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sexta-feira, 29 de março de 2024

Beja: Administrador apostólico salientou que a Igreja é o lugar da «contracultura onde os famintos são saciados»

«O último lugar da terra deve ser o grande objetivo das nossas vidas. Só aí, podemos encontrar a verdadeira paz» – D. João Marcos

Beja, 29 mar 2024 (Ecclesia) – O administrador apostólico da Diocese de Beja destacou que Jesus, “por amor”, lavou os pés aos seus discípulos, mostrou que “as palavras que tinha dito aos discípulos resumiam os seus comportamentos”, na homilia da Missa da Ceia do Senhor, na Sé diocesana.

“Lavar os pés a alguém é um gesto próprio de escravos, indigno de ser feito por alguém de qualidade superior a pessoas inferiores. Jesus era um homem, mas um homem que era Filho de Deus. A consciência desta sabedoria que o Pai Lhe tinha dado, não O envaideceu”, disse D. João Marcos, esta quinta-feira, na celebração que presidiu na Sé.

Na homilia enviada à Agência ECCLESIA, o administrador apostólico de Beja realçou que Jesus não tinha “para Si mesmo essa sabedoria”, mas para servir os irmãos, e com o gesto do lava-pés mostrou que “as palavras que tinha dito aos discípulos resumiam os seus comportamentos”.

“Jesus o fez livremente, por amor. E mandou que também nós o façamos como Ele o fez. Por amor. O último lugar da terra deve ser o grande objetivo das nossas vidas. Aí, só aí, podemos encontrar a verdadeira paz.”

Neste sentido, D. João Marcos destacou que são “felizes” os casais e as famílias “onde cada um se faz servo dos outros, por amor”, porque aí reina a caridade e vivem o “mandamento novo do amor” e a alegria e a paz de Jesus “habitam nos corações”.

“A Igreja existe precisamente para isso. Essa é a sua missão no mundo, porque assim nos amamos uns aos outros como Ele nos amou. A Igreja, Corpo de Cristo, é o lugar desta contracultura onde os famintos são saciados e onde os ricos ficam de mãos vazias”, assinalou.

“Não haja nas nossas Igrejas, Paróquias e Movimentos, caríssimos irmãos e irmãs, aquela soberba que nos divide e faz desprezar os irmãos e irmãs que são diferentes de nós, que pensam e agem de modos diferentes em matérias não obrigatórias.”

O administrador apostólico de Beja recordou que esta é a segunda Quinta-Feira Santa do Biénio Vocacional que estão a celebrar na Província Eclesiástica de Évora, juntamente com a Arquidiocese eborense e a Diocese do Algarve, afirmando que “é necessário” que se interroguem sobre como estamos a viver essa realidade, porque a questão das vocações de total consagração “é fulcral para que a Igreja cumpra a sua missão”.

“Os presbíteros e os diáconos, como animadores das comunidades cristãs, são absolutamente indispensáveis, como é sabido. E também sabemos que devemos pedir ao Senhor da seara, que lhe mande trabalhadores. Então, porque não Lhos pedimos com mais insistência? Com tão poucos sacerdotes, a Igreja da nossa diocese, em vez de investir na evangelização, preocupa-se mais com a sua sobrevivência, com conservar os poucos fiéis que ainda lhe dão atenção”, desenvolveu.

Neste contexto, D. João Marcos referiu que “um mosteiro de clausura onde se reza e onde se cultiva a vida espiritual, é indispensável para que a Igreja cumpra a sua missão”, lembrando que, em 2023, o Mosteiro do Sagrado Coração de Jesus na cidade de Beja “foi suprimido” e as duas religiosas estão noutro mosteiro da sua ordem religiosa, em Sevilha.

“Vamos fazer agora, como Jesus nos manda, o Lava-Pés. Enquanto cantamos, escutemos o próprio Senhor que nos pergunta: Compreendeis o que Eu vos fiz? Entendeis o que Eu vos faço?”, disse o administrador apostólico de Beja no final da homilia.

No dia 21 de março de 2024, o Papa nomeou D. Fernando Paiva, de 61 anos, como bispo da Diocese de Beja, sucedendo no cargo a D. João Marcos, que apresentou a sua renúncia; D. João Marcos, que completa 75 anos a 17 de agosto, foi nomeado administrador apostólico da Diocese de Beja até à tomada de posse canónica do novo bispo.

CB








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