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domingo, 20 de maio de 2018

Casamento real: um sermão que mexeu com as pessoas


domingo, 20 de maio de 2018


Os casamentos reais são vistos, frequentemente, como pouco mais do que acontecimentos das elites, eventos mediáticos, mundanos na sua natureza. O príncipe Harry e Meghan Markle entenderam que não tinha de ser assim e, entre outras inovações, convidaram um pastor negro dos Estados Unidos para vir fazer o ‘sermão’ nacerimónia religiosa. Um sinal de que o pregador tinha algo de especial para dizer é que alguns dos grandes media mundiais transcrevem nas suas páginas o discurso na íntegra.

O Rev. Michael Bruce Curry – foi ele o pregador – dirige a Igreja Episcopaliana dos Estados Unidos, é descendente de escravos e filho de um outro pastor que esteve bastante envolvido no movimento pelos direitos dos negros. E tem posições bem definidas, mesmo relativamente à actualidade: está anunciada a sua participação, na próxima semana, numa manifestação frente à Casa Branca, para denunciar o slogan de campanha de Trump, “America primeiro”, como uma heresia.

No sermão, Curry inspirou-se na leitura de uma parte do capítulo 8 do Cântico dos Cânticos:

Grava-me como selo em teu coração,

como selo no teu braço,
porque forte como a morte é o amor,
implacável como o abismo é a paixão;
os seus ardores são chamas de fogo,
são labaredas divinas.Nem as águas caudalosas conseguirão
apagar o fogo do amor,
nem as torrentes o podem submergir.

O tema glosado foi o do poder redentor do amor. O amor que  tem poder para ajudar e curar, que tem poder para mudar o mundo. O amor que, ao realizar-se, exprime a presença do próprio Deus.

Inspirando-se em Teilhard de Chardin, quando considerou a invenção do fogo a maior ou uma das maiores invenções feitas pelas sociedades humanas, Curry convocou a proposta daquele paleontólogo e teólogo jesuíta: “Se a humanidade aproveitar a energia do fogo novamente, se a humanidade agarrar a energia do amor - será a segunda vez na história que descobriremos o fogo”. Foi, pois este apelo à reinvenção do fogo do amor que lançou na homilia; aquele fogo que ajudava os escravos da América a acreditar num mundo melhor, cantando, mesmo no meio das maiores adversidades. O maior de todos os gestos foi o de Jesus que, por amor, deu a vida pela humanidade, desencadeando um movimento revolucionário de transformação pelo amor.

Ver e ouvir o sermão aqui
Ler o texto na íntegra (em inglês) aqui.

[Editado para introduzir a citação relativa a Theilhard de Chardin]




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