o desvelo pelos mais necessitados, a tal ponto que foi chamado de "Mamãe" dos enfermos por causa de seu trato com eles, cheio de ternura. E, de fato, por esta ação ele foi premiado pelo imperador da Áustria com a Cruz de ouro. Ele também foi chamado de "samaritano de Verona".

Foi um grande diretor espiritual e apóstolo exemplar. Não perdeu a oportunidade de incentivar os jovens em busca do ideal religioso. Na última fase da vida atendeu suas filhas, as formou e as acompanhou no caminho da caridade, servindo ao lado delas com o lema: "Servir o homem com humildade, simplicidade e caridade, por amor a Deus". Ele chegou a ver a expansão do Instituto, dentro e fora do país. Vincenza o precedeu no céu, falecendo inesperadamente aos 53 anos no dia 11 de novembro de 1855. Ele faleceu em 15 dezembro de 1856 com a idade de 83 anos, deixando a seguinte recomendação às suas filhas: "a união, a paz, a obediência, os enfermos... ". Foi beatificado pelo Papa Paulo VI em 6 de julho de 1975.


in


Sem comentários:

Enviar um comentário