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quarta-feira, 16 de maio de 2018

“Alegrai-vos e exultai”: uma obsessão pela alegria e a reabilitação dos rebeldes e radicais


quarta-feira, 16 de maio de 2018


(Foto: Jordan Whitfield, reproduzida daqui)

Uma obsessão ou fixação no tema da alegria. Ou a continuação da reabilitação dos rebeldes e radicais. A última exortação do Papa Francisco, Gaudete et Exsultate (Alegrai-vos e exultai), publicada no dia em que se completaram cinco anos sobre o início do seu pontificado, mereceu, nos últimos dias, duas leituras diferentes: António Pedro Monteiro, padre dehoniano e capelão hospitalar, diz que o documento confirma a fixação do Papa no tema da alegria, que não se dissocia da santidade: “Considerando acertado o cliché segundo o qual existe uma necessidade pessoal de afirmarmos aquilo que nos falta – e todos sabemos bem o que é ter um chefe, ou director, ou superior cuja arrogância da sua autoridade é proporcional à sua profunda insegurança –, poderíamos interpretar a fixação de Francisco como: ‘digam comigo: falta-nos alegria’. (...) Se a fixação de Francisco na alegria é mesmo porque ele sente a falta dela entre os habitantes do Reino de Deus de tradição romana, talvez nos falte integrar mais, integrar melhor, cuidar mais, cuidar melhor. Esse é o caminho dos santos: encontrar a alegria na integração e no cuidado. De facto, alegria e santidade ao modo de Jesus, não se dissociam. (o texto está disponível aqui na íntegra)

Já Robert Mickens escrevia, sexta-feira passada, no La Croix International (aqui, o original, em inglês, para assinantes; aqui, uma tradução portuguesa, com o texto na íntegra) que o Papa continua a procurar “levar a Igreja e seus membros de volta ao básico do Evangelho em relação àquilo que significa ser um seguidor de Cristo”. E acrescenta: “Deveria estar claro agora que aqueles que estão mais escandalizados e confusos com o Papa Francisco encontram-se nas fileiras do clero católico e entre os leigos com uma mentalidade clericalista.

Eles julgam o primeiro papa que veio do Novo Mundo e o único jesuíta a ser eleito bispo de Roma como não convencional e não institucional, para dizer o mínimo. E isso tem pouco a ver com o seu local de nascimento ou pertença à maior ordem religiosa masculina da Igreja. 

Francisco, assim como o santo de Assis cujo nome ele escolheu após a eleição ao papado, perturba seus críticos clericalistas porque ele é um discípulo radical de Jesus Cristo. De fato, ele talvez seja o papa mais radicalmente evangélico desde os primeiros séculos do cristianismo.”

Mickens destaca a seguir que uma das últimas figuras apontadas pelo Papa como referência foi a do padre italiano Zeno Saltini (1900-1981), que fundou uma comunidade intencional nos anos 1940 para cuidar de órfãos de guerra e das crianças abandonadas.

O padre Zeno criou uma comunidade, com o nome Nomadelfia (um neologismo para dizer lei da fraternidade), onde se procura viver tendo como horizonte as primeiras comunidades cristãs, sem propriedade privada, aqui descrita

Sobre essa comunidade, e a visita que o Papa lhe fez, na semana passada, Fernando Calado Rodrigues escreveu também, na sua última crónica no JN.




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