Era uma vez um humilde aldeão que, não gostando de estudar, se tornou no mais famoso pároco de aldeia…
Perdido de amores viveu durante quarenta e um anos, esquecido de si. Só teve olhos para Deus e, em íntima oração de vida, passou por Ars arrastando consigo miríades de almas para o Céu.
Em 1786 (três anos antes da Revolução Francesa), a 8 de Maio (mês de Maria), num lugarzinho perto de Lyon e no seio de uma família de camponeses, nasceu uma criança a quem chamaram Jean - Marie Baptiste Vianney.
Ali aprendeu a ler, mas a formação religiosa foi feita às escondidas, de forma clandestina, porque a “caça aos padres” era um dos desportos favoritos dos então tempos de terror que, da liberdade, igualdade e fraternidade tão apregoadas, excluíam tudo o que lhes falasse de Deus, esse “artista” que sempre escreve direito por linhas tortas…
Garoto esperto com espírito arguto de camponês, sente o apelo da vocação e recorre ao Padre Balley, um santo sacerdote do lugarejo vizinho que o prepara para entrar no seminário de Lyon.
Vida difícil, pois o jovem não gostava de estudar. A Filosofia, a Teologia e o Latim era um grande obstáculo à sua formação. Não obstante, com algumas contrariedades, recebeu o sacerdócio em 13 de Agosto de 1815.
Enviado para Ars, um dos últimos vilarejos da diocese, apenas com duzentas e trinta almas, o mais desleixadas possível, este jovem sacerdote, portador duma espiritualidade inigualável, não mais parou de amar perdidamente o seu Deus e a todos por Ele fazendo da sua vida uma constante oração.
Humilde e mortificado passava os dias entre o altar, o púlpito e o confessionário.
Os seus sermões eram simples e directos, as frases curtas e rápidas que proferia, eram flechas que convertiam todos os que o escutavam.
Do confessionário fez o seu poiso preferido, ali passava horas a fio e com o correr dos anos chegou a passar dezasseis e até dezoito horas diárias sentado “nessa caixa fechada” ouvindo o desenrolar interminável, atroz e monótono dos pecados humanos.
Com tanta gente a procurá-lo, às vezes, era preciso esperar três e quatro dias para poderem ser atendidos pelo cura de Ars. A sua fama de confessor atraía àquela humilde Igreja multidões de peregrinos de França e de outras partes.
Eram lavradores, intelectuais, católicos, ateus, leigos e religiosos, ao todo foram milhões que saíram consolados, convertidos e felizes.
Na madrugada de 4 de Agosto de 1859, serenamente e sem agonia nem medo da morte, os seus extraordinários e brilhantes olhos azuis fecharam-se para o mundo.
Foi canonizado por Pio XI a 31 de Maio de 1925 e, 4 anos mais tarde, o mesmo Papa declarou São João Maria Vianney o Padroeiro de todos os párocos do mundo.
A sua festa litúrgica é celebrada no dia 4 de agosto.
Maria Susana Mexia
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