Foi há 50 anos “o maio de 68”, a revolta
estudantil e juvenil que nasceu duma crítica destrutiva contra a educação, os
valores, a cultura e o saber. Para muitos defensores deste movimento era “opressor
educar”, impor normas e regras. Consideravam a família uma realidade burguesa,
a religião um conceito retrógrado, praticado por menores em espirito, analfabetos,
débeis e fracos. Instituíu-se o desrespeito pelo passado, pela tradição, pelas
instituições.
Liberdade, muita liberdade, quanto mais soltos e
desinibidos fossem os comportamentos, os afectos e as relações, tanto melhor. Era proibido
proibir!
Consequência dum extenso
movimento contra a cultura dominante, nascido em 1967-68 nos EUA, que passou
rapidamente à Grã-Bretanha e França, esta ânsia de contestação defendendo os direitos
das minorias, feminismo, amor livre e consumo de drogas. Estas manifestações de
estudantes, como o Maio de 68 em Paris, foram o início de uma série de exigências
sociais, educativas e políticas, que ainda dão frutos amargos, ou como dizem
alguns autores, continuam a semear joio em pleno trigal.
A crise de cultura que em
consequência alastrou por alguns países, originou um vácuo muito grande em que
as novas gerações e não só, estão
solitariamente isolados, ocos, vazios de ideias e de ideais, conectados, mas
desprotegidos, desprevenidos ou alheios a todo um pulsar de violência física,
psíquica e moral que prolifera em redor.
Foi um tempo de ausência das referências positivas e
balizadoras que se foram deixando de praticar nos ambiente de ensino, nas
famílias, nos espectáculos, nos programas de televisão, nas revistas, ou em
algumas entidades posicionadas para a formação, mas que enveredaram por outros
caminhos pela força das circunstâncias perversas das ideologias dominantes, que
tão bem as souberam manobrar.
Quem não lê e não estuda não saberá pensar e será cada
vez mais manipulável. Todo o ser humano por si só é muito débil, necessita de
pais e educadores, bons orientadores, muita cultura, para que cresçam com
referências e não alienados, com objectivos e não perdidos ou sem sentido para
a sua vida.
A tecnologia é útil e necessária, mas só não chega, há
que adquirir conhecimentos teóricos, interioriza-los, pensá-los e transmiti-los
por palavras, quer dizer, crescer como ser pensante, amadurecer saber usar da
sua razão para pensar sem papaguear o que ouve ou lhe dizem para repetir.
Hoje o grande perigo não está só no terrorismo, no aliciamento a dependências e em companhias perversas, mas também na formação duma mente oca, sem referências, volúvel, manobrável e influenciável.
Esta sociedade fabricou seres humanos deserdados duma
cultura, débeis, fracos, manipuláveis e desagregados. Sozinhos no meio dum
mundo virtual, que os seduz e engana, não cresceram, não amadureceram,
privaram-nos dum passado balizador, por isso não estão reconhecidos a ninguém,
nem agradecidos, nem integrados ou comprometidos com as circunstâncias, a vida,
a sociedade, o futuro ou a felicidade.
Hoje o
desafio que deixo ao leitor é PENSAR neste imenso joio que, paulatinamente, foi
sendo semeado entre o trigo da nossa sociedade que cresceu mantendo-se uma
eterna adolescente.
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