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quarta-feira, 4 de março de 2015

Angelus: O caminho de Jesus leva-nos sempre à felicidade

Texto completo. Francisco condena a brutalidade dos que atacam a comunidade cristã na Síria e no Iraque e recorda a Venezuela


Roma, 01 de Março de 2015 (Zenit.org)


Apresentamos as palavras pronunciadas pelo Papa Francisco, da janela do Palácio Apostólico, diante de milhares de fiéis reunidos na Praça de São Pedro para rezar o Angelus. 

Irmãos e irmãs, bom dia.

Domingo passado a liturgia nos apresentou Jesus tentado por Satanás no deserto, mas vitorioso sobre a tentação. À luz desse Evangelho, tomamos novamente consciência de nossa condição de pecadores, mas também da vitória sobre o mal oferecida àqueles que seguem o caminho da conversão e, como Jesus, querem fazer a vontade do Pai. Neste segundo domingo da Quaresma, a Igreja nos indica a meta deste caminho de conversão, ou seja, a participação na glória de Cristo, que resplandece no rosto do Servo obediente, que morreu e ressuscitou por nós.

O Evangelho narra o evento da Transfiguração, o cume do ministério público de Jesus. Ele está a caminho de Jerusalém, onde se cumprem as profecias do "Servo de Deus" e se consumirá o seu sacrifício redentor. As multidões não compreendem isso: diante da perspectiva de um Messias que contrasta com suas expectativas terrenas, o abandonam. Eles achavam que o Messias seria um libertador do domínio romano, um libertador da pátria e esta perspectiva de Jesus não agrada, e eles o deixam. Também os Apóstolos não entendem as palavras com que Jesus anuncia o êxito da sua missão na paixão gloriosa paixão, não entendem! Jesus, então, toma a decisão de mostrar a Pedro, Tiago e João, uma antecipação de sua glória, que acontecerá após a ressurreição, para confirmá-los na fé e encorajá-los a segui-lo no caminho da prova, no caminho da Cruz. E assim, em um monte alto, imerso na oração, se transfigura diante deles: o seu rosto e toda a sua pessoa irradia uma luz fulgurosa. Os três discípulos se assustam, enquanto uma nuvem os encobre e soa do alto- como no Baptismo no Jordão - a voz do Pai: "Este é meu Filho muito amado; ouvi-o" (Mc 9,7). Jesus é o Filho que se fez Servo, enviado ao mundo para realizar através da Cruz o projecto de salvação, para salvar a todos nós. A sua plena adesão à vontade do Pai torna sua humanidade transparente à glória de Deus, que é Amor.

Jesus revela-se como o ícone perfeito do Pai, o esplendor da sua glória. É o cumprimento da revelação; por isso, ao lado dele transfigurado aparecem Moisés e Elias, representando a Lei e os Profetas, como se quisesse dizer que tudo termina e começa em Jesus, na sua paixão e na sua glória.

A mensagem para os discípulos e para nós é esta: "Escutai-o!". Escutem Jesus, Ele é o Salvador: sigam-no. Ouvir Cristo, de facto, consiste em assumir a lógica do seu mistério pascal, colocar-se em caminho com Ele para fazer da própria existência um dom de amor aos outros, em dócil obediência à vontade de Deus, com atitude de despojamento das coisas mundanas e de liberdade interior. Em outras palavras, estar preparado para "perder a própria vida" (cf. Mc 8,35), doando-a a fim que todos os homens sejam salvos: assim, nos encontraremos na felicidade eterna. O caminho de Jesus sempre nos leva à felicidade, não se esqueça! O caminho de Jesus sempre nos leva à felicidade. Haverá sempre uma cruz no meio, das provas mas no final sempre nos leva à felicidade. Jesus não nos engana, nos prometeu a felicidade e nos dará se seguirmos em seus caminhos.

Com Pedro, Tiago e João subamos também nós hoje ao Monte da Transfiguração e paremos para contemplar o rosto de Jesus, para colher a mensagem e traduzi-la em nossas vidas, para que nós também possamos ser transfigurados pelo amor. Na realidade, o amor é capaz de transfigurar tudo. O amor transfigura tudo! Vocês acreditam nisso? Sustente-nos neste caminho a Virgem Maria, que agora invocamos com a oração do Angelus.

(Depois do Angelus)

Queridos irmãos e irmãs,

Infelizmente, não para de chegar notícias dramáticas da Síria e do Iraque, relativas a violência, sequestros de pessoas e abusos que atingem cristãos e outros grupos. Queremos assegurar aos envolvidos nestas situações que não nos esquecemos deles, mas estamos próximos e rezamos insistentemente para que o quanto antes se coloque um fim à brutalidade intolerável da qual são vítimas. Junto com os membros da Cúria Romana ofereci nesta intenção a última Santa Missa dos Exercícios Espirituais, sexta-feira passada. Ao mesmo tempo peço a todos, segundo as suas possibilidades, que se empenhem para aliviar o sofrimento daqueles que são provados, muitas vezes, por causa da fé que professam. Rezemos por estes irmãos e irmãs que sofrem por causa da fé na Síria e no Iraque... Rezemos em silêncio...

Desejo recordar também a Venezuela, que está vivendo novamente momentos de grande tensão. Rezo pelas vítimas e, em particular, pelo menino morto há alguns dias em San Cristobal. Exorto todos a rejeitar a violência e a respeitar a dignidade de cada pessoa e a sacralidade da vida humana e encorajo-os a empreender um caminho comum pelo bem do país, para abrir espaços de encontro e de diálogo sincero e construtivo. Confio o querido país à materna intercessão de Nossa Senhora de Coromoto.

Dirijo uma cordial saudação a todos - famílias, grupos paroquiais, associações - peregrinos de Roma, da Itália e de outros países.

Saúdo os fiéis de San Francisco, Califórnia, e os jovens das paróquias da ilha de Formentera.

Grupos de Fontaneto d'Agogna e Montello; Corpo de Bombeiros de Tassullo; e os jovens de Zambana.

Saúdo cordialmente os seminaristas de Pavia, juntamente com seu reitor e director espiritual. Eles acabaram de terminar o retiro e hoje retornam à diocese. Pedimos por eles e por todos os seminaristas a graça de se tornarem bons sacerdotes.

Desejo a todos um bom domingo. Não se esqueça, por favor, rezem por mim. Bom almoço e adeus!

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