1 – O Senhor dispersou-os por toda
a superfície da terra, e eles
deixaram de construir a cidade. Por isso lhe chamam Babel, porque lá o Senhor
confundiu a linguagem de todo o mundo, e de lá dispersou os habitantes por toda
a superfície da terra (Gn 11,8-9). Assim, com esta dispersão provocada pela
confusão das línguas, termina a primeira leitura da Vigília do Pentecostes, no
próximo sábado.
Quando chegou o dia do Pentecostes,
os Apóstolos estavam todos reunidos no mesmo lugar (At 2,1). Assim começa a primeira leitura da
missa do próximo domingo, a qual continua descrevendo a vinda do Espírito Santo
em línguas de fogo que se iam dividindo e poisando uma sobre cada um deles. Os
apóstolos estavam todos reunidos no mesmo lugar onde e quando o Espírito Santo
desceu sobre eles. E será precisamente o Espírito que os dispersará pelo mundo
para anunciarem o Evangelho. Para isso, todos
ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas, conforme o
Espírito lhes concedia que se exprimissem (At 2,4). Ao contrário da Torre
de Babel onde o Senhor dispersou os povos dando-lhes novas linguagens que
impediam a sua compreensão, ali o Espírito Santo concedeu àquela multidão de
muitas raças e povos a graça de entenderem perfeitamente, em suas línguas diversas,
as palavras dos apóstolos que lhes anunciavam as maravilhas de Deus.
2 – Mas Quem é o Espírito Santo? No Pentecostes, Jesus e o Pai
enviaram sobre os discípulos o Espírito Santo. Não se tratou apenas de uma
energia que os qualificasse para desempenharem uma tarefa concreta, como
acontecia no Antigo Testamento, mas de uma Pessoa Divina pela qual o Pai e o
Filho vêm morar no coração daqueles que O recebem. Sim, o Espírito Santo é
Deus, é a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, é o amor do Pai e do Filho em
Pessoa, é a alma da Igreja.
Na Solenidade do Pentecostes a Igreja,
animada por Ele, apareceu anunciando ao mundo o Mistério de Cristo. De facto, no
Pentecostes cumpre-se o mistério da Páscoa! Glorificado à direita do Pai, Cristo
realiza a Sua promessa de enviar o Espírito Santo aos discípulos, à Igreja nascente.
E, naquela manhã, Ele encheu os corações dos Apóstolos, tirou-lhes o medo e
suscitou neles a Palavra, o Primeiro Anúncio que, escutado, faz nascer a fé e a
vida cristã. Com o Pentecostes surge no mundo uma vida nova, aparece uma nova
Criação, manifesta-se a Igreja nascida do lado de Cristo, novo Adão adormecido
na Cruz!
3 - A leitura do Evangelho de S. João apresenta-nos Jesus, no dia da
sua Ressurreição, soprando sobre os discípulos e dizendo-lhes: como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a
vós. Recebei o Espírito Santo! Àqueles a quem perdoardes os pecados, ficarão
perdoados; e àqueles a quem os retiverdes, ficarão retidos (Jo 20,21-23). O
sopro de Jesus sobre a Igreja nascente lembra-nos o sopro criador de Deus nas
narinas de Adão, dando-lhe a respiração e a vida. Assim os apóstolos ficaram possuídos
pela Vida Nova do Espírito Santo que os fez passar do medo à alegria e da
timidez acerca do que as pessoas poderiam pensar deles à coragem para
anunciarem com firmeza o Evangelho de Cristo.
O Evangelho que os discípulos de
Jesus, movidos pelo Espírito Santo, são por Ele enviados a anunciar ao mundo
inteiro, é o perdão dos pecados. Jesus Ressuscitado não só perdoou os pecados
aos seus discípulos, mas deu-lhes o poder de perdoar. Deu-lhes não apenas o
poder de anunciar o perdão, mas também o poder divino de o conceder a todos e a
cada um que se arrepende verdadeiramente dos seus pecados e recebe o Batismo em
Seu nome. Isto implica o reconhecimento de Cristo como o único Salvador que
carregou na cruz com o pecado do mundo e morreu dando a sua vida por amor de
todos e por cada um, como S. Paulo afirma:
Cristo amou-me e entregou-Se a Si mesmo por mim (Gl 2,20). Isto supõe
também que Jesus Se identifica com os seus discípulos ao confiar-lhes a sua
mesma missão profética, sacerdotal e pastoral, não faltando Ele com a Sua parte,
tal como o evangelista S. Marcos sublinha, na conclusão do seu evangelho: O Senhor Jesus, depois de ter falado com
eles, foi elevado ao Céu e sentou-Se à direita de Deus. E eles partiram a
pregar por toda a parte, e o Senhor cooperava com eles, confirmando a sua
palavra com os milagres que a acompanhavam (Mc 16,20). Passaram já tantos
séculos e ainda hoje, no século XXI, é na evangelização que podemos
encontrar-nos com Cristo Ressuscitado, fonte da Vida.
4 – Ninguém pode dizer “Jesus é o
Senhor”, a não ser
pela ação do Espírito Santo (1Cor 12,3b), como nos diz S. Paulo na
segunda leitura da missa do próximo domingo. Dizer Jesus é o Senhor é anunciar o Evangelho. Mas é também celebrar a
exaltação de Cristo e lançar o fio de prumo às nossas obras. Sem o Espírito
Santo não há Igreja nem vida Cristã. De facto, a diversidade de dons
espirituais brota do mesmo e único Espírito e tem em vista o bem comum deste
único Corpo que é a Igreja. Podemos assim reconhecer como profundamente
verdadeira esta afirmação: a prática da vida cristã tem como único objetivo a
aquisição do Espírito Santo, para podermos viver a vida nova do Espírito, a
vida do Filho de Deus. Pois sem o Espírito permanecemos escravos da carne, com
as suas paixões e apetites, procurando em vão satisfazer-nos sem a esperança da
Vida Eterna, para a qual fomos criados. Mas com o Espírito podemos começar já a
viver as Bem-aventuranças e a experimentar a alegria de sermos participantes da
vitória de Cristo sobre a morte.
5 – Que falta nos faz o Espírito em nossas vidas pessoais e na vida das
nossas paróquias e comunidades para nos podermos amar uns aos outros e para
sermos os discípulos missionários que dão testemunho firme do Evangelho!
Recebamos, irmãos, o Espírito de
Jesus! Deixemo-l’O permanecer em nós, e nós permaneçamos e vivamos n’Ele! E
começaremos a saborear, já aqui na terra, a vida divina!
+ J.
Marcos
Sejamos dóceis ao Espírito Santo e consagre-mo-nos a Ele.
ResponderEliminarSantas festas do Espírito Santo. P M.Martins