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terça-feira, 26 de março de 2024

O pulsar do Sínodo em Portugal

Rede Sinodal em Portugal publica uma síntese dos contributos das dioceses sobre o caminho sinodal

No dia 6 de janeiro de 2024, Epifania do Senhor, foi lançado o site ‘Rede Sinodal em Portugal’ (www.redesinodal.pt) para manifestar esperança no caminho da Igreja. A plataforma, desenvolvida por uma equipa de forma voluntariosa, inspira-se no livro "Não temos medo - Reflexões sobre a Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023 e o caminho sinodal", e abriu um espaço no ambiente digital que centraliza a informação sinodal, propondo caminhos de encontro e diálogo. 

O site foi anunciado a todos os bispos e dioceses de Portugal, e respetivas comissões sinodais, a quem foram pedidos os contributos sobre o andamento dos respetivos processos de trabalho sinodal, sendo este o mote que esta síntese aqui quer trazer: o pulsar do Sínodo em Portugal.

A primeira diocese a enviar informações foi Vila Real através da sua Equipa Sinodal Diocesana, que deu conta da preparação de uma estratégia de encontros para “envolver toda a diocese na caminhada sinodal” e combater o “alheamento” sentido por “alguns setores da Igreja”. Informou ainda que foi elaborada “uma proposta e um calendário, bem como uma ficha de trabalho, para ajudar a uma melhor organização desta fase a nível diocesano”, divulgando datas a cumprir. Passados cerca de dois meses, a mesma diocese enviou também a síntese, enviada à Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), onde se destacam vários pontos de reflexão como a conversão à sinodalidade, o papel da mulher na Igreja, uma Igreja mais acolhedora e os jovens como protagonistas. 

“Ficou patente a urgência de conversão à sinodalidade, embora se note ainda uma certa desconfiança no processo, até do próprio clero. Para ultrapassar este limite, aconselha-se a partilha alargada, reflexão e aprofundamento do Relatório de Síntese do Sínodo dos Bispos, através de encontros nas paróquias, arciprestados, movimentos e secretariados”, escreveu a Equipa Sinodal da diocese de Vila Real.

Entretanto, a Rede Sinodal ficou a saber que no Patriarcado de Lisboa a respetiva Comissão Sinodal desenvolveu uma “estratégia” que “passou por uma Assembleia Diocesana dos Coordenadores Locais (Delegados das comunidades cristãs), no passado dia 13 de janeiro de 2024”. Depois dessa assembleia os delegados teriam a missão de dinamizar as suas comunidades. De destacar que os jovens da diocese “fizeram também um trabalho sinodal (Forum Geração Rise Up) na sequência da Jornada Mundial da Juventude”.

Por sua vez, a diocese de Aveiro partilhou a “preocupação maior de não deixar morrer o dinamismo sinodal” e informou que a síntese diocesana é “ponto de partida nos trabalhos de planificação pastoral” e na “tomada de decisões nas várias instâncias eclesiais”.

No documento enviado destaca-se a “atitude de permanente conversão pastoral”, apontando à “revitalização pastoral das comunidades, mais abertas à missão, mais atentas às periferias”, e à “urgência em definir prioridades na busca de caminhos que interpelem a consciência dos crentes”.

A Comissão Sinodal da diocese do Porto decidiu abrir a reflexão sobre o Relatório de Síntese do Sínodo ao Conselho Diocesano Pastoral e ao Conselho Presbiteral Diocesano. Momentos de reflexão que decorreram durante o mês de fevereiro de 2024, informou. A Comissão Sinodal do Porto sublinhou a importância da consulta diocesana realizada na primeira fase do Sínodo e a respetiva síntese que deu expressão à participação de 194 paróquias e de mais de 30 contributos de comunidades de vida consagrada, de movimentos e de outros grupos.

A diocese de Lamego quer encarar este “sínodo como um processo sem fim” e a sua Comissão Sinodal informou que neste tempo de reflexão “em cada semana foi publicado uma espécie de resumo de uma das partes do relatório síntese”. A intenção foi que “um maior número de pessoas possível tome conhecimento dos conteúdos do Relatório de Síntese, para se poderem pronunciar com mais assertividade”, explicou a Comissão. 

A diocese de Angra lançou no seu portal, www.igrejaacores.pt, uma “auscultação a todo o Povo de Deus sobre a Igreja que somos e a Igreja que queremos ser, no sentido de caminharmos juntos”. Sob o banner com o logotipo do biénio e do Itinerário Pastoral surge a palavra “participe” que encaminha para um formulário, onde se “convida todos os visitantes a participar no nosso Itinerário que se cruza, naturalmente, com o Itinerário de preparação da Assembleia do Sínodo”, como divulgado à Rede Sinodal.

A diocese da Guarda envolveu-se na preparação da síntese a enviar à CEP, através dos seus Conselhos Presbiteral e Pastoral, apontando a “responsabilidade dos leigos, incluindo o abrir caminho para também poderem liderar comunidades, o lugar das mulheres na vida da Igreja, elas que, visivelmente, são o maior número dos participantes, a necessidade de cuidar melhor a formação do clero, pois, hoje em dia, essa também é obrigação de qualquer profissional”. Em comunicado, o Secretariado Permanente do Conselho presbiteral referiu que “quanto ao papel do Bispo na Igreja Particular ou Diocese, impõe-se criar condições para o exercício de uma maior corresponsabilidade nas lideranças e para maior controlo das dioceses”.

Na diocese de Portalegre-Castelo Branco a reflexão sinodal envolveu grupos e comunidades, baseando-se, sobretudo, “nos números 8 a 12, 16 e 18 do Relatório Síntese da Primeira Sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos”. Numa diocese “envelhecida e desertificada” nem sempre é fácil “abordar estes temas e ter gente para refletir sobre o sínodo”, como partilhou a Comissão Sinodal diocesana com a Rede Sinodal.

Entretanto, a Equipa Sinodal diocesana de Setúbal “elaborou um guião orientador enviado ao Clero e aos Coordenadores Locais para apoiar os grupos de trabalho”. Numa mensagem enviada às comunidades, o cardeal Américo Aguiar, bispo de Setúbal, pediu “especial empenho nesta nova fase do processo sinodal”, que iria culminar no dia 17 de março num encontro de coordenadores locais.

A diocese de Bragança-Miranda promoveu uma formação para todos os agentes pastorais sobre a sinodalidade, “Como ser Igreja sinodal em missão?”, onde o bispo diocesano, D. Nuno Almeida, admitiu a necessidade de “uma cultura e uma espiritualidade sinodais”.

As restantes dioceses, Algarve, Beja, Braga, Coimbra, Évora, Forças Armadas e Segurança, Funchal, Leiria-Fátima, Santarém, Viana do Castelo e Viseu, foram contactadas pela Rede Sinodal, mas não divulgaram informação.

Na dinâmica a que se propôs, a Rede Sinodal está a promover encontros presenciais de diálogo sinodal, que foram já concretizados com encontros nas dioceses de Aveiro, Coimbra e Porto. Em breve vão acontecer nas dioceses de Lisboa, Guarda e Braga.

Num movimento de espírito voluntário, assente na esperança do caminho conjunto, a Rede Sinodal em Portugal afirma-se como espaço aberto, de acolhimento e divulgação, onde o pulsar do sínodo em Portugal leva à reflexão de tantos temas que nos envolvem, questionam e alegram nesta partilha do Evangelho.



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