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sexta-feira, 15 de março de 2024

O silêncio nas redações

Ontem, em muitas redações, em muitos sítios de informação, o silêncio tomou conta das manchetes. A greve dos jornalistas quis ser um “grito de revolta de um setor que está a passar por enormíssimas dificuldades”, assim apresentava o presidente da Associação de Imprensa de Inspiração Cristã

Entre os cidadãos comuns, os jornalistas serão olhados como indivíduos e não como uma classe – não têm uma Ordem, como os advogados, os economistas ou os contabilistas; serão pessoas que recebem ordenados bastante significativos – a olhar para pivot’s, nomes que serão, de forma imediata, mais reconhecidos na sua profissão. E os outros? A comissão da carteira de jornalista contabiliza mais de 5300 títulos profissionais atribuídos – não contei os estagiários, equiparados, colaboradores, correspondentes e colaboradores nas comunidades portuguesas.

“Já temos vindo a alertar, através da Associação de Imprensa de Inspiração Cristã, para o cenário que está neste momento no auge, com dificuldades enormes ao nível social, da sobrevivência do setor, porque tem vindo a haver um desinvestimento, na parte da comunicação social, um desinvestimento geral, não só ao nível do Estado, mas também ao nível da própria sociedade, da própria economia, porque os tempos mudaram”, lamentou Paulo Ribeiro no programa Ecclesia.

Nesta manhã queria apenas dar destaque a isto, em nome daqueles que faço sempre por não esquecer, e concretizam a sua profissão ao mesmo tempo que procuram condições para a exercer.

“É que um jornalista está obrigado a um conjunto de regras, um conjunto de deveres e direitos que tem que observar no exercício da sua profissão. Portanto, o jornalista é o garante da informação credibilizada com rigor e certificada. Quem não o é e que se passa por jornalista não está obrigado a este conjunto de deveres éticos e profissionais e isso vem provocar uma enorme confusão na parte da sociedade, da parte do leitor, do ouvinte”, adverte.

Paulo Ribeiro alerta que em Portugal existem concelhos que “não têm um único órgão de comunicação social”:

“Aquele concelho, aquela população, não tem informação jornalística de proximidade que lhe permita que possa dizer efetivamente o que é que se está a passar na sua Câmara, na sua Junta de Freguesia, na sua coletividade, a não ser através ou da informação da Câmara Municipal, que é uma informação parcial”, assinala.

“O jornalismo não é para condicionar o pensamento das pessoas, o jornalismo é para fornecer ferramentas, para fornecer factos, para as pessoas depois ajuizarem se efetivamente é aquilo que concordam ou não concordam”.

Portugal atravessa um momento singular: com incógnitas sobre quem governará, durante quanto tempo e como, com novos atores a querem afirmar-se presente no tabuleiro democrático, onde a informação se baseia no ‘scroll’ e não vai além dos títulos, quando muito do primeiro parágrafo da notícia, e tantas vezes é fixada por um ‘soundbite’. Mas há pessoas que se esforçam diariamente, entre os mais de 5300, cujo nome vai permanecer desconhecido, e vão continuar a lutar pela verdade da informação, pela honestidade das relações que constroem e pelo reconhecimento de uma profissão inteira.

A minha solidariedade!

Tenha um bom dia!

Lígia Silveira

PS: A Doutrina Social da Igreja defende que “a greve é moralmente legítima, quando se apresenta como recurso inevitável, senão mesmo necessário, em vista dum benefício proporcionado”.

 


www.agencia.ecclesia.pt

      



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