Quem me lê sabe como me interesso pessoalmente pelas questões da família e por tudo o que gira à sua volta. No corre-corre dos nossos dias, por vezes, esquecemo-nos do que é essencial e realmente estruturante para a nossa felicidade como pessoas. Talvez pela minha história de vida tenha percebido, à minha maneira, de como a família é importante e, confesso que fico um pouco desconcertada quando oiço aquela máxima – ‘os amigos são a família que escolhemos’. Não quero desvalorizar a amizade – uma rede que nos suporta sempre e que, depois da família, nos ajuda a ser melhores, mas nenhuma delas substitui a outra.
Bom, mas uma coisa é a nossa percepção pessoal, ou a nossa intuição, outra é quando este facto é levado à investigação e se conclui cientificamente, aquilo que é da nossa natureza.
Há pouco tempo, tive o privilégio de estar na apresentação do Global Home Index – A better Life is possible! É um projecto de investigação que está a ser desenvolvido a nível mundial sobre a valorização e o impacto das tarefas de casa e da vida de família na sustentabilidade da sociedade. Esta investigação está a ser realizada em 94 países e a Professora Investigadora e Directora do Centro de Conciliação Família e Empresa em Buenos Aires, veio apresentar, em 1ª mão, as conclusões do estudo. De tudo o que ouvi registei algumas notas que me parecem bons pontos de partida para a reflexão e acção.
A realidade familiar actual é muito diferente da do século passado em que os homens eram quem sustentava a família e a maioria das mulheres ficava em casa a cuidar dos filhos e da gestão doméstica. Hoje em dia, a realidade alterou-se. Temos realidades múltiplas a que teremos que atender, afirmou Patrícia Debeljuh. Há uma minoria de famílias em que o pai trabalha e a mulher fica em casa; famílias dupla carreira em que ambos trabalham e ambos se ocupam da casa e da educação dos filhos; mães que levam as famílias sozinhas para a frente porque são mães solteiras ou separadas.
Este é o paradigma da sociedade actual. E é importante referir que a evolução é positiva porque a maior presença dos pais na vida doméstica é muito importante para a família e para o desenvolvimento equilibrado dos filhos. Outra ideia que foi apresentada é o impacto da participação de todos nas tarefas domésticas na sociedade e no mundo do trabalho.
Não podemos correr o risco de transformar a nossa casa num hotel – onde se está muito bem mas que não é nosso. Todos já passámos pela experiência de passar umas férias num hotel, rodeados de conforto e chegado o final da temporada sentir o desejo de voltar à nossa casa.
O cuidado da casa ajuda a desenvolver competências muito importantes para a vida futura. Principalmente a capacidade de conciliar tudo na nossa vida. Fala-se agora de integração trabalho e família porque as competências que se desenvolvem em casa são úteis para a vida profissional e vice-versa.
Foi muito interessante saber que a maioria das mulheres que se dedicam a 100% à casa, é porque fez essa opção, abdicando da sua carreira. A profissionalização do trabalho da casa é importante para valorizar a família porque é o único sítio em que cada um é amado pelo que é e não pelo que tem. No fim da vida normalmente lamentamos não ter estado mais tempo com a família e nunca não ter trabalhado mais. Pelo que, como imaginam foi super reconfortante ouvir falar assim da família.
Isabel Alexandre |
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